XXVIII

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Quando era menor, tentava imaginar como deveria ser alguém estar apaixonado por você. Tipo, uma paixão de verdade. A pessoa amar cada detalhe seu, sorriso, seu olhar, gestos e a forma de ser. Imaginava também que essa pessoa queria estar por você, querer estar nos seus melhores momentos, ser o motivo de cada sorriso seu e caso não estivesse bem consigo, estaria ali para enxugar cada lágrima.

Por uns anos eu não vi isso. Não vi a pessoa pela qual estava apaixonada me amar, cuidar de mim e me querer bem, pelo contrário. Mas hoje acho que posso dizer isso.

Não que eu esteja perdidamente apaixonado por Lucas (e ele por mim), tivemos nosso momento íntimo, mas além disso ele cuidou de mim.

Um choro que não parecia ter fim. Em meu peito batia arrependimento, arrependimento de ter conhecido Bruno, arrependimento de ter saído da Itália.

Porém cada acontecimento me trouxe alguma coisa boa, não foi?

O soluço estava preso em minha garganta, tomo um copo d'água que ele havia me dado com a esperança do choro parar.

Ele não havia me perguntando nada, agradecia a isso, agradecia por ele esperar meu momento.

Suspiro, o choro parou. Estico minha mão para que ele pegasse, sentido assim uma paz.

— Está melhor? - Me pergunta.

— Estou sim - Tento dar um sorriso.

— Obrigado mais uma vez por cuidar de mim - Ele não diz nada, apenas beija a palma da minha mão.

Estávamos em seu escritório. Olho ao redor, já conhecendo cada canto daquele lugar mesmo de olhos fechados.

— Eu recebi uma ligação - Começo com a explicação.

— Não precisa se explicar - Tiro minha mão da sua e a ponho no colo. Levanto meu olhar para ele e então ele se cala.

— Eu quero contar - Uma pausa — Era da minha mãe, pelo jeito ela sentia saudades minha- Um sorriso sem muita emoção brota de meus lábios — Ela me deu a notícia que minha tia está com câncer - Sinto um formigamento em meu nariz, engulo tentando tirar qualquer rastro de choro — Ela não me deu muitas esperanças, descobriram a poucos meses, mas o câncer já está bem avançado.

Ele não dizia nada e agradecia a isso, o que poderia dizer afinal?

— Eu nem sei por que estou chorando. Nunca dei certo com minha tia e principalmente com minha mãe. Minha mãe ficou em uma clínica de recuperação a usuários durante 8 anos, foram os melhores 8 anos da minha vida, por que eu tinha paz. Não precisava me preocupar com uma mulher drogada me violentando.

— Você é a mulher mais forte que já vi Emmy, disso eu tenho total certeza.

— Eu não sou forte, nem perfeita, diversas vezes eu pensei em correr para bem longe e — As lágrimas não deixa que eu termine.

— Você é mais forte do que imagina. É capaz de suportar tempestades e ainda aprender com elas — Ele ergue meu olhar para si, olho para ele — Temos a constante mania de nos diminuirmos, de nos sentirmos incapazes ou feridos de mais para continuarmos a lutar, mesmo que muita das vezes esquecemos de onde vem nossa força, e sabemos que ela sempre estará do nosso lado — Suspiro, grata pelas suas palavras.

— Você conseguiu Emmy, venceu a luta, olha a Lia, que garota incrível ela se tornou.

— E você está roubando ela de mim - Brinco com ele.

— Não era a minha intenção.

— E no final eu sobrevivi não foi? - Pergunto a ele que assente.

— Não é sua culpa, para de chorar por algo que vem te machucando a tempos. De o melhor de si, acerte em tudo que puder. Mas não se torture com seus erros. Os erros dos OUTROS — Ele destaca bem a última frase.

Sr. Rossi - Voltara para a plataforma dia 23/06Onde histórias criam vida. Descubra agora