♡ cap. 23 - ondas de sangue

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Demorei um pouco pra postar porque queria que ficasse perfeito, esse cap é importante e vcs vão perceber o porquê...

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Em sua época de estudante, Rapunzel presenciou a construção de um novo laboratório na escola. Quando o antigo foi oficialmente fechado, este ficou vago – uma sala vazia, isolada no final do corredor. Aquele tornou-se seu esconderijo.

Ela atravessou a correnteza de estudantes, tentando ao máximo não se destacar, mantendo a cabeça abaixada, abraçando um caderno. Ao entrar na sala, o barulho cessou. Sentou-se no canto, onde era impossível alguém vê-la mesmo se olhasse pela janela da porta.

Em um piscar de olhos, Klaus estava ao seu lado. Ele beijou seu rosto, lambendo as lágrimas que ela derramava todos os dias. "Quem te machucou agora, meu amor?"

Ela balançou a cabeça. Todo mundo, ela pensou, mas apesar de não proferir essas palavras elas soaram alto e claro. "Eu sei, eu sei", Klaus disse em seu melhor tom de consolação. Ele a puxou para si e, sem hesitar, ela deitou em seu colo. O carinho dele em seu cabelo a acalmou. Seu corpo parecia derreter e fluir como água. "Sei que é difícil pra você."

"Não sei porque ainda não me matei."

"Você quer viver. Só não quer a sua vida como ela está agora, mas ela vai melhorar, eu prometo."

Ela suspirou, virando-se para ficar deitada de barriga para cima. Conseguia ver o rosto de Klaus acima do seu. "Não me deixe."

"Nunca vou deixa-la. Eu te amo mais do que tudo."

"Vai ficar comigo agora?"

"Sempre."

Rapunzel sorriu.

Seu coração acelerou como um carro de corrida, cada vez mais veloz, até que ela despertou. A agitação crescente em seu corpo a obrigou a sentar na cama. Estava suada e trêmula, e, uma vez acordada, a típica vontade de chorar a cobriu como uma onda.

Foi um sonho bom? ela se perguntou. Não era a primeira vez que sonhava com Klaus cenários de seu passado. Sequer era necessário perguntar a Ally o motivo disso – embora ela tenha contado cada sonho em detalhes –, para ela era óbvio que era uma manifestação do seu desejo de ter conhecido Klaus antes. Em seus piores momentos. Ele a teria defendido do bullying, teria cuidado dela como fazia agora, teria tornado sua vida mais fácil de ser vivida.

Rapunzel respirou fundo, na tentativa de se tranquilizar. Uma vez, disse a Klaus que queria dormir sozinha; ele deixou que ela ficasse em seu quarto e foi para um dos quartos de hóspedes. No entanto, no meio da noite, ela sentiu falta dele e arrastou-se até sua cama.

Agora, ela estava realmente sozinha. A cama parecia grande demais, e inconscientemente ela procurava o corpo dele para aquecer o seu, encontrando apenas o vazio.

Faziam apenas quatro dias e a saudade já doía em seu peito. Elijah e Rebekah tentaram fazê-la companhia, mas ela sempre se esquivava; se não podia ficar com Klaus, preferia ficar sozinha. Seu namorado, por sua vez, ligava constantemente, mas falar ao celular não abatia sua solidão e ela não queria preocupa-lo. Não queria que ele abandonasse seu ateliê porque os cachorros estavam latindo alto demais dentro da sua cabeça. Não era justo.

Por sorte, as alucinações não estavam tão ruins. Eram suportáveis, detectáveis. Mas seu apetite esvaecia a cada dia. Elijah tentava tirá-la da cama: o mais longe que conseguiu foi leva-la a biblioteca. Eles conversaram por pouco mais de uma hora sobre arte, livros e histórias fantásticas, o que melhorou muito seu humor. Quando ela disse que não conseguia terminar um livro que não fosse de cálculo – sua mente sempre viajava entre as palavras, isso quando não era difícil entender tantas palavras em sequência –, ele se deu a missão de ler um clássico com ela, qualquer um de sua escolha.

Rapunzel • N. MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora