Sette

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Olívia Valente


O sofá nunca tinha sido tão desconfortável como foi na noite passada. Por mais que eu buscasse uma posição para dormir, não conseguia pregar os olhos. Minha mente estava agitada, meu corpo queimava e o formigamento em meus lábios fazia com que eu só conseguisse me lembrar da maneira que Filippo me beijou.

Havíamos nos beijado.

Os sons graves de seus gemidos, a forma firme com que me prendeu contra seu corpo tão másculo, sua ereção tão dura pressionada em mim. Como eu conseguiria dormir depois de tantas sensações juntas?

Ouvi quando meu pai se levantou antes das cinco da manhã para ir trabalhar, também quando minha mãe o beijou e desejou que tivesse um bom dia. Ela sempre cantarolava uma música regional sobre bom tempo e boa pesca. Depois, focava em preparar o café da manhã da gente. Primeiro o dela, depois o meu no decorrer das horas, já que amava nos servir com alimentos frescos e café quentinho.

Me coloquei de pé depois de um tempo e segui para o banheiro, me preparando para começar o dia e ir trabalhar. Troquei de roupas e mordiscando o lábio inferior, levemente curiosa, segui até a porta de meu quarto, onde Filippo ainda dormia. Seu rosto bonito estava sereno e sua mão estava em torno de seu abdômen. Minha feição se fechou em culpa, lembrando-me da forma tão forte que o prendi contra mim e...

- Está espiando, filha?

Levei um susto ao ouvir a voz de minha mãe e me virei para encará-la, dando um sorriso tímido em seguida:

- Pensei tê-lo ouvido gemer de dor. - Menti.

- É mesmo? - Ela ergueu uma de suas sobrancelhas - E como foi a noite de ontem?

Dei de ombros, saindo dali e caminhando em passos rápidos até a cozinha, pegando algo pra comer rapidamente só pra me livrar daquele olhar tão cheio de desconfiança. Minha mãe sabia que algo tinha acontecido, ela era boa em avaliar expressões e ontem foi embora com meu pai sem que notássemos. Já que Filippo e eu estávamos completamente focados em dançarmos um com o outro.

- Foi muito boa. - Tomei um gole de café e mordi um pedaço do pão em seguida - Não vimos vocês saindo.

- Eu sei disso. - Minha mãe tocou em meus ombros - Filippo cuidou de você?

Mais flashes da noite passaram voltaram em minha mente e quase acabei me engasgando com o pedaço de pão com aquela pergunta. Deixei a comida de lado, me sentindo levemente sem graça por aquele papo com ela e me coloquei de pé de novo, a beijando na bochecha e dando um sorriso amarelo:

- Ele foi ótimo! Eu vou sair mais cedo hoje, tenho algumas entregas pra fazer. Ti amo!

Me afastei rapidamente e peguei minha bolsa já cheia de encomendas que entregaria para meus clientes ao longo de todo o vilarejo. Ao sair, fechei os olhos com os raios de sol tocando em minha pele e respirei fundo, adorando a sensação que aquele formigamento gostoso me causava. Ali era meu paraíso particular e nada jamais mudaria aquilo.

Acenei para alguns pescadores que passavam por mim, algumas famílias e crianças e fui nos endereços que tinha anotado em meu pequeno bloco de notas, fazendo a entrega de peças de roupas e também de toalhas que desenhava e bordava. Já no fim da manhã, encontrei Cassandra mais grávida do que nunca, com uma sacola de alimentos em uma das mãos e uma outra cheia de frutas. Franzi a testa preocupada e me aproximei para ajudá-la:

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora