♡ cap.2 - uma vida para viver

1.1K 95 11
                                    

Rapunzel bateu os braços. "Eu tô tentando o meu melhor, de verdade. Eu só queria que o Matty soubesse disso. Posso lidar com o julgamento de todo mundo, mas com ele é diferente. É muito importante que ele saiba, entende?"

Ally Fell assentiu. Um cliente na mesa mais próxima ergueu a mão. Rapunzel retirou o prato de sua terapeuta, marchou até a cozinha, e se dirigiu para atender o cliente que já estava ficando impaciente. Não era sua área, mas Jeremy Gilbert tinha prometido fazer hora extra naquele dia e faltado, o que significava que os demais garçons teriam que se revezar para cobri-lo. Quando voltou para detrás do balcão, um homem conhecido estava conversando com Ally, e ele parecia sério.

Ela já o tinha visto no bar, o servido várias vezes, mas não era boa o suficiente com nomes para recordar o dele. Aproximou-se, perguntou o pedido e serviu uma dose de whisky. Ele bebeu o conteúdo de uma vez, e então virou o rosto para Ally. "Meus irmãos são tão traiçoeiros quanto nossos pais foram...", Rapunzel ouviu. Mas ele levantou o olhar, e suas orbes esverdeadas encontraram as dela. Ela quase podia ouvir o som da colisão.

Balançou a cabeça freneticamente. "Desculpe", murmurou, sentindo a vergonha ruborizar suas bochechas. Incapaz de formular um plano concreto para sair da situação, apenas esticou a mão para pegar a garrafa de whisky. O homem foi rápido, embora não parecesse ter feito nenhum esforço, e segurou o objeto ao mesmo tempo que ela. Ele não pareceu incomodado em deixar seus dedos encostarem, ou no fato de sua mão estar por cima da dela.

"Deixe a garrafa, amor."

Ela puxou a mão para perto de si e girou os calcanhares, dando de cara com a estante de bebidas. Queria sair dali. Do campo de visão dele, do campo de visão de todo mundo, desaparecer. Virou-se lentamente de volta para frente do balcão, o balcão que ela usava como escudo contra o mundo, só para dar uma desculpa a si mesma logo depois, como se precisasse se justificar, e ir para a área de Jeremy Gilbert.

Já era tarde, e não demorou para que Klaus se tornasse o único cliente no Grill. Ele vinha bebendo mais do que o usual ultimamente. Mas o original tinha mil anos de idade e cultivava o álcool como um estilo de vida, e poucas vezes isso o impediu de fazer alguma coisa. Poderia intensificar um traço de comportamento preexistente, sim, mas essa era uma questão complicada, porque Klaus bebia para aliviar esses traços, não para agrava-los. Era um ciclo vicioso sem ponto de retorno. Ele poderia ser um alcoólatra, e talvez até fosse, de seu próprio modo, mas tão logo aquela onda de irritação e paranoia passasse, ele voltaria a beber menos.

Na verdade, apesar de ingerir aquele whisky por horas, secando duas garrafas, ainda não estava bêbado. Sua visão estava turva, seus pensamentos, mais lentos, sua voz, vaga, mas ainda poderia derrubar Damon Salvatore com a facilidade que se arranca a pétala de uma flor.

"Com licença..." — ele ouviu uma voz feminina falar, mas tão baixo que demorou a perceber que se referia a ele. Levantou a cabeça do copo para a moça diante de si. Ela desviou o olhar na mesma hora. "Já estamos fechando."

Ele levantou-se e pôs uma nota de cem dólares ao lado de seu copo. A garçonete a pegou silenciosamente, sem olhar em sua direção. Ela nunca olhava ninguém nos olhos, ele tinha percebido. O que aconteceu antes foi um acidente, uma coincidência.

Rapunzel limpou a garganta. "Sobre mais cedo... Me desculpe, eu não quis me intrometer. Foi... sem querer."

Ele deu de ombros. "Esse não é exatamente um lugar ideal para uma conversa íntima." Além do mais, não era nenhum segredo que ele e seus irmãos não estavam se dando bem. Como se algum dia eles tivessem. De qualquer forma, Klaus tomou para si o silêncio da garota e deixou o bar com passos de gato.

Para ele, era apenas o começo da noite, e ele ainda iria beber o que realmente o satisfazia.

—•°.-ˏˋ ♡ ˊˎ-.°•─

Rapunzel • N. MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora