CAPÍTULO 77

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Gabriella
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Acordei bem cedo pra resolver as coisa, André quase não dormiu, perdi até as contas de quantas vezes ele se mexeu, saiu do quarto, a noite foi péssima para nós dois. Já o Henrique dormiu muito bem graças a Deus, deixei ele com a Bruna, André quando eu acordei já não estava em casa então não tive outra opção. Nessa altura do campeonato todos já sabiam, muita mensagem no meu celular, insta de fofoca da favela falando, não sei como vazou assim, já pedi para descobrirem isso pra mim. Mas enfim, voltar naquele hospital não me fez nada bem, assinei a liberação do corpo dela para o IML, depois fui correr atrás de uma vaga no cemitério mais próximo, para hoje ainda, foi só dor de cabeça, uma merda, mas no final eu consegui, em seguida fiz tudo que só André me pediu, encomendei o três coroas de flóreas grandes, e o caixão branco, a parte mais difícil pra mim.

Depois só passei o horário no WhatsApp pro André e deixei com que ele chamasse quem quisesse, acabei de resolver tudo já ia dar 12:00, foi o tempo de ir em casa, tomar um banho, coloquei outra roupa, meu óculos, porque meus olhos estavam tão inchados, depois mandei mensagem pra Bruna para saber se estava tudo certo com o Henrique, combinei com ela que pegaria ele no fim da tarde, depois do esperei pelo André mesmo, que apareceu já quase em cima da hoje, não falou nada só subiu, se arrumou e desceu me chamando para ir. Foi o caminho todo em silêncio absoluto, o que era completamente estranho pra gente, mas compreensível pelo momento.
A gente chegou e já tinhas algumas pessoas, André deu meias palavras com elas e só, os seguranças se espalharam, e eu percebi que o André estava limpo, nem de pistola que ele fala que é o essencial ele estava carregando.

Gabriella: eu vou pedir para começar o velório logo.- falei pro mesmo que só concordou, como eu que estava responsável por tudo mesmo, foi rápido, eles abriram a sala e ela já estava lá, o moço abaixo um pouco a potência do ar, por conta da porta que ficaria aberta. Entramos e a cara do André mudou, foi horrível, é muito doloroso, ali eu acho que a fixa dele caiu realmente, o mesmo ajeitou o boné no rosto e se aproximou do caixão, ela parecia estar dormindo, e que ia acordar a qualquer momento.

Deco: por que a senhora decidiu partir logo agora? Tu não faz ideia do quanto tá doendo, saber que é a última vez que vou te ver, e doído pra caralho, por que não esperou ao menos meu menor crescer, que tô ligado que ele foi umas das únicas coisas boas que eu proporcionei a senhora, tu se foi sem ouvir tudo que eu tinha pra dizer, sem me ouvir pedir perdão, por todo desgosto, e por principalmente ter entrado pra essa vida, mesmo com todo dinheiro que eu tenho e achava até ontem que poderia salvar sua vida, não foi o suficiente. Me perdoa mãe, me perdoa por tudo e sai que hoje é o pior dia da minha vida, tu vai ficar ai dentro e contigo fica uma parte de mim.- o mesmo estava debruçado sobre o caixão, pegou na mão dela e apertou, sequei minhas lágrimas e fui pro lado dele, passando a mão em suas costas, ele não derrubou uma lágrima se quer, o que é normal dele, mas ruim para ele também. As pessoas foram chegando cada vez mais, eu nem sabia que viria tanta gente, Dimenor e bicudo, ficaram do nosso lado o tempo todo, André não saiu um minuto se quer do lado da mãe, só ficou ali olhando para ela e acariciando sua cabeça.

Quando deu 15:30, o moço veio falar que já estava encerrando, eu me abaixei perto dela, depositando um beijo em sua testa, André nem se mexeu, continuou ali como se ninguém tivesse falado nada, olhei pro bicudo, que estava olhando pra mim também sem saber o que fazer, quando eu ia falar com ele, eu chamei um pasto para orar, André nem ficou lá dentro na hora, esperei ele fazer a oração, o moço veio fechar o caixão, saíram e colocaram o mesmo dentro do carro, André estava do outro lado sozinho fumando.

Gabriella: apaga isso e vamos!- peguei na mão dele e o mesmo negou com a cabeça tirando a mão da minha.- amor...

Deco: vai na frente que eu já vou.- fiquei olhando pra ele.- se preocupa comigo não, o pior já tá acontecendo mesmo.- engoli a seco e resolvi ir, Dimenor ficou comigo, e o bicudo com o André, até a Samanta esta aqui, só agora percebi, e nem rendi também, por que sei que ela trabalhou com a dona Márcia, o local onde foi enterrar não era tão longe, casei o André com os olhos e o mesmo não estava ali, quando colocaram o caixão lá no chão, eu segurei firme na camisa do Dimenor, mordi o lábio forte sentindo o choro vir, jogaram algumas rosas em cima, ajeitei o óculos no rosto, e foram jogando terra por cima, puxei as palmas em seguida ouvi os fogos, olhei pra trás e o André estava saindo sozinho, olhei pro Dimenor e ele fez um gesto para que eu ficasse tranquila, foi difícil né. Como o André já não estava mais aqui o povo veio falar comigo, me desejando forças e pedindo pra eu cuidar do André, se ele não complicar né, por fim falei com quase todo mundo, depois me levaram pra casa.

Primeira coisa que eu fiz quando cheguei foi tomar um banho e colocar minha roupa pra lavar, depois fui caçar algo pra comer já que eu estava sem comer nada desde cedo, belisquei no certo pouca coisa. Pedi para pegarem o Henrique pra mim, mandei mentem pro André, mas o mesmo só visualizou, o que me deixou preocupada.

Gabriella: alguém pode ver por onde andar o Deco?- falei com os seguravam que ficam na porta, JN falou pelo rádio com alguém, e deu para ouvir bem quando falaram que o mesmo estava no correr, outra coisa entranha. Esperei a Bruna ali do lado de fora mesmo, é só de ver meu bolinha, já deu um animo, mesmo que seja pouco é bom, essa criança me transmite paz, mesmo sendo um furacãozinho.- oi, mamãe que saudade.- peguei o mesmo beijando ele, nós entramos e já estava escurecendo, olhei o celular para ver se o André tinha me respondido mais nada.

Bruna: como foi lá, como ele tá?- olhei pra ele e neguei com a cabeça.- que foi?

Gabriella: foi horrível, André tá super entranho, não me responde, e ainda sinto que estão me escondendo alguma coisa.- me sentei no sofá com o Henrique que já foi pegando no meu peito, esse leite não seca nunca.- tá difícil viu, nossa eu estou tão cansada.

Bruna: é foda, nem me imagino sem minha velhinha, mas qualquer coisa que você precisar pode falar comigo viu, fico com ele sem problemas, e bagunceiro, mas da pra domar, alicia amou passar o dia com ele, disse que quer um irmãozinho.- ri sem mostra os dentes pra mesmo.- mas acho que eu quero também, não sei.

Gabriella: é bom amiga, mas é complicado par caramba também, tem lá seus lados bons e ruins.- ficamos conversando até umas 20:00, depois a mesma foi embora, e ficou só eu e Henrique, dei banho nele, fruta, e tentei me distrair o máximo, esperando que o André chegasse logo. Horas e horas se passaram e nada do mesmo dar as caras, liguei pra ele e o mesmo recusou todas, então teve uma hora que parei, não queria se chata.

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