2 dias e ele continuava desacordado.
A febre tinha abaixado, mas ainda assim, vez ou outra tinha que pegar uma toalha fria e fazer uma compressa em sua testa. Deixávamos sua camisa aberta durante algumas horas, já que o verão estava mais quente do que o normal e não tínhamos nada para refrescá-lo melhor. O ferimento estava estabilizado e o único sinal de infecção que tivemos fora na madrugada de ontem.Estava ali sentada ao seu lado, tentando mais uma vez diminuir a febre que fazia com que gemesse baixinho e tremesse inteiro, mas já era nítida a sua melhora. Até a pele dele havia melhorado no tom.
Durante as últimas quarenta e oito horas muitas coisas se passaram em minha mente. Quem ele seria, de onde pudesse ter vindo e o porquê de o machucarem daquela forma tão cruel. Os ferimentos de seu rosto estavam menores também, deixando ainda mais nítido seus traços bonitos e bem cuidados.
Cassandra achava que ele fosse algum mulherengo que sofreu retaliação de um marido vingativo. Devido suas vestimentas e pelo queixo de ''homens que não prestavam''. Aquelas foram as palavras dela. Antônio, o filho dela de oito anos já achava que ele era o Aquaman, o que fez todos rirem enquanto conversávamos sobre.
Os tremores dele foram passando aos poucos e quando verifiquei sua febre de novo, respirei aliviada de ver que tudo estava bem. Toquei a área do ferimento, coberto por uma gaze e ele gemeu baixinho. Mordisquei o lábio, culpando a mim mesma por ter sido brusca demais e franzindo a testa, analisei se tudo estavam em ordem, mesmo que de longe.
- Você vai ficar bem.
Sussurrei, olhando-o antes de deixar o quarto e ver minha mãe sentada em uma das cadeiras, com uma mão sobre a mesa e outra sobre a cabeça, tamborilando os dedos entre os cabelos e parecia pensativa. Me aproximei e me sentei em sua frente, sabendo que estava adiando a tal conversa que ela estava tentando ter desde que trouxe o homem pra nossa casa:
- Dois dias e ele sequer abriu os olhos. - Não havia compaixão em sua voz - Dois dias e a única coisa que tem feito é nos fazer gastar dinheiro com remédios. Dinheiro que não temos. Dio, Olívia. Sérgio tem trabalhado dia e noite e o verão fez com que os peixes fugissem daqui devido a temperatura da água. Como pagaremos todas essas contas? Acha que ele ficará grato e nos ajudará nas despesas? Já não temos problemas demais?
- Estamos salvando uma vida! A febre dele diminuiu. Quando ele acordar, vam...
- Vamos o que? - Ela me interrompeu, batendo contra a mesa - Não sabemos quem ele é. Você sabe muito bem o que ele pode ser.
Fiquei surpresa por termos demorado dois dias para entrarmos naquele assunto: a máfia.
Mamãe nunca gostou de mafiosos e a única coisa que dizia era que seu irmão mais novo, Manuel, havia ficado deslumbrado por aquele mundo, sendo seduzido por homens do meio e pouco tempo depois que se juntou a um grupo de mafiosos, acabou sendo traído e morto por eles. Nem entregaram o corpo de volta para que pudessem dar um enterro digno ao meu tio e isso deixou minha mãe mal por anos. Bem, ela continuava muito mal. A história a assombraria pra sempre.
- E o que nos tornaríamos se tivéssemos deixado esse homem pra morrer na beira da praia, mãe? Seríamos diferentes dos mafiosos? Porque quero ser melhor do que eles.
Sua mão buscou a minha e ela entrelaçou nossos dedos, dando um sorriso suave, franzindo a testa e dando um suspiro pesaroso. Via um certo carinho em seu olhar, carinho misturado a admiração, mas sabia que tinha algo a mais ali:
- Olívia, você é uma mulher incrível. - Mamãe levou meu dorso até seus lábios, onde depositou beijos carinhosos e em seguida, baixou o olhar com vergonha - Mas se ele não acordar até amanhã, chamarei a polícia.
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Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro II
Literatura FemininaOBRA CONCLUÍDA!!!!!!!! ESTE É O SEGUNDO LIVRO DA DUOLOGIA FAMÍLIA FONTANA!! São Só Negócios é o primeiro da saga!!! Filippo Fontana tornou-se o Don da família depois dos acontecimentos com a família Sorrentino. Agora que dois anos se passaram, ele a...