12 🍁 Crença

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DEPOIS da sobremesa farta,a senhorita Island e eu conversamos sobre amenidades,a cada palavra comum que deixava seus lábios,um traço pessoal também escapava,descobri que ela é vaidosa,tem a fala travessa e possui uma enorme necessidade artística – até mesmo os móveis e utensílios da casa são decorados a mão.
A palavra descoberta,no entanto,não cai bem a definição,pois todas essas coisas sobre a estranha mulher do norte me eram visíveis,palpáveis e curiosas.

É surpreendente quando a ruiva sugere que façamos um piquenique perto do lago,dessa vez para beber chá e comer biscoitos caseiros. Aceito o convite, igualmente surpresa com a minha própria disposição.

Os passos de Island são decididos,mas um pouco desajeitados,durante o caminho.

É impressionante como a firmeza e o desleixo existem em harmonia dentro dela.

– A senhora ainda não me contou. 

As palavras de Island me despertam com bom humor.

Seguimos para o Lago Comprido,onde fomentei ainda mais a antipatia das mulheres por mim. 
Fomentar, que sutil,eu praticamente incendiei minha reputação. 

Pensar nisso abala os poucos nervos tranquilos a que tenho,decido escurecer a mente para o agora,nuvens tingem o céu enquanto escondem um sol tímido,Astra adora quando os dias ficam assim,ela os chama de falsos-nublados.

– O que não contei? 

A ruiva para de andar,acompanhada por um sutil atrevimento enquanto pousa a mão na cintura.

–  O porquê sente inveja de mim.

– É tão óbvio que não é preciso dizer. – digo,ofegante pela longa caminhada e peso das botas.

– É sobre os vestidos?

Volto a andar,Island apressa os passos para ficar ao meu lado.

– Bom,seus vestidos são muito invejáveis,mas não se trata de roupas,esqueça esse assunto,estou me livrando de tal sentimento. 

– Apenas acho que não há motivo.

– Pelos Céus Island - solto um bufo impaciente - já olhou para si mesma no espelho? 

Ela franze o cenho.

– Não tenho espelhos em casa.

Realmente,não havia nenhum pelas paredes ou encima dos móveis,o que é curioso.

– Mas que grande ironia,a mulher mais bonita de Prudente não tem um espelho em casa.

Ivy Island abre um sorriso surpreso e juvenil.

– Me acha bonita senhora Fraser?

Engulo a seco e agradeço aos céus pela minha pele marrom,um disfarce para o rubor estranho nas bochechas. Bruxas são seres inconvenientes. 

– É-é o que todos dizem. 

– Outra ironia,já que não sou considerada parte da vila oficialmente... - ela ri enquanto as folhas balançam - então sua inveja é baseada na minha aparência? 

– Um terço da inveja. – sorrio de canto – o resto é culpa do seu jeito exagerado e esquisito. 

Island dá uma risada alta e aguda.

– Como alguém sente inveja de uma pessoa exagerada e esquisita? 

– Sentindo.

– Esta é a resposta mais elaborada que já ouvi. 

Olho para ela de soslaio e abro um sorriso...sarcástico.

– Aposto que é. 

 

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