Diciassete

2.6K 234 190
                                    



Era madrugada quando despertei e não encontrei Filippo ao meu lado. Aquilo me deixou confusa, já que pelo que havia me falado mais cedo, não teria nenhuma reunião durante a manhã. Saí da cama e vesti um roupão para procurar por ele. A mansão parecia ainda maior durante a noite e dessa vez, não tinham dezenas de seguranças espalhados pelos corredores.

Vi um feixe de luz por baixo de uma porta grande que ficava nos fundos do corredor do primeiro andar e segui até lá. Pelo tour que tinham feito comigo dias antes, ali ficava a sala de reuniões dos mafiosos.

Apertei um pouco mais o nó do roupão que usava e segui até lá, abrindo a porta e encontrando Filippo sentado na poltrona, os olhos fixados na tela de seu computador. Mal tinha notado minha presença.

Seu peitoral estava nu e imaginei que continuava vestindo a calça de pijamas que havia colocado pra dormir, indicando que realmente não tinha intenção de sair para algum lugar às três e meia da manhã. 

Seus olhos brilhavam, mas sua feição não era nada relaxada. Sua mandíbula estava tensa e suas sobrancelhas levemente franzidas. Apoiava uma das mãos no queixo, enquanto a outra estava sobre o teclado de seu computador. Mordi o lábio sem graça, hesitante em saber se valia à pena atrapalhá-lo e quando estava prestes a sair, seus olhos me encontraram e ele se moveu na poltrona:

- Per Dio, Liv! Acordei você?

- Não. Eu despertei agora, acho que senti que não estava na cama. - Dei um sorriso ainda meio tímido, sem sair de perto da porta.

- Venha aqui. - Filippo arrastou a poltrona pra trás, me chamando para seu colo.

Assenti com a cabeça e fechei a porta atrás de mim, caminhando devagar até contornar aquela enorme mesa e me aproximar dele. A sala era imensa e mesmo a meia luz, notei uma pintura gigantesca de uma bela mulher em uma das paredes. Não era algo aleatório como obras renascentistas ou algo antigo, tinha algo familiar naquele rosto.

- O que te tirou o sono? - Perguntei, enquanto me encaixava em uma de suas coxas e o envolvia pelo pescoço. A tensão era nítida em Filippo e seus ombros estavam duros feito pedra.

Meus dedos se enfiaram entre seus cabelos bagunçados, o que o deixava com um ar até mais jovial e um sorriso suave brotou em meus lábios. Ele respirou bem fundo, baixando o olhar. Parecia estar gostando do meu carinho:

- São problemas envolvendo meus negócios, bambina. Não se preocupe.

- E não pode compartilhá-los comigo? - Sussurrei num tom doce, usando minha outra mão para segurar seu queixo. Acariciei sua barba com carinho e mantive os olhos nos dele - Eu quero te ajudar de alguma forma.

Filippo sorriu, passeando uma de suas mãos em minha coxa exposta, me dando um carinho sem segundas intenções, mas que me arrepiou inteira:

- Se você me contar o real motivo de ter chorado mais cedo, talvez eu possa te contar uma ou duas coisas.

Claro que ele não tinha acreditado em mim! O homem analisava cada uma de minhas expressões e com certeza lidava com todos os tipos de pessoas em seus negócios. Deveria saber quando alguém estava mentindo ou não. 
Minhas bochechas coraram e pisquei algumas vezes, totalmente sem graça:

- Filippo...

- Temos um acordo, senhorita Valente? - Ele me interrompeu, dando um de seus sorrisos charmosos e foi impossível negar.

- Tudo bem, senhor Fontana. Temos um acordo. - Me debrucei contra seu corpo, só para beijar seus lábios de forma demorada.

Meus olhos finalmente encararam a tela do computador e vi a foto de Lorenzo Moretti ali. Era um convite para uma festa em um dos salões mais caros de Milão, já tinha visto o local em uma reportagem pela televisão. Grandes celebridades e até desfiles de moda aconteciam lá. E agora estava sendo alugado para uma celebração envolvendo o atual candidato a prefeito de Roma, Matteo Carraro. Meu coração apertou e foi impossível não me lembrar das palavras de Cassandra.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora