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yara


-- Vovó, ja vou deitar, tenho que dormir cedo hoje, tenho que descansar, amanhã tenho que ir pessoalmente na faculdade entregar alguns trabalhos escritos, sabe.- aviso a mais velha, me despedindo e indo em direção as escadas.

entro em meu quarto mas pulo de susto assim que escuto um barulho em minha janela.

-- puta merda, você ainda vai me matar do coração seu idiota!- digo com a mão no peito tentando me acalmar do susto.

-- dessa vez eu avisei que viria.- o garoto ajeita seu casaco e caminha calmamente ate minha cama sentando na mesma e me observando de cima a baixo.- belo pijama.

olho para baixo e percebo que estava usando o meu pijama mais infantil, estampas de desenhos de ovos fritos.

-- eu não deixei você vir.- respondo cruzando os braços.

-- e tambem não disse não.- sorriu cinico e colocou uma das mãos no bolso, retirando um baseado.- ta afim de relaxar?

-- eu não preciso dessa merda pra relaxar.- respondo rapidamente.

-- calmantes são mais viciantes que isso.- o rapaz responde levando o baseado a boca e olhando discretamente para a mesinha ao lado da minha cama, onde haviam duas caixas de comprimidos.

-- isso não é da sua conta, e eu não sou viciada em calmantes.- caminho ate a cama e sento ao seu lado. 

-- você parece muito nervosa comigo depois da ultima vez que nos vimos, esta com raiva?

-- nervosa por um maluco ficar entrando no meu quarto dez da noite?- rio irônica- deveria estar calma?

O rapaz me encara sorrindo sem mostrar os dentes, ele parece estar se divertindo.

-- eu não sou perigoso, pelo menos não quando não quero ser.

Encaro o rapaz séria e reviro os olhos, tomando o baseado de sua mão e levando ate a boca, tragando o conteúdo. O rapaz apenas me observa em silencio.

-- sabe, você não me parece o tipo de garota que quer cursar direito e ter uma familia, com dois filhos e um cachorro.- Aron solta depois de um tempo em silencio.

-- e eu não sou.- respondo lhe entregando o baseado.- só estou nessa por meus pais e avós. Como unica filha e neta, acho que lhes devo orgulho.

Aron me encara por alguns segundos, sem alterar a expressão calma, talvez por estar relaxado, apenas responde calmamente.

-- se eles realmente te amam, te apoiarão no que você quiser ser.

o encaro por alguns segundos e sorrio de lado, me sinto mais leve, sei que é pela maconha, mas acho muito melhor estar calma.

-- e você, não tem cara de empresario sério.- digo fazendo o rapaz rir.

-- e eu teria cara de que?- pergunta com a atenção toda sobre mim, por impulso desvio o olhar para o chão e dou de ombros.

-- eu não sei, você nunca abre brecha, sempre tão...- o rapaz ainda me encara esperando uma resposta, e finalmente consigo encara-lo nos olhos, me perdendo naquela intensa imensidão cor de mel. Por impulso umedeço meus lábios e os olhos do rapaz seguem o meu movimento.

-- tão oque?- ele diz baixo pois estamos perto o suficiente para que eu escute, mas ainda sim me mantenho calada observando cada traço de seu rosto, em transe.

Seus olhos levemente cansados pela erva o deixam mais atraente ainda.

puta merda como você consegue ficar gostoso mesmo chapado? penso, pelo menos era oque eu achava ate ver a expressão do rapaz mudar para surpresa e logo depois rindo. Merda eu falei isso?

-- agradeço ao elogio Yara, você tambem não fica nada mal chapada.- diz o rapaz divertido.

-- Desculpa, eu... Merda você sabe que é, seu idiota.- me rendo, merda eu tenho que parar de tragar essa merda de baseado. Aron sorri sem mostrar os dentes e me encara novamente sem dizer nada, ele se aproxima de mim, e por algum motivo eu não consigo me afastar, uma de suas mãos vai ate meu rosto e um carinho com seu polegar é deixado no mesmo, fecho meus olhos

-- querer algo que não pode ter é torturante pra caralho, Yara.- sussurra me fazendo abrir os olhos e encarar suas iris com mel.- Você não sabe o quanto eu te quero e me torturo por isso.

-- E porque você se prende? Se quer, porque não faz?- pergunto me aproximando, ainda sentindo sua mão em meu rosto.

Aron se afasta e me encara sério, se levantando da cama e ficando em pé a minha frente.

-- preciso ir.- o rapaz caminha rapidamente até a janela saindo rapidamente pela mesma.

Tentacion | Aron PiperOnde histórias criam vida. Descubra agora