Prologo

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Filippo Fontana


Meus olhos se abriram lentamente e pude ver uma cascata de cabelos avermelhados jogados sobre o travesseiro ao meu lado. Pisquei mais algumas vezes, me remexendo da forma mais cautelosa possível na cama para não acordá-la e gemi baixinho, sentindo meu corpo levemente dolorido pela madrugada gigante que tivemos.

Marcella. Era esse o nome dela. Talvez fosse Bianca ou Giuliana. Inferno, eu deveria trabalhar a minha péssima memória para com os nomes das mulheres que levava pra cama. Não queria cometer nenhum deslize e desrespeitá-las chamando-as pelo nome errado.

Pietra!

A versão feminina do nome de meu sobrinho que eu já não via há cerca de duas semanas. Era por isso que tinha me encantado com a mais nova contratada de um dos clubes da região e fiz dela a minha escolha da noite.

Catarina me odiaria ao saber que utilizei de um de seus bebês para flertar com mulheres. Consigo facilmente imaginá-la de cara fechada, batendo o pé e mostrando fotos de sua nova vizinha, que era viúva e mãe de quatro crianças. Ela adorava tentar me converter ao casamento, dizia que eu deveria sossegar e dar orgulho aos meninos, para que quando eles crescessem não seguissem o caminho pervertido do tio. Dio, ser pai de quatro crianças definitivamente não era meu maior sonho.
Eu gostava da vida que tinha, de tudo que já havia conquistado.

Roma e Sicília vinham ganhando cada vez mais prestígio graças a nossa quantidade exorbitante de contratos, consegui associar a família Fontana a empresários que administravam os pontos turísticos dos locais, tendo praticamente metade dos lucros obtidos deles.

Parecia que o Filippo Fontana de dois anos atrás tinha triplicado a fortuna e poder da família, o que me tornava o Don mais jovens desde os primórdios da Cosa Nostra a conseguir tal feito.

Mas no último ano, uma família pequena conseguiu se sobressair nos negócios e estavam me trazendo algumas dores de cabeça. Os Moretti atacaram postos em pequenos arquipélagos localizados em torno da Itália, inclusive alguns que pertenciam a minha família.
Os desgraçados dominaram Le Forna Ponza, Forio, Arcipelago Toscano, L'Isolotto e metade da ilha de Capri, que ainda tinha 50% da ilha livre de negócios da máfia. Nunca tinha pesquisado à fundo que tipo de tratado fizeram para com os Moretti para manter aquilo, mas tem sido assim nos últimos 20 anos. O que eu mais admirava era a honra da palavra, por isso seria o único lugar que não discutiria no acordo que estava disposto a negociar com Lorenzo Moretti. O Don dessa família tão... quieta.

Eles nunca visaram territórios.
O negócio deles era exportação de mercadorias. Mas no último ano, meus negócios caíram muito e não estava gostando da postura do sujeito. Claro que ninguém de meu conselho aceitou o que propus, mas eu continuava sendo o Don da família Fontana e o que me fez crescer dentro da Itália nos últimos tempos fora a minha forma de quebras alguns códigos.

Ninguém considerava a família Moretti uma família tradicional mafiosa, mas se continuássemos a deixar que eles roubassem as exportações que passavam pelas pequenas ilhas que tinham comando, impedindo que atracassem em nossos portos, teríamos grandes problemas. Todos nós teríamos grandes problemas.

Ir sozinho era um risco.
Mas ir com meu conselheiro e soldados demonstravam que os Moretti eram uma ameaça e inferno, eles não eram. Eram bandidos sujos que não mereciam ser tratados como pessoas que seguiam as regras impostas pela máfia. Um bando de oportunista roubando de todos, sem olhar a quem.
Eu era o primeiro em anos a tentar negociar com eles, já que meu pai sempre achou uma bobagem sem tamanho. Se os Moretti não tinham territórios e associados, não mereciam nosso tempo. Ah, mas eu pensava o contrário.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora