Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro II

Dieci

Filippo Fontana

Não dormi durante o resto da noite.

Quando não estava me perdendo dentro de Olívia, estávamos só conversando a respeito daqueles dias malucos que eu tinha vivido ali. Tudo tinha sido intenso demais e agora estava a poucos minutos de chegar ao fim.
Por mais que eu tivesse feito com que ela prometesse que iria para Nápoles, assim que soubesse quem eu realmente era, poderia nunca mais querer olhar em minha cara. Voltamos para sua casa um pouco antes do amanhecer e deixei que tomasse um banho antes de mim. O dia já vinha surgindo e os raios de sol entravam pela pequena janela que ficava em uma das paredes daquele banheiro tão simples.

Enquanto me banhava, olhei também para meu ferimento, sabendo que ficaria uma cicatriz que me acompanharia pelo resto da vida. Fazendo-me lembrar de minha irresponsabilidade como Don, fazendo-me lembrar de que só estava vivo porque uma família totalmente contra mafiosos havia cuidado de mim, fazendo com que eu me lembrasse também, que respeito e honra iam muito além do que poder e territórios conquistados.

Me vesti com as roupas que haviam separado para que eu fosse embora e quando saí do quarto, vi que Olívia segurava o terno que tinha me encontrado na beira da praia. Seu sorriso foi suave e abaixou os olhos para que eu não notasse sua expressão triste:

- Eu lavei e depois costurei o local do tiro, mas... Não queria que fosse embora com uma roupa assim. - Ela tocou na área onde com toda sua experiência havia dado um fim no buraco da bala. - Mas deve ser uma roupa cara e não sei se ainda quer.

Ah, Dio... Eu nunca me acostumaria com toda aquela simplicidade dela. Aquele definitivamente não era um de meus ternos mais caros. Nem usaria algo do tipo pra ter uma reunião como alguém como Lorenzo Moretti. Dei um passo em sua direção, agradecendo por aquele corredor ser tão pequeno e seu cheiro me atingiu como uma bala. Ergui minha destra e toquei em seu rosto, acariciando sua bochecha delicada, louco para beijá-la:

- Que tal deixarmos aqui como forma de garantia? Assim eu posso voltar pra pegar.

- Eu acho uma ótima ideia. - Olívia apertou o tecido contra o peito e se colocou na ponta dos pés para alcançar meus lábios e roubar um beijo - Deveria comer algo antes de ir. Tem algumas horas de barco até Nápoles.

Abri um sorriso, roubando mais um beijo de sua boca e me afastei, afirmando com a cabeça, indo até a cozinha e vendo que ela também havia preparado um sanduíche para que eu comesse. Me virei, notando que Liv continuava parada no corredor, ainda mantendo meu terno contra o peito e respirei fundo.

- Ei, principessa...?

Ela se aproximou e logo atrás seus pais saíram do quarto deles. Mariah trazia uma caixinha pequena nas mãos e Sergio tinha um sorriso enorme nos lábios. Ambos me abraçaram ao mesmo e aquilo apertou meu coração. Definitivamente eu faria algo para compensá-los, mesmo San Luigi não fazendo parte de território nenhum:

- Queremos te dar algo antes de ir. - A mãe de Olívia me estendeu a caixa - É uma forma para que se lembre da gente.

Abri a tampa da surpresa e um sorriso tomou meu rosto. Era o anzol que tinha usado para meu primeiro peixe. Nunca havia feito algo do tipo na vida, nem mesmo com meu pai. Imaginava o que ele iria dizer quando soubesse que pesquei alguns dos grandes.