Trentuno

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A brisa gelada da noite parecia estar melhorando e a temperatura estava se tornando mais agradável. Mesmo dentro do carro, me sentia mais aquecida e uma ansiedade gostosa começava a me tomar. 

Observava aquele lugar perfeito pela janela, adorando ver a lua tão cheia naquele céu estrelado e limpinho. Ainda não tinha ideia do que seria minha surpresa, mas só de ter aquela vista incrível nos acompanhando, já estava me sentindo realizada.

Filippo dirigia para longe do local que estávamos e agora,  a vista do Monte Vesúvio ficava cada vez mais distante, lembrando muito os cartões portais que vendiam nos estabelecimentos turísticos da cidade. Franzi a testa quando o carro entrou numa estrada de terra e o encarei, vendo que tinha um sorriso travesso nos lábios e os olhos focados na direção:

- Para onde é que o senhor está me levando, Don Fontana?

Me afastei da janela para aproximar mais meu corpo do dele e o envolvi com um dos braços, percorrendo minha mão por ele, até que meus dedos tocassem nos seus, que estavam em torno do volante.

- Se eu te contar não será surpresa, não é mesmo?

Sorri, encostando a cabeça em seu ombro e pensando em tudo o que tinha acontecido naquela noite. A maneira com que Lorenzo nos olhava, como a tensão dominou muitas das vezes a fala de todos os homens durante o jantar. Agora tudo ficaria bem. Lá no fundo do meu coração eu sentia isso... Como pai, Lorenzo teria que aceitar minha escolha e se me amasse de verdade, conseguiria enxergar de longe que Filippo era o meu grande amor e que cuidaria de mim em tudo o que eu precisasse.

Parecia que estávamos subindo uma montanha e fiquei ainda mais ansiosa a respeito do que seria minha surpresa. Ali não parecia ser um lugar abandonado e por mais que a estrada fosse de terra, era muito bem cuidada, com cercados para proteger as árvores enormes e com folhas verdes que ficavam em torno da trilha misteriosa.

O encarei de novo e dessa vez ele retribuiu, tirando uma das mãos do volante só para entrelaçar os dedos nos meus e beijar suavemente meu dorso. Senti um arrepio gostoso me tomar e a ansiedade ficar ainda maior. Mordi meu lábio inferior, querendo decifrar aqueles olhos e antes que pudesse falar algo, Filippo suspirou:
- Quase lá, pequena.

Depois de uma curva fechada, entramos em uma clareira no topo de uma montanha e mesmo que ainda estivéssemos dentro do carro, perdi o fôlego ao notar que ali era possível ver toda a cidade, inclusive o enorme monte Vesúvio ao fundo, transformando a paisagem em uma pintura perfeita feita pela natureza.
Pisquei surpresa e deixei o veículo, notando que Filippo manteve as luzes frontais do mesmo acessas para a gente. A lua estava cheia e iluminando tudo, assim como todas as casinhas da cidade, com seus pontinhos dourados, brancos e laranjas, vindo das luzes que continham nelas. 
Nunca tinha visto algo tão perfeito assim e a emoção me tomou, fazendo com que meus olhos se enchessem de lágrimas.

Era como se estivéssemos em uma nuvem no topo dos céus, enxergando toda a grandeza que era Nápoles, com a escuridão misteriosa e bela dos mares a envolvendo, também aquele monte lindo que já fora um vulcão ativo e toda a cidade pintada em cores intensas misturada com o toque acinzentado dos prédios e casas.

Se durante a noite, aquela vista já era extraordinária, fiquei me perguntando como seria estar ali ao amanhecer ou entardecer. Ver o nascer ou o pôr do sol ali, deveria ser incrivelmente relaxante.

- Sei que deve sentir falta do seu lugar seguro em San Luigi, mas... agora que está vivendo aqui, achei que pudéssemos arrumar outro.

Filippo chamou minha atenção e dei um sorriso suave, erguendo uma das mãos só para limpar a lágrima teimosa que escorreu de um de meus olhos. Me aproximei dele, o envolvendo num abraço forte e afundei o rosto em seu pescoço, adorando o cheiro que vinha de sua pele:

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora