XXVII

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Encosto minha testa em seus ombros. Minha respiração estava descontrolada tanto como meu coração que palpitava violentamente em meu peito. Eu até poderia achar que em algum momento ele pularia por minha boca.

Sinto seu toque em minhas costas nuas e quase em um tom quase inaudível, digo;

Grazias - Eu poderia estar me referindo pelo sexo maravilhoso que tivemos agora pouco, mas não era exatamente isso e eu não expliquei, caso ele tenha ouvido, apenas deixei com que ele interpretasse da maneira que quisesse.

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1 semana depois

Eu estava na empresa quando escuto meu celular tocar ao meu lado na mesa. Focada de mais no meu trabalho, não olho o número e atendo.

— Alô - A ligação ficou muda, se escutava apenas uma respiração.

— Deve ser trote - Quando estava prestes a desligar, uma voz feminina fala.

— Emmy - Eu congelo, paro imediatamente de mexer no computador encarando a tela. Poderia passar anos, mas nunca esqueceria sua voz.

— Tia?

— Aa não acredito que você finalmente atendeu — Sua voz parecia distante — Ela atendeu

— Emmy minha filha! — A voz muda, era minha mãe.

Congelo paralisada sem acreditar no que estava ouvindo. Minhas mãos começavam a tremer pelo nervosismo

— Não acredito, quanta saudades Emmy! - Sua voz parecia animada. Não digo nada.

Minha mãe passará seus últimos 8 anos em uma clínica de recuperação para pessoas viciadas. Eu nunca a visitei e nunca desejei ir visitá-la. Preferia ficar longe dela, já que as lembranças que tínhamos juntas não era das melhores. Eu nem sequer parei para pensar se ela sabia que tinha uma neta.

Quando pequena, as poucas coisas que tínhamos em casa ela fazia questão de vender para comprar drogas. Comidas, móveis e até nossas roupas usadas ela vendia, apenas para comprar droga.

Quando meu pai morreu, ali, eu via meu mundo caindo aos pedaços. O único pelo qual havia um afeto único e verdadeiro comigo. Eu o amava e sentia tanta falta. Em seu velório, em nenhum momento sai perto de seu caixão. Eu ainda era apenas uma criança, chorava desesperado pedindo para que ele acordasse e não me deixasse com a mamãe. Todos que estavam presentes no velório me olhavam com cara de pena.

Quando descobri a gravidez de Lia, havia decidido que faria diferente. Ela nunca saberia o que seria viver em um lar violento, com brigas e bebidas. Quando vejo o teste de gravidez positivo, a primeira coisa que me vem em mente é fugir.

Eu não sujeitaria minha filha viver o que eu vivi.

Uma lágrima solidaria começa a escorrer pela minha face, mas sou rápida e a limpo antes que Lucas a visse, não queria que ele se deparasse comigo assim e começasse seus derrogatórios.

— Deixe-me falar com ela! - Escuto uma voz de fundo, um minuto de silêncio.

Minha tia queria falar comigo?

— Emmy, quanta falta você faz.

Eu nunca fui com sua cara. Eu e ela nunca dávamos certo. Ela sempre deixara claro que a culpa da morte do meu pai era minha, e que o fato da minha mãe ser uma viciada era minha e do meu pai.

— Tia — Digo com uma voz arrastada, sem ânimo.

— Quanta saudades Emmy! Me desculpe por tudo querida! - Ela chorava enquanto se desculpava — Me desculpe por não ter feito o meu papel de tia, quando você mais precisava — Ela não termina de dizer.

Em todos os anos convivendo com ela, eu nunca a tinha visto chorar.

Eu não digo nada, porque não sentia nenhuma falta delas.

Escuto a porta do escritório ser aberta e seco as  lágrimas rapidamente, me levanto de forma que ele não veja meu olho vermelho e vou até o banheiro.

Tranco a porta e continuo conversando com elas

— Porque me ligaram? - Pergunto a minha tia que continuava na linha. Nós primeiros segundos não responde, o celular faz um chiado e então quem conversa comigo novamente é minha mãe.

— Emmy, não apenas pela saudades que sentíamos em falar com você - Ela respira fundo — Mas queríamos te dar uma notícia, queríamos ter de dado ela antes, talvez se soubéssemos onde está morando, ou caso soubéssemos que ainda continua com seu número antigo - Ela suspira, me preparo para o que vem à frente — Infelizmente a menos de 7 meses, descobrimos um câncer em sua tia. Começamos o tratamento porém... Descobrimos um pouco tarde de mais, ele está bem avançado - Sua voz falha.

Uma batida na porta faz com que eu tome um susto. Me olho no espelho e vejo meus olhos vermelhos.

— Tem grandes chances? - Apenas consigo dizer isso.

— O médico não deu esperanças - É como se minhas pernas tivessem virado gelatina. Tenho que me escorar na pia para que eu não caísse de cara no chão.

— Venha nos fazer uma visita querida, por favor. Não é um pedido de sua mãe, e sim de seu tia Sei de sua mágoa, eu entendo. Mas poderíamos conversar direito e esclarecer tudo. Eu também sai da clínica, estou limpa querida — Ela fala — Você deve ser uma moça grande já, quanto tempo não a vejo.

— Eu posso ligar para vocês depois?

— Claro!

Desligo o celular depois de uma despedida com as duas. Não vejo quando a porta é aberta de forma bruta, me fazendo pular com o susto.

O susto me irrita de uma forma que me faz chorar mais. Eu poderia rir com isso, mas apenas preferi ir ao encontro dos braços fortes de Lucas e enfiar minha cabeça ali, deixando que minhas lágrimas molhasse seu blazer.

— Está tudo bem? - Não, não está, caso estivesse eu não estaria aqui chorando literalmente em seus braços.- Foi o que eu queria muito dizer.

— Tive uma ligação com minha mãe e tia - Enxugo a lágrima e tento o encarar — Minha tia está com câncer - Ameaço chorar — Sem muitas chances - Seu olhar para mim agora era indecifrável. Ele não sabia o que dizer. Apenas puxa minha cabeça para seu peito e faz um cafuné, bagunçando meus cabelos. Enfio meu rosto sobre seus braços, sentido o cheiro de seu perfume.
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Obrigado pela paciência de cada um é obrigado por todos os comentários de carinho que venho recebendo. Amo todos vocês!😍❤️

(Afinal, esse ano é hexa né?🇧🇷)
Ps: não foi 😍✌🏼
⭐️💬

Sr. Rossi - Voltara para a plataforma dia 23/06Onde histórias criam vida. Descubra agora