Capítulo 1

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Kim

Havia chegado há dois dias no lugar que chamaria de lar por quatro anos e não sabia se estava preparada para enfrentar tudo que viria dali em diante. Eu era uma garota do interior, onde todo mundo que conseguia uma oportunidade para estudar era elogiado.

E agora estava em São Paulo, tendo a chance de morar no alojamento estudantil da faculdade e conhecendo novas pessoas, mas mesmo assim ainda me sentindo um peixe fora d'água.

Olhei pela janela e caía uma chuva fina naquele dia, o que provavelmente estragaria a festa que os veteranos iriam fazer para os calouros.

Uma coisa que minha mãe — que havia me criado sozinha e deu um duro danado para eu estar ali —, deixou claro era: eu não deveria frequentar aquele tipo de festas, pois rolavam muitas drogas, pessoas bêbadas e somente quem não queria estudar.

Claro que eu não acreditava muito naquilo e até mesmo sabia que não era verdade, pois não era por uma festa porque os alunos não queriam estudar, mas também deveriam se divertir e eu os entendia.

Só não iria à festa, pois não me sentia bem em multidões, então seria muito melhor ficar quieta na paz do meu quarto.

— Tem certeza de que não quer ir?

Elizabeth, a menina que dividiria o quarto comigo naquele tempo que cursaríamos administração de empresas, questionou-me.

— Não tenho nem roupa para ir a esses lugares, acho melhor ficar aqui.

Elizabeth sorriu e sentou-se nos pés da minha cama.

— Olha, você é uma gracinha, muito inocente e um pouquinho caipira. De onde você veio mesmo?

— Do interior de Goiás.

Eu já havia respondido aquilo para ela umas quinze vezes.

— Então, goianinha, você precisa curtir um pouco a vida. E aprender o que existe de bom nela, não perca essa chance. — Ela segurou meu pé e voltou a dizer: — Tenho um vestido na gaveta do meio da cômoda e um sapato embaixo da cama, se quiser ir, pode pegar.

Deu uma piscadinha para mim e foi até o espelho do quarto se olhar no espelho. Elizabeth usava um vestido vermelho, super curto, que mostrava até um pouco do fim da sua bunda e logo comentou:

— Vou logo para a festa, pois quero pegar vários gatinhos e talvez gozar ao menos com três.

Acenou para mim e fechou a porta do quarto.

Respirei fundo quando ela saiu.

Eu realmente não conhecia muito do mundo, já que vivi em uma pequena cidade do interior de Goiás. Um lugar que era mais conhecido por você entrar, dar dois passos, e sair. Eu amava meu estado, mas culpava um pouco a minha mãe por ter me criado de maneira tão reservada. Agora não sabia como agir, sem me sentir envergonhada, com tudo o que via à minha frente.

Olhei pela janela e os pingos finos ainda caíam do céu e ao longe eu podia ver, entre as árvores, as luzes da festa. Pelo que eu sabia, até os professores frequentavam aquelas festas, mas não costumavam interagir com os alunos.

De repente algo que não deveria acontecer, começou a tomar conta da minha mente. Eu queria me divertir um pouco e talvez se eu fosse àquela festa nada de ruim aconteceria.

O que de pior poderia acontecer?

Nada!

Não sabia o que havia gritado aquela palavra dentro da minha cabeça, mas decidi que eu podia curtir um pouquinho do que aquelas pessoas estavam fazendo. Era só não deixar minha mãe descobrir. Sem contar que eu também tinha curiosidades, então deixei que elas falassem mais alto.

Levantei-me da cama, fui até o lugar indicado por Elizabeth e encontrei o vestido. Não era tão curto como o dela, mas ainda não fazia com que meu corpo ficasse muito escondido. Ele brilhava, mas assim que o vesti, me senti bonita por usá-lo.

Nunca tinha cometido algum tipo de loucura em minha vida e talvez o meu coração estivesse disparado daquela maneira exatamente por esse motivo, mas algo me dizia que antes das aulas começarem eu tinha que tentar viver um pouco.

E foi por isso, que saí do meu quarto e comecei a caminhar pelos corredores, que levavam às escadas, que logo fizeram com que eu chegasse ao andar de baixo e em seguida estava de fora do dormitório.

No entanto, assim que saí, vi Elizabeth voltando com alguns alunos que havia conhecido naquela tarde. Sua expressão não estava nada boa, então imaginei que alguma coisa de ruim tinha acontecido.

— Está tudo bem? — indaguei, assim que ela parou na minha frente.

Primeiro, ela passou os olhos pelo meu corpo e logo sua expressão feroz sumiu e um sorriso radiante surgiu em seus lábios.

— Não estava, porque aquela festa era ridícula, só tinha drogados lá e eu queria dançar e não ficar drogada. Mas agora que te vi assim, tudo melhorou.

— Realmente está gata, Kimberly. — Otávio, murmurou.

Ele ficava no dormitório masculino, mas pelo que fiquei sabendo, conhecia Elizabeth de outros tempos e eu não sabia se eles já tiveram alguma coisa. Só que eu não tinha ido com a cara dele.

— Bom, eu vou voltar para o quarto, então... — Comecei a dar alguns passos para trás, já que Elizabeth não iria à festa, eu também não teria coragem de aparecer por lá.

— Está maluca?

Estaquei no mesmo instante, assim que ouvi suas palavras. Olhei para ela por cima do ombro e levantei uma sobrancelha, para mostrar que não tinha entendido a que ela se referia.

— Nós vamos a uma festa, só que não nessa. Tem uma boate há uns quarenta minutos daqui, que eu te garanto que vai valer a pena.

Engoli em seco ao escutar aquilo.

— Nunca fui a uma boate.

— A gente sabe, lindinha. Mas para tudo tem uma primeira vez, você topa?

Como dizia o ditado: se eu estava na chuva, era para me molhar, não é mesmo?

Respirei fundo, uma, duas, três... e até perdi a quantidade de vezes. Só que se eu tive a coragem de sair do meu quarto para ir a uma festa, eu também poderia ir a uma boate e foi por isso que voltei para Elizabeth e sorri para ela.

— Topo!

— Então, partiu festa!

Elizabeth levantou seus braços em forma de comemoração e eu comecei a segui-la em direção ao estacionamento. Entramos no carro de Otávio e mais dois caras entraram atrás e assim partimos para a boate.

O caminho era meio escuro até chegarmos à rodovia que nos dava acesso a cidade, mas não importava, já estava me habituando aquilo tudo ali.

Assim que chegamos à porta da Two Bis, senti um frio percorrer todo o meu corpo. Talvez ali pudesse mudar tudo o que eu conhecesse do mundo e provavelmente eu precisasse daquilo, já que era ingênua demais e necessitava amadurecer o quanto antes para deixar de ser bobinha em certos assuntos.

Quandoentrei na boate eu soube que realmente nunca tinha visto nada igual, mas que jáestava gostando de tudo que estava acontecendo ali. 

Grávida do Meu ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora