Capítulo 19

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Samantha Cordeiro

Droga!

Quando me olhei no espelho do closet e percebi que minha camisa molhada mostrou mais do que deveria, me xinguei por não ter colocado um sutiã... Maldito sutiã!

Fiquei sem graça naquele momento, com a palavra "constrangimento" estampada em minha mente, junto com o pensamento: Será que Marcelo viu?

Para piorar, minha garganta começou a doer. Não acredito! Quem consegue ser tão desajeitada? Basicamente mostrei um "nude" para um homem com quem tenho tão pouca intimidade, além de ter pegado um resfriado com a chuva que caiu sobre minha cabeça.

Entrei no banheiro, tirando as roupas molhadas, e liguei o chuveiro quente. Deixei a água cair sobre mim enquanto refletia sobre minha vida e sobre o fato de me importar tanto com o que Marcelo poderia estar pensando de mim.

Não podia mais negar, Lorena estava certa. Eu estava começando a sentir borboletas no estômago por Marcelo, e após nossa última conversa, esses sentimentos só se intensificaram. Toda vez que ele se aproximava, eu ficava tensa, ansiosa, nervosa e experimentava uma série de sensações desconhecidas. Nunca tinha me apaixonado antes, e esse novo território era completamente desconhecido para mim. Apesar das dúvidas que surgiam sobre o que realmente sentia por Marcelo, eu estava me esforçando para agir da melhor forma possível, sem deixar transparecer que aquele homem estava mexendo com meus sentimentos.

Quando terminei o banho, enrolei uma toalha na cabeça e vesti meu roupão de algodão favorito. Entrei no closet, procurando algo quente para vestir, e acabei optando por uma calça de moletom e um casaco. Para garantir que nada estivesse à mostra, fechei o casaco até o pescoço e sequei meus cabelos com o secador.

Saí do quarto em busca de Clarice, torcendo para não encontrar Marcelo... Não depois de ele ter visto meus seios. O único motivo para eu sair do quarto era a promessa que havia feito à menina de assistirmos TV juntas. Caso contrário, eu teria ficado trancada lá dentro como a Rapunzel na torre.

Graças a algum ser divino, não encontrei Marcelo pelos corredores da casa. Aproveitei a oportunidade e segui para o quarto de Clarice, onde ela me esperava ansiosamente para assistir a algum filme das princesas da Disney. Fiquei lá, torcendo para que ele não aparecesse.


Marcelo Medeiros

Naquela noite, quando me deitei com a cabeça no travesseiro, não consegui pregar os olhos, as imagens dos seios de Samantha não saíam da minha mente enquanto meu corpo não me deixava em paz. Eu já tinha tomado dois banhos frios, mas o desejo ainda continuava dentro de mim. Vivo. Pulsante.

Joguei a coberta para o lado e me aproximei das janelas do meu quarto. Com um movimento suave, empurrei as cortinas e fiquei ali por alguns minutos, contemplando a chuva cair e os raios iluminarem o céu. Enquanto observava aquele espetáculo da natureza, uma mistura de pensamentos e emoções tomava conta de mim, deixando-me intrigado com o súbito desejo pela aquela garota.

De repente, um som rouco e persistente chamou minha atenção. Era uma tosse familiar. Lembrei-me imediatamente de que Samantha não havia comparecido ao jantar e que Adelaide me informou que ela estava se sentindo mal, optando por se alimentar no quarto.

Compreendendo a urgência de verificar como Samantha estava, apressei-me em vestir meu roupão e saí do meu quarto. Percorri os corredores, seguindo o som da tosse, até chegar à porta do quarto dela. Bati suavemente e ouvi sua voz abafada permitindo minha entrada.

Ao abrir a porta, deparei-me com Samantha encolhida sob a coberta, visivelmente debilitada. Seus lábios estavam levemente arroxeados e seus olhos apresentavam um tom avermelhado, indício de exaustão. No canto do criado-mudo, repousava uma bandeja com o jantar que Adelaide havia gentilmente trazido, porém, era evidente que Samantha sequer havia tocado na comida.

– Você está bem? – perguntei.

– Estou – respondeu de forma fraca.

Me aproximei da beirada da cama, duvidando daquela resposta, e toquei em sua testa; estava pegando fogo.

– Minha nossa, você está com febre alta!

– Estou bem, apenas com a garganta um pouco dolorida – explicou.

Desconfiado, fiquei encarando-a por um momento.

– Você está com febre e tossindo. Precisa ir ao médico, ele...

– Eu já disse que não! – interrompeu, esbravejando de repente.

Silenciei.

–Então, vou pedir à Adelaide que venha te ver.

– Não precisa! Estou bem. Já é tarde, Adelaide deve estar dormindo. Agora, se me der licença, eu só preciso dormir e amanhã amanheço melhor...

– Nada disso! – Interrompi. – Você está doente. Que tipo de homem eu seria se te deixasse nesse estado? Já que não quer ir ao médico e nem incomodar Adelaide, eu mesmo vou cuidar de você.

Ela arregalou os olhos e percebi suas bochechas corarem ligeiramente.

– Não seja teimoso, estou... – novamente ela foi interrompida por uma crise de tosse. – É só um resfriado.

– Não importa, vou cuidar de você – caminhei em direção à porta do quarto e olhei para trás por cima do meu ombro. – Lembra do que conversamos no parque? Você precisa confiar mais em mim. Já volto!

 Já volto!

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O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora