Capítulo 7

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Samantha Cordeiro 

– Demitida? – Perguntei, meus olhos arregalados de incredulidade diante da notícia repentina. – Não pode ser verdade. Eu não fiz nada que possa ter...

– Sinto muito, Samantha – me interrompeu o Senhor Tadeu, com uma expressão pesarosa.

Afundei na poltrona do escritório, sentindo uma mistura de frustração e confusão tomar conta de mim. Por que estava sendo demitida? O que eu havia feito de errado?

O Senhor Tadeu sentou-se em sua cadeira, suspirando profundamente. Mirei em seus olhos profundos e notei certo lamento em sua face com traços maduros. Ele coçou os cabelos grisalhos e esticou em minha direção o pagamento do último mês.

– Samantha, é uma questão delicada. Não posso entrar em detalhes.

Recuperei-me do choque inicial e ergui o olhar para ele, determinada a obter respostas.

– Mas... por favor, me diga o motivo. Sempre me dediquei ao trabalho, dei o meu melhor. Preciso desse emprego.

Ele fitou-me por um momento, suas feições mostrando uma mistura de empatia e tristeza.

– É uma decisão de força maior – respondeu com cautela. – Acredite, Samantha, você é talentosa e tenho certeza de que logo encontrará uma nova oportunidade.

Uma sensação de frustração e injustiça começou a se instalar em meu peito. Minha mente fez uma conexão rápida e eu me lembrei do homem misterioso que vi Lorena mencionar, aquele que havia estado no escritório com meu chefe.

– Marcelo! – afirmei. – Foi ele, não foi? Marcelo Medeiros. Ele esteve aqui?

O Senhor Tadeu hesitou por um momento, mas seu olhar confirmou minhas suspeitas.

Raiva e indignação percorreram meu corpo. Como ele ousava interferir na minha vida dessa maneira?

Sem pensar duas vezes, levantei-me da cadeira, minha expressão determinada.

– Ele não tem o direito de fazer isso comigo. Não tem!

Encarei o Senhor Tadeu com firmeza, transmitindo minha determinação enquanto pegava o cheque e saia do escritório. Não deixaria que um homem como Marcelo Medeiros arruinasse meus planos e minha estabilidade.

Dessa vez, eu tomaria as rédeas da minha vida.

Subi em cima da minha bicicleta e Pedalei com determinação pelas ruas, sentindo a raiva me impulsionando a chegar rapidamente à casa daquele cretino. Quem ele pensava que era para ir até o meu trabalho e coagir o meu chefe a me demitir?

Àquela hora, a penumbra envolvia a residência, com apenas algumas luzes fracas acesas, e o silêncio pesava no ar. Larguei a bicicleta com força no chão da entrada e subi os degraus para o segundo andar, tomando o corredor com passos pesados, decidida a confrontar aquele homem de uma vez por todas.

Sem qualquer hesitação, escancarei a porta do seu quarto, não me importando com sutilezas ou medo. Abri a porta sem bater e... Lá estava ele, em pé na beirada da cama, de costas para a porta, sem camisa. Seus ombros largos e músculos definidos eram revelados pela iluminação tênue, enquanto ele se despojava da calça do terno, que era a única peça que cobria suas pernas torneadas.

Sobre a cama, roupas descartadas indicavam o curso dos eventos: uma gravata desfeita, um blazer jogado, um blusão abandonado... O vapor que se espalhava pelo quarto vinha do banheiro adjacente, evidenciando que ele estava prestes a mergulhar na banheira para um banho.

Um misto de ansiedade e coragem invadiu meu peito, enquanto eu observava aquele homem quase hipnotizada sem conseguir me mover. Mesmo assim ainda conservava dentro de mim, a decisão de não permitir que um completo estranho tumultuasse minha vida dessa forma, virando meu mundo de cabeça para baixo.

O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora