Capítulo 6

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Samantha Cordeiro

Depois da breve conversa que tive com Marcelo e de conhecer sua irmã, que era incrivelmente bonita, entrei no meu quarto, vesti meu uniforme de trabalho e saí de casa, mesmo estando cedo para ir ao trabalho. Eu só queria encontrar um pouco de paz, longe de todo aquele tumulto. Ainda tentava compreender o que estava acontecendo na minha vida e por que eu havia acabado na casa daquele homem.

Nada fazia sentido. Eu precisava desesperadamente de respostas.

Liguei para a minha amiga Lorena e contei tudo o que estava acontecendo. Prontamente, ela sugeriu nos encontrarmos na orla da praia, perto do restaurante de frutos do mar onde trabalhávamos juntas como garçonetes.

Saí de casa sem ser vista e subi na minha bicicleta rosa, a qual insisti com aqueles brutamontes de que deveria levá-la comigo. Coloquei minha bolsa na cestinha e pedalei por alguns minutos pela avenida principal até chegar ao local combinado.

Lorena estava sentada em um quiosque, esperando por mim, usando um vestido solto e sandálias. Seus longos cabelos cacheados dançavam ao vento forte, resultado da ressaca do mar devido à chuva intensa da noite anterior.

Lorena era minha única e melhor amiga. Nós nos conhecemos quando comecei a trabalhar no restaurante e, desde então, construímos um vínculo forte. Minha amiga era linda, com uma pele morena radiante, cabelos longos e cacheados, olhos grandes e castanhos-escuros, lábios carnudos e um corpo invejável.

Assim como eu, ela buscava realizar seus sonhos trabalhando duro para pagar seus estudos.

Desci da bicicleta e a estacionei no bicicletário próximo à orla. Com minha bolsa em mãos, caminhei em direção a Lorena, que aproveitava os tímidos raios solares que penetravam entre as nuvens carregadas. Assim que ela me viu, se levantou e nos abraçamos com força.

– Sinto muito pela perda do seu pai, amiga – disse ela com empatia.

– Obrigada, Lorena. Estou me sentindo completamente arrasada – respondi com a voz embargada.

Nos sentamos nas cadeiras de plástico no quiosque e ela segurou minha mão com carinho.

– Me conta tudo, quem é esse tal de Marcelo? Por que ele disse que você precisa morar na casa dele? – Indagou, demonstrando preocupação.

Suspirei, sentindo o peso emocional da situação.

– Eu não faço ideia, Lorena. Ele apareceu do nada, alegando que meu pai havia falecido e que era perigoso eu ficar na minha própria casa. Eu sempre soube que nosso lar não era seguro por conta das pessoas com quem meu pai se metia, mas não sabia que era algo assim, tão grave. É tudo tão confuso e assustador...

Lorena apertou minha mão ainda mais forte, transmitindo apoio.

– Amiga, eu entendo o seu medo. Mas será que você pode confiar nesse Marcelo? Talvez seja melhor considerar outras opções, como ficar no meu apartamento, claro, eu o divido com alguns ratos e baratas, mas pelo menos você estará com alguém em quem confia.

A ternura e humor nas palavras de Lorena acalmou meu coração agitado. Ponderei a sugestão dela e percebi que era a alternativa mais sensata, embora eu ainda estivesse confusa com tudo.

– Você tem razão, Lorena. Não quero me arriscar indo morar com um estranho, mas eu estou com medo de acontecer algum coisa ruim comigo.

– Ei! Não vai acontecer nada, tá legal? Somos amigas, estamos juntas nessa e eu não vou te deixar sozinha.

Liberei um sorriso triste, naquele momento era o melhor que eu podia oferecer.

– Eu preciso pensar no que fazer.

O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora