Capítulo 3

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Samantha Cordeiro

Marcelo Medeiros?

Eu tinha a leve sensação de que já havia ouvido falar nesse nome antes, mas não conseguia recordar onde ou quando exatamente.

Seu olhar me era familiar, havia algo nele que me transmitia a sensação de um encontro anterior, como se já nos conhecêssemos há algum tempo. No entanto, não conseguia recordar absolutamente nada.

Algo não se encaixava nessa história. Meu pai havia me assegurado que estávamos falidos, sem dinheiro sequer para realizar uma reforma básica na antiga casa da família, que estava desmoronando, ou para pagar pelos meus estudos. E agora descubro que tenho uma herança?

Inicialmente, senti-me animada com aquela notícia. Afinal, teria a oportunidade de realizar meu sonho de estudar arquitetura e finalmente abandonar meu trabalho como garçonete no restaurante que só servia para pagar as contas básicas.

Logo após Marcelo se retirar da minha presença, acompanhado por seus capangas, uma mulher de aparência gentil surgiu. Era uma senhora de cabelos grisalhos, pele pálida, olhos pequenos e escuros, lábios rosados e corpo magro. Ela se apresentou como Adelaide. Rapidamente, associei seu nome à pessoa a quem Marcelo se referia.

– Vamos, filha, vou lhe mostrar seu quarto – disse ela, transmitindo-me uma sensação de segurança, afastando qualquer indício de sequestro. – Só precisamos ser discretas, pois a pequena está dormindo.

– Pequena? – Perguntei, seguindo pelos corredores intermináveis da casa.

– Sim, seu nome é Clarice, mas a chamamos de Clarinha. É a filha do senhor Marcelo, uma adorável menininha de quatro anos. Tenho certeza de que vocês vão se dar muito bem. Ela adora novidades.

Certo, havia uma criança na casa. Isso indicava que eu estava em um ambiente familiar e não em meio a um sequestro orquestrado por alguma organização criminosa.

– Fico mais tranquila – disse, enquanto os olhos, envoltos em pelos grisalhos, me examinavam cuidadosamente.

– Não se preocupe, querida. Aqui você estará segura. Apenas confie no Marcelo.

Uma missão difícil, realmente. Como poderia confiar em um homem que havia conhecido há tão pouco tempo?

Dona Adelaide me conduziu até um quarto deslumbrante, cuidadosamente decorado com um toque de elegância e conforto. Uma imponente cama de painel acolchoado ocupava o centro, coberta por lençóis de tecidos finos e adornada com almofadas felpudas. As grandes janelas do chão ao teto permitiam a entrada de uma brisa suave e ofereciam uma vista encantadora do pátio da mansão. O ambiente era iluminado pelas luzes que vinham de fora. O chão era revestido por tapetes macios, e um espaçoso closet e um banheiro completo completavam o espaço.

Fiquei maravilhada com cada detalhe meticulosamente escolhido, sentindo-me acolhida e especial.

– Este será o seu quarto. Espero que goste e se sinta verdadeiramente em casa – disse Dona Adelaide, transmitindo uma gentileza acolhedora.

Caminhei vagarosamente pelo quarto, apreciando a beleza de cada elemento. Era evidente que tudo ali havia sido preparado com carinho para a minha chegada.

Sentei-me no divã aos pés da cama e dirigi meu olhar à mulher à minha frente. Dúvidas e inseguranças preenchiam minha mente, especialmente a questão de confiar em pessoas desconhecidas.

– Não precisa temer, minha querida. Eu prometo que você estará segura junto de nós – disse Dona Adelaide, quase adivinhando meus pensamentos.

– Mas será mesmo necessário que eu fique aqui? – Questionei, procurando respostas.

O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora