NOSSO PROPÓSITO .2 ( CONCLUÍDA )

CAPÍTULO 114

                                        Deco
                                    ( +20 )

Quando eu acho que tô acabando com um problema, vem outro, mas pô, essa parada de se esconder e ficar por trás dos meus homens não é comigo não, eu gosto da diversão, da adrenalina, sentir o gostinho do perigo, se eu tô na chuva é pra me molhar nesse caralho, faço o que faço, por gosto é pura diversão.
A cobertura foi certa até o helicóptero sumir da minha vista, e eu olhei pro bicudo do meu lado.

Deco: que os jogos comecem caralho.- soltei a mão dando um tapa no braço dele e sorri ouvindo aquela enxurrada de tiros, pipoco gostosinho de ouvir, atravessei a alça do fuzil nas costas, destravei ele, e fui na direção da saída da quadra com o caras.- vai morrer não em filho da puta.- olhei sério pro bicudo, que me olhou rindo.

Bicudo: nem tu, teu arrobando, te encontro na esquina da Ortega quando tudo acabar, ou se der muita merda, placa do carro com o final 56, corola preto rebaixado.- fiz "ok" com a mão e fui pro outro lado me escondendo atrás da parece, e quando me encostei nela, acertaram um tiro exatamente na lateral por onde eu tinha acabado de passar, soltei um ar pela boca rindo, que saudade, que eu estava dessa porra, tinha dois comigo, então eu fiz sinal para que um deles olhasse, quando ele me deu o aval de atira, fui às cegas mesmo, apertei o gatilho três vezes seguidas derrubando, depois me escondi novamente, recebendo uns tiros de volta, me benzi e coloquei a mão por dentro da minha blusa tentando localizar meu crucifixo, mas logo me veio na memória que deixei dentro do bolso esquerdo da mochila, por descuido, esqueci de colocar, mas da em nada não, quem me protege não dorme!

Sai de trás da parede, apontei o fuzil na reta deles e atirei, os dois mano que estavam comigo vieram na minha também, foi trocação lá e cá, tinha uma parte deles quase invadindo a casa já, mas átrios tava pesada, pra zero brincadeiras, fizemos recuar, mas quem disse que fora em bora, vieram com sede ao pote.

— SÓ QUEREMOS O DECO, SABEMOS QUE ELE TÁ AÍ, ENTREGAM ELE E ACABAMOS A GUERRA POR AQUI.- eu tô ligado que conheço essa voz de algum lugar, geral olhou pra mim e eu fiz sinal para que ficassem em silêncio, os tiros cessaram e os moleques começaram a falar no rádio para que nós ficássemos alertar porque já tinha caído 10 dos nosso, em menos de uma hora de trocação, fui andando até a entrada principal, mas escondido, me abaixei no canto e na minha frente tinha um dos meus caído morto.

Deco: PRA ME PEGAR VAI TER QUE ME DERRUBAR.- mirei na perna do cara que falou só pra assustar mesmo, hoje eu tô pra brincar e vai ser com esse cara, apertei o gatilho dando um certeiro, assim que sentiu abaixou, e o tiroteio começou novamente, coisa gostosa, sai correndo pro outro lado, da área da piscina, foi só rajadão acertando o muro atrás de mim, tava sozinho, e nem vi quando me distanciei dos moleques. Aproximei o rádio da boca, sentindo a respiração pesar já.- quero mais 5 aqui na área da piscina, vem rápido, atrás dois pra casa e vai pro terraço.- apoiei o fuzil do ombro e soltei o aço, eu era o único naquela rota, então eles viram pra cima, os moleques demoraram a chegar então eu tive que recuar, pra trocar a munição, abaixei na varando e dali avistei três pulando o muro, engoli a seco, engatilhei o fuzil, olhei ao redor não vendo ninguém ainda, respirei fundo e contei até três.

No dois eu levantei e atirei, só pegou em um, os outros dois veio pra cima, um caiu, foi quando vi o bicudo chegar, pulei o muro da varanda quando vi o outro correr pra fora, fui atrás sem pensar em nada.

Bicudo: NÃO PORRA, NÃO.- quando percebi eu já tava atravessando o muro na outra casa, atrás do filho da puta, mirei certinho na dela, mas antes deu atirar sentir minha perna queimar, rosnei dei ódio colocando a mão por cima e vendo o sangue nela, me abaixei atirando várias vezes seguida mas o desgracado conseguiu fugir, na sequência a chuva de tiro foi pra cima de mim, deitei no chão, e atirei de volta, me vi encurralado, até que foi amenizamos.- CORRE PORRA, SAI DAI TU NÃO VAI MORRER HOJE NÃO TEU PAU NO CU.- zero respeito pô, mas levantei e sai correndo pro lado contrário da casa que eu estava, só corri tentando fugir da mira, pulei de muro, em muro, até que acabou e eu cheguei no mato.

Com a respiração toda fudida já, boca seca, sedento por água, sua pingando, minha perna queimando, mas não parei, tinha gente atrás da minha e eu tava ligado por conta do barulho, fui adentrando cada vez mais naquela mata, que eu tinha estudado umas rotas já, não vi mas cegas não pô, antes de tudo g3 mandou me passar a visão, tô ligado onde eu tô e sei como sair, o foda e que tem gente atrás de mim, peguei o rádio aproximando da boca de novo.

Deco: tô na mata, rota 25, preciso de reforços, fui atingido, tô sentindo, mas não vou para.- ouvi dois tiros e um pegou na árvore ao meu lado, olhei pra trás atirando de volta, em seguida corri, corri muito, os barulhos dos tiros não paravam, achei um buraco que tava pra se esconder então foi ali mermo que eu parei, já não tinha mais condições de corre, o sangue ainda tava quente mas eu, tava sentindo pra caralho minha perna, boca totalmente seca, coração acelerado pra caralho, o foda era pra respirara ali, já tava difícil ao ar livre, agora naquela porra de buraco piorou.

— ele tá por aqui pô, vasculhem tudo, ninguém sai daqui até acharem ele!- desliguei o rádio comunicador pra não dar problema, encostei ali e comecei a rezar, não vejo que meu momento seja agora, mas se for pra morrer eu levo um deles comigo.

Olhei pro relógio no pulso vendo que já tinha passado várias horas, helicóptero da polícia rondando a mata e os caralho, mas ainda sim tinha gente por aqui, já sai do buraco faz um tempo, vim pra outro lugar me esconder, mas porra tô perdendo as esperanças, ninguém apareceu até agora, ainda tem gente rondando aqui, não tem como eu sair. Passei a mão na cabeça pensativo, ouvindo cada vez mais vozes próximas, sem carreguei comigo que ir preso não é uma opção, já passei por essa humilhação e não quero novamente, fora que eu já nem tenho mais certeza de quem realmente da aqui, dos dois lados eu tô fudido mesmo, mas seria egoísmo meu, não pensar nos meus, mas tô em paz e carrego comigo que aproveitei e vivi o hoje.

Me levantei e comecei a andar pela rota que eu conhecia, mancando mesmo, deixei o fuzil pra trás e carregava só a pistola comigo, só a lua clareava meu caminho, tudo escuro, não demorou muito para que escutasse os tiros, me escorreu atrás da árvore a tirei na direção de quanta tava ali.

Deco: QUEM TÁ AÍ?- minha resposta foi tiro pra "cima de mim" nenhum acertou não, descarreguei minha pistola na direção de quem seja que for, mas acabou a porra da munição me vi sem saída, sem o que fazer, respirei fundo colocando a mão na cabeça.

— É A POLÍCIA, SE ENTREGA MARGINAL VAI SER MELHOR PRA VOCÊ!- neguei com a cabeça inconformação, mas no mesmo momento passou meu filho na minha cabeça, minha mulher, tudo que eu tenho de mais precioso na vida, e ainda não é minha hora, não quero ninguém chorando no meu caixão.

Deco: EU ME RENDO, ESTOU DESARMADO PAREM DE ATIRA, EU ME ENTREGO PÔ.- pararam de atirar e iluminaram na minha reta mandando eu aparece, sai de trás da árvore com as mão pra cima, de imediato já vieram pra cima mando eu parar, revistaram, em seguida me derrubaram na covardia ja, fazendo meu ódio aumentar, fiquei de joelhos e coloquei a mão pra trás como pediram, senti meu rosto arder mas não revirei o mesmo, fechei o punho, possuído por ódio, encostaram com o fuzil na minha cara, e caralho era por isso que eu prefiro não me entregar.- que caralho, tô aqui já po, não precisa dessa porra não.- sentir uma dor do caralho na perna e meu corpo tomar impulso pro lado mas eu firmei trancando a maxilar.

Reagi e foi mais forte que eu, empurrei o cara que tava na minha frente, mas na seguida já tomei um retao, logo depois em empurram me fazendo cair no chão, ouvi o barulho da alguma arma destravando, só me passou meu moleque na minha cabeça, e sabe aquele pipoco que lá no começo eu falei que era gostosinho de escutar, era ele que eu tava ouvindo agora e a sensação não é nada boa.