Capítulo 1

1.5K 163 6
                                    

Samantha Cordeiro

Cinco anos depois...

A rua que conduzia à minha casa, naquele fim de tarde, emanava uma atmosfera gélida e desolada. O céu apresentava-se em um tom sombrio de cinza, prenunciando uma chuva iminente e acrescentando um toque melancólico ao ambiente.

– Droga! Meu pai não atende o telefone – murmurei, fixando os olhos na tela do meu aparelho.

Aquela era a quarta tentativa frustrada de entrar em contato com meu pai. A preocupação começava a se infiltrar em minha mente, pois além de ignorar minhas ligações, ele não voltava para casa há vários dias.

Insisti em discar algumas vezes mais, mas a ligação continuava a ser encaminhada para a caixa de mensagens. Uma sensação de apreensão crescia em meu peito, enquanto eu examinava cautelosamente os arredores. Foi então que notei, à distância, um carro preto com vidros fumê escuro, parecendo acompanhar meus passos. A inquietação tomou conta de mim, pois eu tinha a estranha suspeita de que aquele mesmo carro vinha me seguindo durante toda a semana, tanto na ida quanto na volta do trabalho. Algo estava definitivamente errado, eu sentia isso no âmago.

Segurei com firmeza a alça da minha bolsa e apressei o passo, determinada a chegar em casa o mais rápido possível. No entanto, diferentemente dos outros dias, nos quais o carro mantinha uma distância segura, desta vez ele deu partida e se aproximou rapidamente, alcançando-me quando eu já estava prestes a chegar ao portão da minha propriedade.

Dois homens saíram do carro, ambos vestindo ternos pretos impecáveis.

O primeiro homem era alto, de pele parda, com um porte físico imponente. Suas sobrancelhas grossas acentuavam seu olhar profundo e penetrante, dando-lhe uma aparência intimidadora.

O segundo homem era mais baixo, de pele branca, com olhos castanhos escuros expressivos e uma cabeça calva. Apesar de sua estatura menor, ele parecia não se intimidar com o companheiro robusto. Seus cabelos curtos castanhos claros e uma barba malfeita conferiam a ele um ar mais informal, mas sua expressão séria indicava que não devia ser subestimado.

Uma onda de apreensão percorreu meu corpo. O que estava acontecendo? Será que meu pai se envolveu em problemas novamente? Meu coração acelerou, enquanto eu tentava manter a calma e agir naturalmente. Porém, no momento em que minhas mãos tocaram o portão, senti o toque firme de um dos homens em meu braço, interrompendo meu movimento.

– Senhorita Cordeiro? – A voz do homem soou calma, mas o olhar firme transmitia uma tensão latente. Virei-me lentamente em sua direção, meus olhos buscando desesperadamente uma explicação para aquela situação.

– Eu... eu não sei de nada! Meu pai... ele não voltou para casa e não me disse para onde estava indo. Eu não sei... – tentei me explicar, mas fui interrompida pelo homem alto antes de concluir minhas palavras.

– Entre no carro! – A ordem foi dada com firmeza, não me deixando espaço para argumentar. Um calafrio percorreu minha espinha. Entrar naquele carro? Seria aquela uma situação de sequestro? Meus pensamentos se embaralharam em pânico.

– Eu... eu não vou entrar nesse carro – retruquei, tentando reunir coragem para enfrentá-los.

– Você não tem opção, e, é melhor não gritar. Se fizer algo imprudente, só vai piorar as coisas – o homem mais baixo, que agora mostrava um olhar ameaçador, agarrou meu braço com brutalidade, arrastando-me à força para dentro do veículo.

Perguntas giravam freneticamente em minha mente enquanto as portas eram trancadas e os vidros, fechados. O motor ronronou, indicando que estávamos partindo para um destino desconhecido. O medo se intensificou quando percebi que ambos os homens estavam armados.

– Para onde vocês estão me levando? – Minha voz vacilante não escondia o temor que sentia pela minha vida.

O silêncio pairou no ar, apenas interrompido pelos batimentos acelerados do meu coração. Eu estava sendo conduzida para algum lugar sombrio? Certamente, um cárcere, por culpa do meu pai, que mais uma vez, tinha deixado rastros das suas irresponsabilidades.

 Eu estava sendo conduzida para algum lugar sombrio? Certamente, um cárcere, por culpa do meu pai, que mais uma vez, tinha deixado rastros das suas irresponsabilidades

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora