Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro II

Sedici

Olívia Valente

Foi estranho acordar sozinha naquela cama enorme. Faltava algo, o que tornava o espaço vazio ainda maior do que já era. Estava sem Filippo... Fiquei encarando seu travesseiro por alguns segundos, só para me lembrar do quanto foi ótimo vê-lo caindo no sono aos poucos na noite de ontem e ficando ainda mais bonito do que já era. Sua expressão serena e preguiçosa era a cena mais bonita que eu poderia ver na vida. Suas sobrancelhas grossas, seu nariz perfeito e lábios grossos formando um leve sorrisinho de quem estava... satisfeito, me deixava com mais saudade.

Sorri, ainda perdida naquelas lembranças tão intensas e me levantei, pronta para descer e ver onde ele estaria. Será que já tinha saído para suas reuniões de mafioso? Deus, eu ainda não conseguia assimilar esses fatos.

A forma com que ele falava comigo, com que me tocava e como fazia com que me sentisse a mulher mais linda do mundo não parecia nada com as coisas que eu já tinha visto e ouvido falar a respeito de tratamentos mafiosos.

Enquanto jantávamos ontem junto com seu pai, sua irmã e seu cunhado, os funcionários rapidamente vieram até o quarto de Filippo e colocaram todas as minhas roupas num espaço que ele havia reservado para mim no closet. Nem acreditava no quanto podiam ser rápidos ali. Após um banho relaxante, vesti um de meus vestidos e mordi o lábio ao encarar meu reflexo naquele espelho que com certeza me faria pensar no que fizemos ontem pelos próximos dez ou vinte anos.

Me arrepiei ao me lembrar do som rouco da voz dele e de como seus dedos sabiam exatamente onde me tocar. Sorri, balançando a cabeça para não morrer de saudades e segui quarto a fora, me espantando ao ver que haviam seguranças espalhados até pelo corredor.

'' Buongiorno, senhorita Valente.'' Foi o que ouvi até chegar no andar debaixo e ver Catarina como uma deusa, tentando alimentar um de seus gêmeos, que tinha a boquinha toda melada de comida, enquanto o outro estava nos braços da babá, batendo palminhas ao ouvir a música que a mulher cantarolava.

- Olívia! Bom dia! - Ela parecia animada e abriu um largo sorriso bonito, vindo em minha direção e me recebendo com um abraço - Ainda nem acredito que está aqui! Eu tô amando tudo isso! Me desculpe toda essa bagunça, meus meninos sempre travam uma batalha quando o assunto é alimentação.

Sorri meio tímida com todo aquele carinho da parte dela e ela se afastou de novo, voltando a atenção ao bebê, que preso na cadeirinha, choramingava cheio de fome. Fiquei assistindo aquela cena, ainda meio perdida e sem saber o que fazer. 

- Pensei que pudéssemos sair hoje. Só nós duas. - Ela voltou a falar, enchendo a colher com o que estava dando pro bebê - Não se preocupe com os meninos, eu tenho ajuda o tempo todo e bem, como você já deve ter reparado os homens da casa não ficam muito em casa. Filippo e Leo saíram antes das sete da manhã. Tinham reunião em Roma e provavelmente voltam no final da tarde.

Minha expressão foi puro descontentamento. Seria assim dali pra frente então? Eu mal o veria? Meu coração se apertou e reparei que Catarina tinha notado como eu fiquei. Ela se aproximou de novo, fazendo um biquinho:

- Ei, ele vai voltar pra mansão. Agora tem um motivo especial pra isso. - Seu sorriso me relaxou um pouquinho - Não tem ideia do quanto é importante saber que o Filippo finalmente voltou a abrir o coração dele depois de... - Ela não quis finalizar a frase, parecia hesitante, mas sabia de quem queria falar.