Sei

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Era a primeira noite que eu tinha dormido relaxado.
Um sábado, penúltimo dia que ficaria ali naquele lugar e senti que finalmente meu corpo estava voltando a ser o que era antes. As dores mal me incomodaram, as febres tinham sumido já há tempos e a única coisa que ficou comigo foi uma paz e um relaxamento que deixou até aquele colchão um pouco mais confortável.

Quando abri os olhos, os semicerrei logo em seguida, sentindo a claridade do sol incomodar as minhas vistas, mas pude ver que Olívia estava bem ali, dobrando uma pilha de roupas, com um sorriso doce e receptivo nos lábios:

- Buongiorno, Filippo. Como dormiu?

Passei a mão em minha barba, preguiçoso e sonolento. Além de estar me sentindo levemente... Ah! Me movi na cama, sentindo uma certa sensibilidade e notei que tinha uma fodida ereção matinal, fazendo um volume expressivo no tecido fino que me cobria. Arregalei os olhos surpreso, amassando o lençol para cobrir melhor a área e me sentei, soltando um gemido de dor. Inferno!

- Está tudo bem? - Olívia me encarou por sobre seus cílios, dobrando outra peça.

- Eu... - Ela não precisava de mais um trauma pra conta, principalmente depois da história que tinha me contado dois dias atrás - Pode me dar um minuto?

Sua feição era divertida e imaginei que não tivesse notado o que estava acontecendo ali. Pisquei algumas vezes, limpando a garganta em seguida, esperando que Olívia saísse dali. Dando um sorriso e de ombros, ela o fez:

- Claro. Mas não fique tão sem graça... - Ela caminhou até a porta e me olhou por sobre os ombros - Isso tem acontecido todas as manhãs, desde que chegou aqui. Até depois!

Minha feição era puro choque e minha única reação seguinte possível foi encarar o amontoado que fiz com o lençol entre minhas pernas, cobrindo meu pau duro que gritava através do tecido da bermuda que usava para dormir. Todas as manhãs, desde que cheguei ali. Meu corpo estava me traindo até quando eu estava debilitado? Que embaraçoso!

Segui para o banheiro um tempo depois, tomando uma ducha gelada para acalmar os nervos e também despertar . Então me vesti com mais uma daquelas camisas floridas, aquela era amarela ouro, o que me fez rir baixinho. Conseguia facilmente imaginar a cara de meu pai ao me ver com uma roupa daquelas. Sofreria um outro começo de infarto. Dio, estava com tanta saudade deles...

Fui até a cozinha e Mariah finalizava um café fresco, dando um sorriso receptivo ao me ver ali:

- Buongiorno, Filippo. Como está se sentindo hoje?

- Ansioso para voltar à Nápoles. - Peguei duas xícaras, a servindo com um pouco da bebida e me servindo também e fiz menção para que me acompanhasse na mesa.

Quando nos sentamos, notei que os olhos dela me encaravam e que estava hesitante para me  falar algo. Eu sabia que não tinha contado muito sobre mim e que provavelmente tinham milhares de perguntas sobre de onde eu vinha, quem eu era e o porque de ter sido baleado, mas mesmo assim, nenhum deles nunca me olhou como se eu fosse alguém ruim.

- Quem te aguarda lá? - Perguntou por fim, levando a xícara nos lábios, sorvendo a bebida.

- Meu pai, minha irmã, meus sobrinhos... - Falar deles me deu um leve aperto no peito. Pietro e Romeo estavam com pouco mais de sete meses de vida e eram as crianças mais preciosas do mundo todo - Acordei com bastante saudade hoje.

O sorriso dela foi acolhedor e sua mão tocou a minha com carinho:

- Família é nosso bem maior e gostei do brilho que vi em seus olhos ao falar dos seus. Acho que não há nada que eu não faria para proteger minha filha ou meu marido. A vida não é fácil pra ninguém, mas se temos amor, o amargor das batalhas diárias fica mais leve.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora