IV

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"Tanto medo de falhar
Que até  esqueço que ainda sou jovem." - Refúgio

Quando chegamos na empresa, Lucas entra de uma vez para seu escritório. O caminho até aqui foi silencioso, eu nem sequer atrevia olhar para seu lado. Estava irritada e nervosa com tudo que havia acontecido, talvez em algum momento do trajeto, eu esperava ao menos um pedido de desculpas. Mas eu lembrei que era Lucas Rossi e ele pedir desculpas para mim? Era mais fácil ele fazer outra coisa pior.

Fiquei o dia todo me ocupando de trabalho e evitando olhar até para a porta de seu escritório.

Quando finalmente tinha dado meu horário, Lucas nem sequer saiu de sua sala, agradeço mentalmente por isso. Desligo o computador e saio o mais de pressa possível da empresa. Na ida para casa, passo em um mercado e compro algumas cervejas, não que fosse correto me embebedar sendo que no próximo dia eu teria que trabalhar, porém seria terapêutico. Ligo para Mary, precisava fofocar e ter mais uma das nossas conversas profundas.
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— Ele colocou a culpa em você? — Mary grita, faço barulho de silêncio. Lia estava dormindo.

— Sim — Digo — Da para acreditar? Sou assediada por aquele velho deste o dia que entrei na empresa, e quando finalmente alguém intervém, eu levo a culpa — Dou uma risada sem graça, dou um grande gole da bebida, Mary me encara.

— O negócio está feio mesmo para você beber — Ela diz com um sorriso de canto.

— Para você ver — Levanto a cerveja, Mary levanta o dela e assim bebemos mais um gole juntas. Dou uma risada.

— Seu chefe é muito lindo, perfeito! Mas um babaca — Ela ri.

— O que tem de lindo, tem de babaca. As vezes minha vontade é de soca-lo até conseguir tirar aquele sorrisinho sarcástico de seu rosto — Falo, ela olha para mim e começa a rir novamente, ela já dava indícios que estava bebada.

— Éh, só para lembrá-la que amanhã temos que trabalhar — Pego a bebida de sua mão e ponho em cima da mesa de centro. Estávamos na sala de minha casa, assim que eu liguei para Mary ela veio sem tardar. Não sei se foi pelo "babado" que eu tinha que para contar, ou pela cerveja que eu havia oferecido, mas uma coisa eu posso dizer, essa ruivinha é a mais gente boa que tenho.

— Só mais uma — Ela faz uma carinha de cachorro pidão, a nego.

— Imagina amanhã uma advogada chegar no tribunal bebada? — Digo — Seria uma boa, não acha? — Falo ironicamente.

— Eu poderia explicá-los que estava consolando minha amiga que sofreu um assédio no trabalho — Ela diz brincalhona — E posso dizê-los também que ela foi defendida pelo chefe bonitão — Ela dá um sorriso largo, sem mostrar os dentes.

— AAAA — Acabo soltando um grito.

— Shiu! Lia está dormindo — Tampo minha boca com a almofada na mesma hora. Encolho os ombros.

— Não me lembre dele, podemos tomar só mais uma, não fará mal — Digo pegando mais uma latinha e dando um grande gole — Que se foda o chefe sexy bonitão.

— Isso, que se foda — Batemos nossas latinhas uma na outra em forma de brinde. Damos mais um gole, faço uma careta pela bebida descendo queimando minha garganta.

— Chega — Mary diz — Acho que bebemos de mais — Ela fala se levantando do sofá de uma vez. Ela acaba se desequilibrando e se senta novamente — Merda — Ela fala — Amanhã conversamos — Ela se levanta mais uma vez, vai até a porta e sai, saindo do meu campo de visão.

— Amanhã será um novo dia, dará tudo certo — Faço uma careta — Assim espero — Fico algum tempo em silêncio.

— Aaa! Mas que merda — Pego a almofada e a bato em minha testa algumas vezes — Por que não dá para esquecer daquilo? Por que você tinha que ter feito aquilo? Agora como vou olhar para sua cara? — Falo em voz alta — Talvez eu devesse pedir demissão? Ou quem sabe — Não termino de falar pós acabo escutando os passos de Lia até eu.

— Por que você está falando sozinha? — Ela me pergunta vindo até mim, ela se senta em meu colo e se aconchega a mim — Por nada pequena, coisas da mamãe — Dou um sorrisinho, encosto meu queixo sobre sua cabeça, sentido seu cheiro suave. Mesmo com as grandes dificuldades que enfrentei, uma das melhores coisas com toda a certeza foi ter virado mãe. Nada melhor que ter um ser tão pequeno dependente de ti, que ama você e mesmo tão pequeno e sem entender nada. Eu amava Lia, porque além de tudo, ela havia curado feridas que ela nem se quer causou. Eu amava seu apego e seu amor, amava ser mãe de Lia!

— Mamãe — Ela diz com uma voz arrastada, parecia que estava a dormir novamente. Ela se aconchega melhor em meu peito — Eu te amo — Ela diz, meu coração começa a disparar com tanto amor, dou um beijo sobre suas bochechas, sua respiração fica mais leve, ela havia dormido novamente. — Eu também te amo — Digo a ela. Obrigado pequena, por me escolher ser sua mãe!

 Obrigado pequena, por me escolher ser sua mãe!

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Obrigado a todos por tanto carinho e paciência. Os capítulos serão soltados agora de madrugada.💕

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Sr. Rossi - Voltara para a plataforma dia 23/06Onde histórias criam vida. Descubra agora