O preço da Liberdade

Capítulo 26

Samantha Cordeiro

Depois de passar mais alguns minutos no quarto de Marcelo, combinando como seria, o que eu poderia chamar de nosso "romance secreto", que não era tão secreto assim, já que Adelaide nos havia flagrado, voltei para o meu quarto, pensando e até mesmo empolgada com tudo o que estava acontecendo.

Eu nunca tinha me envolvido com um homem de verdade. Claro, tinha saído com alguns garotos na época do colégio, mas eram apenas envolvimentos infantis que sempre acabavam em nada. Mas com Marcelo era diferente. Ele era um homem que me fazia sentir mulher, desejada, querida... Confesso que ele me surpreendeu quando propôs que tentássemos algo, isso depois de quase me convencer de que teríamos apenas um relacionamento físico sem compromisso.

E sinceramente, eu nem sei onde estava com a cabeça quando disse que não me apaixonaria... Caramba, eu já estava apaixonada! Apaixonada de verdade! E a noite que compartilhamos juntos só intensificou ainda mais o que eu estava sentindo.

Falando em noite... Mesmo Marcelo sendo carinhoso e cuidadoso, eu ainda sentia certo desconforto entre as pernas, mas sabia que seria passageiro. No nosso próximo encontro, do qual eu já contava as horas, seria mais prazeroso. Eu sentiria o verdadeiro prazer.

Entrei no chuveiro e tomei um banho quente e demorado. Em seguida, fiz minha higiene matinal e vesti uma roupa casual: um short largo e uma camiseta básica, deixando os cabelos molhados caírem sobre meus ombros.

Logo depois, saí do quarto em direção ao café da manhã. Ainda era cedo, e Clarice ainda estava dormindo. Certamente, Adelaide estava preparando a mesa para o café da manhã, e como eu gostava de ser útil, invadi a cozinha para ajudá-la com os preparativos da nossa refeição matinal.

– Bom dia! – disse enquanto atravessava a porta da cozinha.

E lá estava Adelaide, usando seu habitual avental vermelho, lutando contra a máquina de café expresso e praguejando baixinho.

– Bom dia, filha.

– Precisa de ajuda com isso?

Ela se virou para mim e sorriu.

–Sim, seria ótimo ter alguém para fazer essa máquina funcionar – resmungou, dando um tapa na máquina.

– Deixa comigo.

Adelaide se afastou em direção à pia, abriu a geladeira e começou a procurar algo lá dentro.

– Sabe, filha... – de repente, ela começou a falar. – Não me leve a mal, mas notei que você não dormiu no seu quarto. Aconteceu... algo? – ela coçou a cabeça, visivelmente sem jeito, mas era evidente que queria saber como estava a minha situação com Marcelo.

– Não precisa se preocupar, Adelaide. A senhora está certa, eu não dormi no meu quarto.

Ela ficou surpresa com minha franqueza.

Peguei as xícaras já cheia de café quente recém saídos da máquina e as coloquei sobre a mesa.

– E... onde você passou a noite, filha?

Olhei na direção dela. Falar sobre aquele assunto era constrangedor, mas Adelaide já tinha nos visto em uma situação embaraçosa antes. Seria inútil esconder a verdade dela.

– No... no quarto do Marcelo.

Senti minhas bochechas começarem a esquentar. Pensei que Adelaide fosse me repreender ou pensar mal de mim, mas ela me surpreendeu ao unir as mãos embaixo do queixo, sorrindo.

– Valha-me Deus! Então quer dizer que vocês estão juntos?

Balancei a cabeça afirmativamente, deixando escapar um sorriso tímido.

– Sim, nós conversamos e decidimos tentar algo.

– Ah! – Um suspiro de alívio escapou dos lábios de Adelaide, e ela sorriu, olhando para mim com brilho nos olhos. – Eu sabia, meus instintos nunca falham. Quando o vi olhando para você pela primeira vez, eu disse a mim mesma: ele vai se apaixonar por ela...

Sorri, embora estivesse preocupada. Eu sabia que Marcelo carregava consigo grandes mágoas de relacionamentos passados, e que se apaixonar por mim não seria tão fácil como Adelaide imaginava.

– ... E a menina Clarice vai ficar tão feliz...

– Não! – interrompi. – Ela não pode saber.

Adelaide ficou em silêncio e me olhou com a testa franzida.

– Como assim?

– Queremos ir devagar, não sabemos se vai dar certo. Marcelo tem um passado que o assombra, como a senhora sabe, e não queremos que Clarice saiba antes de termos certeza de que vamos levar isso adiante de verdade.

Adelaide assentiu com a cabeça, pensativa.

– Isso foi ideia dele, não foi?

– Sim.

Ela voltou a procurar na geladeira.

– Eu sabia. Ele tem medo... Além disso, depois daquela bruxa, qualquer um ficaria traumatizado. – Ela pegou alguns itens para o café da manhã e os colocou sobre a mesa, colocando as mãos na cintura e soltando um suspiro cansado.

– A senhora tem algum conselho para me dar?

Ela colocou as mãos no meu ombro.

– Eu aconselho você a continuar sendo maravilhosa. Meu menino não se interessou por você à toa, ele viu algo especial em você, e talvez essa seja a sua chance de conquistá-lo.

Sorri.

– Eu não sei, estou preocupada.

– Fica tranquila, filha. Vai dar tudo certo. Logo vocês estarão subindo ao altar em uma linda festa de casamento e...

E Adelaide ficou ali, fazendo planos para um futuro casamento, quando na verdade a única coisa que tínhamos era a certeza da incerteza de um relacionamento iniciado no meio do caos.

E de repente...

– Quem vai se casar? – Marcelo atravessou as portas da cozinha com um sorriso largo e bonito, que eu nunca tinha visto antes, enquanto Clarice estava agarrada em seu pescoço, ainda usando seu pijaminha. Como era final de semana, Marcelo estava vestido de forma casual; um short de pano mole e uma camisa branca justa que ressaltava todo seu corpo, quase me fazendo salivar.

Ele me olhou sorrindo e tentou disfarçar seu interesse, o que quase me fez encolher de vergonha ao lembrar da nossa noite juntos. Adelaide olhou para ele e depois para mim, soltou um riso abafado e começou a nos servir o café da manhã.

Tomamos café juntos, embora estivéssemos visivelmente empolgados com a novidade, tivemos que agir naturalmente para que Clarice não desconfiasse de nada. No entanto, eu não confiava na empolgação de Adelaide, pois seus olhos brilhantes e seu sorriso amistoso mostravam o quanto ela estava feliz com a ideia de Marcelo e eu estarmos... Tentando.

Tudo parecia tranquilo até que o chefe de segurança apareceu na cozinha dizendo que havia uma visita para Marcelo.

Era Cassandra, sua irmã.