Venticinque

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Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas todos dentro do iate estavam me olhando. Os homens de Filippo me encaravam de uma maneira diferente e aquilo me fez ficar levemente desconfortável. Não sabia se ele tinha notado isso, mas conforme caminhávamos até a área onde meus pais estavam, senti que os olhos deles não saíam de mim em segundo nenhum.

Agora já deviam saber de quem eu era filha, mas não imaginava que isso fosse mudar a forma que fossem me tratar ou falar comigo. Ainda era a mesma Olívia Valente de sempre e jamais assumiria o sobrenome Moretti. Dio, nem o via como meu verdadeiro pai!

Encolhi os ombros e mordi meu lábio inferior, tropeçando nos próprios pés assim que Filippo parou em frente a um corredor que levava aos quartos. Até tinha me esquecido de que estávamos dentro de um iate. Nunca me acostumaria com o tamanho daquela coisa.

Leonardo estava parado em frente ao hall, os olhos semicerrados e sérios, além de um enorme hematoma cobrindo um deles. Engoli em seco, sabendo que Filippo quem foi o responsável por aquilo. A maneira com que seu conselheiro estava postado ali demonstrava bem que queria trocar algumas palavras com ele.

- Mariah e Sergio estão no mesmo quarto? - Filippo perguntou.

- Ela pediu pra ficar sozinha. O colocamos em outro. 

Senti como se eu não estivesse ali. Os homens se encaravam e havia tanta tensão, que dei um passo discreto para o lado, só para ficar mais próxima de Filippo e impedir que acabassem brigando. Sei que o soco que ele tinha dado no amigo, foi só para mantê-lo longe da situação toda, mas imaginava que aquilo havia ferido o ego de Leonardo.

- Poderia chamá-lo, Leonardo? - Pedi, querendo quebrar toda aquela situação - Queria conversar com ele e minha mãe juntos.

- Providenciarei isso agora mesmo, senhorita Valente. - Finalmente os olhos dele encontraram os meus e deu um sorriso suave - Algo mais?

- Não, grazie.

- Precisamos conversar, Don Fontana. - Leonardo voltou a encarar o chefe, enquanto me deixava espaço o suficiente para que pudesse passar por ele.

Senti que meus pés estivessem presos ao chão, por um instante estava quase desistindo da ideia de conversar com meus pais agora, já que aqueles dois estavam se encarando cheios de raiva e tensão. Esperava que aquilo fosse algo natural de mafiosos, eles eram melhores amigos, não eram? Argh, não acreditava que tudo seria só preocupação hoje! Estava tão cansada.

Estranhei ao ver que haviam dois homens postados na frente da porta do quarto que minha mãe estava. Se estávamos todos dentro de um iate da família Fontana, por que estavam parados ali?

Eles rapidamente liberaram a minha passagem e quando adentrei no cômodo luxuoso, meus olhos encheram de lágrimas e minha mãe veio até mim, me abraçando bem forte. Me permiti então chorar, afundando o rosto na curva de seu pescoço e ombro, deixando que toda a angústia, saudade e preocupação que me tomavam, fossem lavadas pelas lágrimas:

- Graças a Deus você está bem.  - Ela tomou meu rosto com as duas mãos, como se analisasse cada detalhe meu - Minha menina linda, fizeram algum mal a você?

- Não, mãe... Claro que não. - Respirei fundo, sabendo que essa conversa tinha que acontecer - Por que nunca me contou?

Ela se afastou, limpando as próprias lágrimas e seguiu até a cama, sentando-se na beirada e me chamando para que me juntasse à ela. Me sentei de frente para minha mãe e suas mãos tomaram as minhas de novo, num carinho suave e delicado. A vi sorrir suavemente ao ver o esmalte clarinho que estava em minhas unhas e seus olhos novamente voltaram aos meus:

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora