Capítulo 15

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Logan

A viagem foi a mais difícil que eu já tinha feito em toda a minha vida.

Eu já não era um homem que apreciava viagens de avião, não era por ter medo, nem nada, só achava que se fomos feitos para ficar no chão, então por qual motivo tínhamos que nos submeter a entrar em um negócio que iria para o ar?

Porém, além de voar, ainda saber que eu estava vindo para o velório da minha mãe, era a pior coisa do mundo, principalmente quando eu sabia que todos os abutres que nunca ligavam para ela iriam estar aqui.

Assim que parei em frente a casa de dona Rina Kerr, uma mulher que nunca quis ter o sobrenome do meu pai, sempre feminista ao extemo, algo que admirava nela, eu soube que a mulher que mais me aconselhava na vida e a que mais me dava bronca por ser um homem que nunca valorizava alguém que me entregava o coração, não estaria mais ali.

Esporadicamente vinha visitar minha mãe, mas depois que me mudei para o Brasil as visitas ficaram escassas e nossas ligações ficaram mais frequentes, só que eu a amava tanto que ainda não estava preparado para perdê-la, se é que em algum momento eu estaria preparado para aquilo.

Já que nosso coração, corpo e mente nunca esteve preparado para a morte, mesmo que já nascemos sabendo que aquela pessoa um dia nos deixaria para a vida toda, como nós também morreríamos em algum momento. Só que a perda era algo que não aceitávamos, nunca aceitaríamos e nunca estaríamos preparados para aceitar.

Saí dos meus devaneios assim que um carro que estava estacionado na casa da frente, deu partida e acelerou. Fiquei observando até que o modelo antigo de uma picape dos anos 1964 sumisse pela rua e eu tomei coragem para sair da minha Mercedes.

Caminhei decidido para dentro da casa da minha mãe e assim que algumas pessoas vieram me cumprimentar eu as evitei prontamente. Todos ali conheciam meu temperamento, então não estranhariam a minha falta de educação, até porque não estava ali por eles, estava ali para me despedir da única pessoa que eu me importava.

Caminhei até onde estava o caixão e fui afastando os abutres que estavam ao redor da minha mãe. Olhei para ela, que parecia ter a expressão tranquila e até um leve sorriso em seus lábios e me senti aliviado com aquela última imagem que teria dela.

Ao menos ela não parecia ter partido de uma forma dolorosa.

Greyson parou ao meu lado e eu o encarei.

— Seja bem-vindo, senhor.

— Greyson, não quero essas pessoas aqui. Sei que minha mãe foi uma mulher muito querida, mas essas pessoas não vinham aqui quando ela estava viva, então não quero que elas fiquem aqui no momento que ela está morta. E quero que você agilize o enterro, pois você sabe que a mamãe iria odiar essa exposição.

— Já organizei, senhor. Estava esperando que o senhor chegasse, para fazer sua última despedida.

Assenti, coloquei minha mão por cima da minha mãe, e murmurei:

— Juro que um dia ainda vou fazer a senhora se orgulhar de mim, mamãe. Eu te amo e sempre vou te amar.

Afastei-me do caixão e virei-me de costas para a pessoa sem vida que sempre nutri um amor maior do que minha própria vida.

Subi as escadas que levavam-me para o quarto que me pertenceu por anos e assim que entrei, pude deixar minha máscara de homem malvado e idiota cair. Longe de todos eu podia ser um ser humano normal, um homem que morria pela mãe e que estava morrendo por dentro por tê-la perdido.

Ajoelhei no chão, sem forças para manter minhas próprias pernas em pé e no momento que toquei o piso frio, chorei.

Deixei que as lágrimas de tristeza caíssem por meus olhos, que a dor escapasse por meu coração e que passasse por meus nervos, poros, veias, pele, sangue e qualquer parte ainda que fizesse parte daquele corpo que não aguentava mais sofrer por aquela perda.

Grávida do Meu ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora