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Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento, com o barulho constante da música alta e pessoas conversando e rindo alto. E além de tudo me sinto tonta com tantas luzes coloridas piscando em minha volta.

- Dance um pouco Sina. - Any diz ao meu lado.

Estar nessa festa só deixa ainda mais claro que não nasci para essa agitação toda. Prefiro minha sala de aula com as minhas crianças, do que essa bagunça sem fim.

De repente me assusto quando alguém me abraça por trás e começa a dançar comigo.

Tento me soltar do aperto, mas é inútil. E mesmo que eu grite o idiota não irá me ouvir e ele não parece nem um pouco afim de me liberar do seu aperto.

Depois de muitas tentativas frustrada de fulga, acabo pisando com toda força no pé do imbecil que me solta em seguida.

Ele grita algo enquanto me encara bravo. Se tivesse me soltado na primeira vez que tentei fugir, nada disso teria acontecido.

Não dei nenhuma liberdade para o imbecil chegar se esfregando em mim.

Deixo Any dançando e começo a caminhar para longe daquela bagunça toda. Cada passo que dou sinto uma pontada horrível na minha cabeça.

Não estou acostumada com essa agitação e com toda certeza nunca vou me acostumar com isso. Gosto da minha vida monótona.

Começo a andar por um corredor iluminado, com várias portas dos dois lados. No fim do longo corredor tem uma porta maior que as outras, o que atiça minha curiosidade.

Ao chegar de frente à porta, bato nela duas vezes e chamo por alguém. Não aparece ninguém para me atender, então olho em volta e percebo que sou a única no ambiente. Giro a maçaneta da porta e a abro lentamente.

Adentro o quarto olhando em volta, e vejo que está vazio.

- Uau. - Digo boquiaberta.

O apartamento onde moro cabe dentro do quarto e ainda sobra espaço pelo que estou vendo.

Fecho a porta atrás de mim e começo a andar em direção a uma enorme janela, ao lado da enorme cama.

Me sento na poltrona de frente para a janela, e sinto a brisa suave da noite invadir o quarto.

Suspiro aliviada, pois não tem ninguém gritando ou rindo alto ao meu lado. A música ainda toca com todo vapor, mas o som chega bem abafado no quarto.

Não sei como a Any aguenta toda essa agitação. Somos tão diferentes em relação a isso. Enquanto prefiro sossego e um bom livro, ela prefere baladas e diversão.

- Sossego enfim. - Digo a mim mesma.

Fecho meus olhos para relaxar um pouco, e tentar aliviar a dor de cabeça. Quando já estava a ponto de dormir, me assusto com alguém gritando ao meu lado.

- O que pensa que está fazendo aqui? - Pergunta com a voz áspera.

Me assusto com o homem parada em minha frente, e quando vou me levantar da poltrona acabado sentindo tontura e me desequilibrando.

Não caio no chão porque fui amparada por seus braços, que impediu minha queda.

- Você está bem? - Ele pergunta com a voz grave.

- Estou. - Digo me soltando do seu aperto.

Passo a mão por meus cabelos e meu rosto, enquanto suspiro cansada.

Ao encara-lo de frente sinto um quemor em minhas bochechas, coisa que nunca aconteceu anteriormente.

O desconhecido é um moreno alto, olhos verdes e cabelos castanhos claros.

Ele me encara de uma forma estranha, enquanto passa a mão no cabelo. Me sinto desconfortável ao ser analisada de frente.

- Você não respondeu a minha pergunta. - Ele me olha sério. - O que faz no meu quarto?

- Desculpe. - Peço sem graça. - Não achei que o dono iria aparecer aqui.

Ele continua a me estudar com um ar zombeteiro no rosto.

- Está tentando me seduzir senhorita? - Ele sorri de canto.

- O quê?! - Pergunto exasperada. - Eu... eu...

Nunca fui de chamar atencão masculina, e nunca fiquei tão envergonhada perto de um homem. Mas algo nele me faz fraquejar, como jamais aconteceu anteriormente.

- Sim? - Ele me olha de cima em baixo.

Sua atitude insolente me deixa irritada, então mais do que depressa conto o motivo por ter invadido o quarto.

- Pode ter certeza que não estou tentando te seduzir. - Reviro os olhos. - Na verdade você nem faz meu tipo. - Minto.

Seu sorriso cínico morre nos lábios, e da lugar a carranca. Provavelmente é o tipo de homem que é acostumado a ter mulheres implorando por sua atenção. Está bem enganado ao pensar que sou tão mesquinha a esse ponto.

Óbvio que ele é o tipo de qualquer mulher, mas não darei esse gostinho da vitória para ele.

- Minha cabeça estava doendo. - Continuo minha explicação. - Então estava procurando um lugar para fugir daquela bagunça, e acabei no seu quarto.

Ele me encara, e pelo que parece está tentando ver se estou mentindo ou não.

- Não sou acostumada a essas festas. - Falo. - Então não me sinto confortável com toda essa agitação.

- Por que veio então? - Ele pergunta com desdém aparente.

- Pode ter certeza que não foi porque eu quis. - Reviro os olhos.

Any sabe me fazer ceder mesmo que seja contra minha vontade. Sei que ela quer o melhor para mim, e quer me ver ser mais extrovertida e sair mais. Mas não consigo me acostumar e não quero uma vida badalada igual a dela.

Apesar de ser meio solitário, gosto da tranquilidade que é minha vida. E não sinto vontade de estar no meio dessas pessoas superficiais, que estão a sua volta. São mesquinhos e se importam consigo mesmo, mas graças a Deus Any não é assim. Ela não foi corrompida com o glamour do mundo em que vive.

- Você não parece o tipo de garota que curte a vida. - Ele diz com desdém. - Mas sua cara de boa moça não me engana.

- Você parece exatamente o tipo de homem que se acha o centro do universo. - Retruco.

- Você...

- O quê? - O interrompe. - Está acostumado com as mulheres caindo aos seus pés não é? - Pergunto com um sorriso cínico nos lábios. - Tenho certeza que está passando várias teorias pela sua cabeça nesse exato momento. - Estalo a língua. - Mas pode ter certeza que não faço parte desse mundinho mesquinho que você vive, pode ter certeza que não estou tentando me fazer de boa moça para te seduzir, e com toda certeza não me importo com o que pensa a meu respeito.

Ele me encara de olhos arregalados e boquiaberto.

- Você...

- Se a única coisa que sai da sua boca é ofensa, sugiro que fique calado. - O corto novamente. - Se me der licença, vou embora agora mesmo, já que minha presença fere o seu grande ego masculino.

Pego meu celular na poltrona, e caminho em direção a saída do quarto.

- Tenha uma excelente noite. - Falo antes de sair do quarto.

Esse imbecil nem me conhece, e acha que estou dando em cima dele, apenas por ter a infelicidade de ter entrado no seu quarto.

Procuro por minha amiga em meio as pessoas mas acabo desistindo, já que não achei ela em lugar algum. Assim que saio da casa mando mensagem para ela avisando que estou indo dando em cima dele, apenas por ter a infelicidade de ter entrado no seu quarto.

Procuro por minha amiga em meio as pessoas mas acabo desistindo, já que não achei ela em lugar algum. Assim que saio da casa mando mensagem para ela avisando que estou indo embora.

Respiro aliviada enquanto caminho pelas ruas silenciosas, mas meu sossego não dura muito tempo. Meu corpo gela assim que me deparo com algo assustador.

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𝗘𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗮 𝗩𝗶𝗻𝗴𝗮𝗻𝗰̧𝗮 𝗲 𝗼 𝗔𝗺𝗼𝗿|ⁿᵒᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora