Capítulo 23

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Marcelo Medeiros

A imagem de Samantha me jogar no sofá e se sentar em cima do meu colo ainda estava fresca na minha mente. Eu queria possuir como mulher não posso negar, meu corpo latejava e protestava por aquele deleite.

Samantha era uma jovem mulher fogosa, talvez, louca para tomar conhecimento de certas experiências que ela ainda não tinha. Com isso, a moça inocente e desprotegida que chegou a minha casa, acabou me despertando algo que a muito tempo eu não sentia por mulher alguma: Fogo. Desejo. Tesão. Interesses além de protegê-la.

Talvez fosse pelo fato de ela ter me contado no dia da bebedeira que era virgem. Aquela revelação mexeu comigo de uma maneira inesperada. Eu sabia que, se nos envolvêssemos ainda mais, eu seria responsável por tomar a sua virgindade. E isso trazia consigo uma série de responsabilidades e possíveis consequências emocionais.

Eu tinha receio de me machucar novamente, de abrir meu coração e me entregar a alguém. Depois de Alessandra e Penélope, eu me tornei cauteloso em relação ao amor. O medo de perder novamente era um fantasma constante em minha vida.

Eu não queria iludir Samantha. Amar seria um desafio imenso, do qual eu não me sentia capaz de enfrentar. Eu não podia permitir que ela se apaixonasse por mim, pois sabia que não poderia corresponder plenamente aos seus sentimentos.

Por isso, mantive minhas defesas levantadas, fechando todas as portas do meu coração. Decidi que ninguém mais teria acesso aos meus sentimentos. Por mais que Samantha fosse extremamente atraente em todos os aspectos, eu não podia permitir que ela quebrasse as barreiras que eu havia construído.

Ela estava me deixando enlouquecido, despertando desejos intensos que eu não sentia há muito tempo. Mas eu tinha que resistir, por nós dois. Eu precisava protegê-la e proteger a mim mesmo.

Eu sabia que era uma luta difícil, resistir à tentação de me entregar a ela completamente. No entanto, era uma batalha que eu precisava travar para evitar maiores danos emocionais no futuro.

Após o almoço, minha filha foi acompanhada até a biblioteca, onde sua professora de piano a esperava para as aulas. Aproveitei a oportunidade para procurar Samantha. Precisávamos conversar e chegar a um consenso, um acordo sobre o que estávamos fazendo e até onde poderíamos ir. No entanto, fui informado por Adelaide que a moça estava no bosque, lendo um livro.

Imaginando que ela também buscava um momento para refletir sobre tudo o que estava acontecendo, preferi deixá-la sozinha. Subi para o segundo andar e me tranquei no escritório, buscando dar continuidade ao trabalho que nem sequer consegui terminar depois de ser surpreendido por Samantha com toda aquela intensidade.

Passei alguns minutos da tarde tentando me concentrar em meu trabalho, mas era impossível. Toda vez que olhava para o cofre, onde o segredo estava guardado em uma folha de papel em forma de contrato, sentia-me o mais indigno dos homens. Se Samantha soubesse, se ela ao menos tivesse noção do que eu fui capaz de fazer... Ela nunca me perdoaria. Nunca. Nem ela, nem Leonor, caso estivesse viva.

Recostei-me na cadeira, pensando em tudo o que estava acontecendo, quando ouvi batidas na porta.

Era a voz do meu segurança.

– Entre!

– Com licença, senhor – Anderson abriu a porta e permitiu a entrada do investigador em meu escritório.

– Este é o doutor Araújo, o investigador. Ele tem novidades sobre o caso da senhorita Samantha.

Levantei-me da cadeira e cumprimentei o homem com um aperto de mãos formal, esperando que ele me trouxesse notícias sobre o caso. Quando Leonor foi me procurar, pediu que eu protegesse a filha, ela me disse coisas perturbadoras de que João andava fazendo com o pessoal do tráfico, então decidi contratar um investigador particular para saber a real situação do caso.

– Por favor, sentem-se.

Ambos se acomodaram nas cadeiras em minha frente.

Sentei-me novamente em minha cadeira, recostando-me e aguardando que eles falassem.

– Senhor, o caso é muito grave – começou Anderson.

– O que está acontecendo? Expliquem-me – perguntei preocupado.

– A moça está em sério perigo – interveio Araújo. – Com base em minhas investigações, a cabeça dela está a prêmio. João devia muito dinheiro ao tráfico e...

Ele fez uma pausa dramática.

– E...?

– Ele deixou a própria filha como garantia, para uma rede de prostituição ligada ao tráfico humano, infelizmente esse tipo de mercado gera muito dinheiro, e com certa uma moça como ela, traria muitos lucos para eles – explicou Anderson.

Miserável! Como ele teve coragem de fazer isso? E com a própria filha? Quantas outras vezes ele a usou como garantia de suas dívidas?

– Isso não pode ser verdade. Deve haver algum engano – disse ainda com dificuldade de acreditar no que estava ouvindo.

– Não há, senhor. Eles estão atrás dela. Querem o pagamento das dívidas, além de que Joao também mantinha um pequeno laboratório de drogas no porão da casa, ali havia muitas provas contra gente grande. Eu sugiro que reforce a segurança da casa e não permita que a moça saia sob hipótese alguma. Se descobrirem que ela está sob sua proteção, virão atrás dela e a família toda estará em perigo – explicou o investigador.

Esfreguei a testa, sem acreditar no que estava ouvindo. Aquilo não podia ser verdade. Eu não conseguia imaginar que tipo de homem João se tornara: um canalha cruel e sem coração. Tudo por causa de seu vício desenfreado em drogas.

– Anderson, faça como Araújo sugeriu. Reforce a segurança da casa e não permita que ninguém entre ou saia sem passar por uma revista.

– Como desejar, senhor.

Anderson e o investigador se levantaram das poltronas, despediram-se de mim com um aperto de mãos formal e me deixaram sozinho, pensando em como enfrentar o novo desafio que estava diante de mim. A cada dia, a vida de Samantha se entrelaçava mais com a minha, e eu não podia falhar na promessa que fiz a Leonor de cuidar de sua filha.

 A cada dia, a vida de Samantha se entrelaçava mais com a minha, e eu não podia falhar na promessa que fiz a Leonor de cuidar de sua filha

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O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora