Capítulo 2

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Marcelo Medeiros

– Vocês estão ficando malucos? Onde diabos estava a cabeça de vocês, seus imbecis? Agora tenho uma garota apavorada no sofá da minha sala, achando que a sequestrei! – Gritei furioso com Jorge, meu motorista, e Anderson, meu guarda-costas.

– Desculpe, chefe. Nós o interpretamos mal – Jorge coçou a cabeça careca, visivelmente constrangido. – O senhor disse para vigiá-la de perto e trazê-la "a qualquer custo", então...

– "A qualquer custo" não significa que vocês deveriam assustá-la e arrastá-la para dentro do carro! –­ Interrompi, controlando minha raiva crescente. – Era apenas uma figura de linguagem, droga!

– Bem... – Anderson interveio, com sua voz grave e tranquila. – Pelo menos ela está aqui agora. Acho que é hora de contar a verdade.

Ele tinha razão. Não havia mais tempo a perder. Muitas coisas estavam acontecendo e eu precisava ser transparente com aquela agarota.

Abri a gaveta da minha mesa de escritório e peguei os documentos que poderiam esclarecer tudo e fazê-la entender. Ajeitei meu paletó, saindo do escritório da casa, com Jorge e Anderson seguindo-me de perto, como sombras.

Não sei em que estava pensando quando decidi pedir àqueles dois imbecis para vigiá-la. Deveria ter contratado uma empresa de segurança privada competente para lidar com essa situação, ou então ter cuidado disso, eu mesmo.

Desci os degraus da minha imponente mansão e entrei na elegante sala de estar, onde Samantha estava sentada no sofá. Já havia se passado alguns anos desde a última vez que a vi, e ela havia se transformado em uma mulher deslumbrante. Seus cabelos longos e sedosos, de um tom castanho claro, caíam em cascata sobre os ombros, realçando seus traços delicados. Seus olhos expressivos, de um tom âmbar hipnotizante, transmitiam uma mistura de delicadeza e determinação. Os lábios bem desenhados e rosados traziam um toque de suavidade em contraste com sua expressão tensa.

Ao me aproximar, notei que ela estava encolhida no sofá, abraçando as pernas e com a cabeça entre os joelhos, aparentemente chorando. Um aperto no coração me invadiu ao vê-la naquele estado.

Ela levantou a cabeça em minha direção, limpando os olhos, e quando viu Jorge e Anderson, encolheu-se de medo novamente.

– Não precisa temer, ninguém aqui vai te machucar – falei, me aproximando lentamente.

– Quem é você? E o que quer comigo? Se isso diz respeito ao meu pai, eu já disse: não sei nada do que meu pai andou fazendo durante esses dias – sua voz trêmula saiu quase picotada em meio ao choro.

Suspirei, sentindo-me péssimo ao vê-la naquele estado, e me sentei na poltrona vaga.

– Isso diz respeito ao seu pai sim, mas não da forma como você está pensando.

Ela parou de chorar e me olhou confusa, paralisada, estudando cada expressão minha.

– Este documento foi assinado por ele – estiquei o envelope em sua direção. Tremendo, ela esticou as mãos e o pegou. – Seu pai, há alguns anos, me colocou como seu principal cuidador, caso acontecesse alguma coisa com ele... Em outras palavras, eu sou o seu tutor.

– Tutor? – Suas sobrancelhas franziram, buscando algum sentimento nas minhas palavras. – Não existe herança alguma, papai está falido. Ele hipotecou a casa e vendeu quase tudo o que tínhamos. Isso não faz sentido.

– É claro que faz – mantive o tom sério. Ela parecia ser uma garota muito esperta, e eu precisava ser cuidadoso para não estragar tudo. – Aconteceram muitas coisas das quais você não sabe.

O preço da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora