Entre as folhas laranjas do outono, Klaus Mikaelson caçava como um lobo: rasteiro, silencioso, sozinho.
Ele estava disposto a ignorar o crime que certo lobo cometeu se ele o tivesse cometido apenas uma vez; no entanto, a pilha de corpos chegou a seis e ele não permitiria mais um. Sua teoria inicial era um inimigo – e haviam muitos suspeitos – tentando descredibiliza-lo, talvez o feitiço de uma bruxa tivesse descontrolado um de seus híbridos. Então, ele mandou Daphne verificar e, pela manhã, após uma pequena conversa com John Gilbert, ele recebeu sua ligação avisando que ela não conseguiu se comunicar com um único híbrido.
Sendo assim, Klaus já sabia quem iria matar.
Na névoa da sua raiva, desse ressentimento borbulhante, ele se permitiu pensar em Rapunzel, na vida que poderia construir com ela, na vida que ela era merecedora.
Não conseguia tirar aquele beijo da cabeça. Dois dias se passaram, nos quais cada segundo com ela foi um bálsamo, mas ela não quis beijá-lo novamente; ela era adversa ao contato, de vez em quando. Aprender a lidar com essas particularidades seria difícil, ela tinha camadas e camadas de traumas em sua pele. Tantas pessoas daquela cidade, pessoas estúpidas que não compreendiam o quão especial ela era, foram responsáveis por machucados dolorosos e cortes profundos que ardiam fulgurantes; para eles, ele não mostraria misericórdia.
Klaus não era uma boa pessoa e tampouco pretendia ser, ele era o monstro das histórias que os pais contavam para as crianças, porém para Rapunzel Donovan ele seria o cavalheiro na armadura mais brilhante.
Ele premeditou os pedaços do híbrido espalhados por aquela floresta.
E se Rapunzel descobrisse o que ele era? Talvez fosse melhor contar a verdade. Ele falara bastante disso com Ally, no dia em que a beijou. Talvez, quando fosse a hora certa, ele contasse a ela para que ao menos ela pudesse saber a sua versão, de que ele podia mesmo ser difícil mas ele não se fez assim, foi Mikael quem o destruiu. Ele havia contado a ela que era um bastardo. De início, ela não captou a origem de sua vergonha, ele precisou explicar. Rapunzel, filha de uma mãe alcoólatra que a humilhava e a agredia, também não compartilhava o mesmo pai com os irmãos. Cada um era filho de um homem diferente e nenhum teve contato com seus pais.
Ele focou o olfato num odor particular. Encontrou o rastro que procurava. Antes que pudesse segui-lo, seu celular tocou – era Rapunzel.
"Onde você está?"
"Perto da ponte..."
"Não, não, não..." ela interrompeu, o desespero latente em sua voz. "Não quero ir pra um hospital..."
Klaus sentiu apreocupação como um golpe. "Estou indo pra aí."
—•°.-ˏˋ ♡ ˊˎ-.°•—
Ele levou cerca de dez minutos para chegar à casa de Rapunzel. Sentindo o cheiro de sangue, abriu a porta, que estava destrancada, sem bater. "Rapunzel?", ele chamou, adentrando a casa. Encontrou-a sentada no chão, encostada contra o balcão da cozinha, abraçando os joelhos. Ele se abaixou para ficar na altura dela. Ela não olhou para ele, parecia estar pensando em outra coisa, desconectada. Klaus cuidadosamente afastou os braços dela, então vendo que o corte em sua mão esquerda. Ela soluçava, mas não tinha chorado – estava com medo de alguma coisa. "O que houve?"
Ela engoliu em seco. "Me cortei."
"Como isso aconteceu?"
"Com uma faca."
Ele suspirou, percebendo que não teria sua resposta. "Onde fica o kit de primeiros socorros?"
"Em algum desses armários."
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Rapunzel • N. Mikaelson
FanfictionA vida de Rapunzel Donovan sempre esteve de cabeça para baixo: diagnosticada com esquizofrenia na adolescência, ela ressente o fato de não ter podido assumir a responsabilidade pelos irmãos e se culpa pela negligência da mãe. Mas ela tinha sua própr...