010 - A kylie Jenner da fazenda

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       QUANTO MAIS O TEMPO PASSA, mais amedrontada eu fico

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QUANTO MAIS O TEMPO PASSA, mais amedrontada eu fico. O dia mais temido do ano está chegando, o dia em que eu vou fazer o meu vestibular. Estou nervosa, ansiosa, roendo as unhas e enlouquecendo aos poucos, como qualquer outro adolescente cujo estuda.

       Estou vivendo um dia de cada vez, e a cada dia, uma nova oportunidade de ferrar com tudo. Mas é aquela coisa, nunca é tarde de mais... para desistir.

       Quando foi que tudo se tornou tão exaustivo? Quando eu me tornei uma pessoa tão perfeccionista? Quando eu me permiti ficar sob esta pressão? Quando eu passei a ser tão medrosa e antissocial? Quando eu passei a sobreviver ao invés de viver?

       Procuro em minha mente lembranças da última vez em que me senti realmente bem, alguma memória de quando o "eu estou bem" não foi dito apenas da boca pra fora, de quando não foi dito apenas para não gerar mais perguntas sobre o assunto. Não há. Enquanto vago pelos meus pensamentos, a única coisa a qual consigo pensar é no quão cansada e sozinha eu me sinto a tanto tempo.

       Sinto falta da época em que era criança, sinto falta dos recreios com Mina, Arin, Yiren e Tzuyu. Era divertido ter um grupo de amigas, mas como um dia sempre acaba acontecendo, todos vão se afastando pouco a pouco, até não serem nada mais que saudosas lembranças. Somos só Mina e eu agora, mas a incerteza de por quanto tempo será assim me apavora. Ela vai acabar indo embora, todos os meus amigos foram, eu não sou uma boa amiga, ela merece mais, eu entendo.

       Sentada no chão, com as costas apoiada na cama, eu respiro fundo. Jogo a cabeça para trás, apoiando-a no colchão. Eu encaro a luminária maior no teto, encapsulada pelo vidro. Queria me sentir como aquela lâmpada agora, brilhando no escuro não importa o quê, todavia sou como o vidro que a envolve: frágil, sensível e, se uma vez quebrado, nunca voltará ao seu estado original, é impossível de ser consertado.

       Estou cansada, terrivelmente cansada. Mas está acabando, vai acabar logo, então eu poderei ter tempo para viver tranquilamente.

       — Eu posso entrar? — Felix pergunta, encostado na minha porta.

       Sinalizo com a cabeça, permitindo que ele entre no quarto. Lee vem até mim, senta-se ao meu lado e procura algo na direção em que meus olhos se prendem agora, mas não há nada de interessante além da porta aberta. Deito minha cabeça sobre seu ombro, exausta.

       — Eu sei, é cansativo. — eu nem preciso dizer alguma coisa para que ele me entenda. — Deve estar sendo difícil para você, mas já está acabando. — ele faz carinho nos meus cabelos. — Você estudou duro o ano inteiro, ou talvez a vida inteira. Os seus esforços vão valer a pena, eu acredito em você.

       Suas palavras calorosas me aquecem o coração. Era exatamente isso o que eu queria ouvir, não um "Você já estudou hoje?", "Você aguentou a vida toda, o que são mais alguns dias", ou, "São só estudos. Deixe de drama, não é para tanto". "Eu acredito em você", era apenas isso o que eu precisava ouvir.

𝐒𝐎𝐔𝐋𝐌𝐀𝐓𝐄; 𝗹𝗲𝗲 𝗳𝗲𝗹𝗶𝘅Onde histórias criam vida. Descubra agora