Otto

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Filippo Fontana

Sem previsão de volta pra casa...
Sem data nenhuma e eu estava num misto estranho de sentimentos. Era bom saber que teria mais tempo para aprender mais sobre aquela família tão incrível e ao mesmo tempo, cada dia que passava sentia mais falta da minha.

Me sentia preso numa realidade paralela onde eu era pobre, sem poder, sem seguranças e tinha que lavar minhas próprias roupas se quisesse ter algo pra usar no dia seguinte. Comida não era banquete nenhum e a diversão era ficar na beira da praia vendo o sol se pôr. Ou então, Olívia me levava ao seu lugar seguro onde assistíamos a lua e nos beijávamos até que ela ficasse com medo de me machucar, daí parávamos e aproveitávamos a companhia um do outro.

Eles viviam com menos de mil euros por mês e aquilo era um choque! O que faziam, como multiplicavam aquele dinheiro, tudo ainda era um mistério pra mim. Mas teriam a minha admiração eterna por conseguirem isso.

Mais dois dias se passaram e eu já não tinha tanto problema com sangramentos. O ferimento estava se fechando e graças a uma faixa que Olívia havia comprado para mim, sentia-me bem mais seguro para ajudá-los nos afazeres domésticos e também carregar algumas coisas. Não tínhamos notícias do dono do barco que transportava as pessoas para Nápoles e na televisão não passava nada além das eleições estaduais que estavam prestes a começar.

Se houvesse ao menos alguma forma de me comunicar com minha família e dizer que estou vivo, ficaria bem mais tranquilo estando ali.

Sergio havia me chamado para aprender pescaria, já que estava me movimentando melhor e vivia inquieto. Sentia falta de cigarros também, o que provavelmente me ajudaria nessas mudanças de humor, mas jamais pediria para que gastassem mais do que já gastavam comigo.

Acordaríamos antes das cinco da manhã e estava até ansioso para participar de algo tão diferente, que com certeza faria parte dos aprendizados que levaria comigo. Tentava não pensar tanto no que Lorenzo havia feito, mas era grato pela forma que aprendi a minha lição. Quebrar regras estava sendo algo que usava para garantir mais respeito e territórios. Mas fazer isso quase tirou minha vida! O que acabou me mostrando que não precisávamos de muita coisa pra obtermos respeito e aquela família ali me ensinou aquilo na prática.

Olívia me ajudou a despertar no dia seguinte e seu sorriso doce ajudou com que eu saísse da cama sem maiores problemas. 
- Estou orgulhosa de você... - Disse ainda sorrindo, me entregando uma muda de roupas e uma toalha - É melhor tomar um banho gelado e tomar alguns remédios pra dor. Meu pai é um dos pescadores mais habilidosos da região e tem fama de não ter paciência com quem está começando.

- Você sabe bem como animar um homem, hum? - Brinquei, me afastando dela e indo até o banheiro.

Acho que uma das últimas vezes que tinha acordado tão cedo, foi quando minha família havia sofrido um atentado próximo a nossa mansão. Explodiram um carro e efetuaram tiros contra nossa guarita. Sempre dormia com uma pistola debaixo do travesseiro desde o acontecido e ali, sentia que não precisava daquelas coisas. 

Fiz o que Liv tinha indicado e deixei o chuveiro quase frio, o que fez com que eu soltasse um gemido baixo com a água gelada batendo em minha pele. Acabei despertando completamente e quando me vesti e segui até a cozinha, vi que Sergio e Mariah pareciam bem animados com minha participação nos negócios deles.

- Um café sem açúcar pra você, Filippo - A mãe de Olívia me entregou uma xícara, tendo nos lábios um sorriso que ia de orelha à orelha.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora