Capítulo 32

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Samantha Cordeiro

Eu tinha sido capturada pelos traficantes. Minhas mãos estavam amarradas nas minhas costas, minha boca estava amordaçada, e uma sacola escura cobria minha cabeça, impedindo-me de ver para onde eles estavam me levando. Fui jogada no fundo de uma van malcheirosa. A imagem de Marcelo sendo atingido pelo tiro não saía da minha mente. Talvez eu estivesse em estado de choque, pois não conseguia chorar nem reagir de qualquer maneira. Eu me culparia para sempre se descobrisse que o pior havia acontecido. Ainda tinha esperança de que o tiro tinha sido a queima-roupa e não causado danos graves. Meu Deus! A pequena Clarisse poderia perder o pai. O que seria dela? E tudo por minha culpa!

Encolhi-me no fundo da van e, apesar do medo, fiquei quieta, tentando ouvir o que eles diziam e descobrir para onde estavam me levando.

– Devíamos ter aceitado a proposta. Dois milhões em barra de ouro, podíamos dividir o dinheiro e cair fora do esquema, a polícia está na nossa cola a algum tempo– disse um dos homens.

– Cala a boca, Rato! Eu sei o que estou fazendo. Pesquisei a vida desse idiota. Ele é muito mais rico do que pensamos. Podemos extorquir muito mais que dois milhões dele, e eu posso recuperar o dinheiro do chefe e ainda conseguir uma boa grana. Essa vadiazinha aqui será a nossa mina de ouro.

Eles começaram a rir.

Animais!

– Mas você atirou nele, seu idiota, e agora? – questionou outro.

– Não atirei para matar, foi apenas para deixá-lo inconsciente e mostrar do que somos capazes se ele não fizer direitinho conforme a gente mandar.

Senti um certo alívio quando ouvi isso. Talvez Marcelo estivesse bem.

Depois de minutos intermináveis sendo sacudida dentro da van, o veículo finalmente parou em algum lugar desconhecido. Com violência, eles me arrastaram para fora, fazendo-me caminhar às cegas, com a sacola ainda cobrindo minha cabeça, privando-me de qualquer visão do ambiente ao meu redor.

Empurrada e arrastada, fui conduzida por um trajeto incerto, subindo degraus e atravessando corredores sombrios. Meus pés tropeçavam em cada passo, enquanto meu coração martelava no peito, repleto de apreensão e medo.

Finalmente, fui jogada com brutalidade sobre algo macio, e o pano opressor foi arrancado de minha cabeça. Ofuscada pela mudança repentina de luz, forcei-me a abrir os olhos e avaliar meu novo ambiente. Encontrei-me deitada sobre um colchão desgastado, em um galpão abandonado e sombrio.

– Bem-vinda ao seu novo "lar", gracinha – disse o homem com um sorriso perverso.

Num sobressalto, percebi que não estava sozinha. Olhei em volta e vi sombras dançando nas paredes úmidas e sujas. O ambiente exalava uma atmosfera de desespero e desesperança.

– Este será o seu novo lar por tempo indeterminado, caso o playboyzinho não faça conforme dissermos – ele acrescentou, sua voz ecoando com uma mistura de ameaça e prazer mórbido.

O homem tentou me tocar, mas eu me encolhi numa tentativa de me proteger, encostando-me na parede gélida e fechando os olhos com força. Tentei transmitir através da mordaça um grito silencioso de "não me toque", mas minhas palavras foram abafadas pelo tecido preso na minha boca.

No entanto, em vez de prosseguir com suas intenções nefastas, ele recuou, afastando-se e me deixando em relativo silêncio. As grandes portas de ferro se fecharam atrás dele, trancando-me em um cativeiro sombrio e desconhecido. Um arrepio percorreu minha espinha enquanto eu lutava para tentar me manter firme e conservar a esperança de que tudo ficaria bem.

 Um arrepio percorreu minha espinha enquanto eu lutava para tentar me manter firme e conservar a esperança de que tudo ficaria bem

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