XXXVI - Mais uma noite do Nada

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  Olá queridos leitores, cheguei a conclusão enquanto passava pela porta para dentro do dormitório que aquilo na verdade não foi uma lembrança, só um devaneio, deve ser coisa das minhas outras personalidades do TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade). Vou ignorar e continuar vivendo normalmente, afinal conheço meu tio a vida toda, ele é tão bonzinho, jamais seria capaz de me machucar. Já errei muitas vezes, mas ele eu tenho certeza, Taehyung é uma boa pessoa.
  - Minha colega de quarto! - Tom abriu um sorriso quando me viu entrar e colocou a almofada branca de florzinha que tinha em mãos em cima da minha cama. Se bem que nada ali parecia mais ser meu.
  Aquele cretino!
  Tom arrumou o quarto inteiro durante as minhas aulas, eu não sabia se ficava chocada ou irritada por não ter mais certeza de onde se encontravam minhas coisas.
  - Meu santo Kook! - Exclamei ainda perplexa e ele alargou ainda mais o sorriso caloroso. Pelo visto estava de bom humor.
  - O que tem de tão ruim assim! Eu só mexi um pouquinho, ainda está bagunçado do jeito que você deixou! - Ele rebateu levantando as mãos pro ar como se tivesse se rendido e eu balancei a cabeça negativamente.
  - Eu sei achar minhas coisas na minha bagunça! - Ainda continuei e ele abaixou as mãos e cruzou os braços.
  - Toma vergonha pigmeu, aquilo que você chama de quarto estava uma narquia, de nada aliás. - Ele franziu o cenho e então continuo me olhando enquanto eu fechava a porta atrás, evitando que minha vizinha de dormitório enxerida tentasse olhar pra dentro e visse demais. - Aliás Anne, me explique, vamos fazer o que hoje, estou começando a ficar entediado nesse quarto. - Ele ponderou e eu coloquei as mãos no quadril abrindo aquele sorriso e enchendo o peito de ar com orgulho falei aquilo que eu estava ansiando o dia inteiro.
  - Noite do nada de novo! - Abri um belo sorriso e Tom riu da minha cara.
  - Acho que está na hora de você ter novos hobbies, não faz mal fazer o que você gosta, mas as vezes é bom espairecer você não acha?
  - Espairecer? - Fiquei confusa, pra mim, aquilo era espairecer.
  Tom me provou que eu estava completamente errada quando começou a me entregar um conjunto de jeans rasgado e regata básica preta da peças que estavam limpas no meu armário e me entregou toalhas me obrigando a ir tomar banho.
  Tomei depressa, e quando voltei pro quarto ele já estava descendo pela janela feito um doido.
  - Vou descer primeiro, vai pela escada mesmo Anne, e me encontra nos portões do fundo. Vou te levar num lugar legal pra espairecer.
  - Aí ai ai! - Reclamei e dei uma ajeitada nos cabelos enquanto pegava o celular e saia do quarto, dando de cara com uma morena de óculos fundo de garrafa, mais baixa do que eu, se é que isso era possível.
  - Ah onde vai Anne? E com quem anda falando até tarde da noite? - Ela perguntou de supetão, me analisando de baixo para cima e eu fechei o semblante pra ela, arqueando uma sobrancelha malvada em sua direção.
  - Não que isso te interesse Beatriz, mas eu estou vendo muitos filmes! - Retruquei e sai antes dela fazer mais perguntas. Só o que me faltava, a Beatriz que cuida da vida de todo mundo se dedicar em bisbilhotar a minha mais do que já faz normalmente.

  Quando entrei no carro de Tom, ele olhou para os lados como se tivesse medo de eu ter sido seguida, e então fomos saindo da escola.
  - Você sabe que ainda não confio em você né? - Ponderei o alertando e senti o sorriso sarcástico dele queimando nas minhas costas.
  Os olhos azuis me fitaram com curiosidade.
  - Te garanto que se eu quisesse, você já estaria morta a muito tempo.
  E então ficou calado, enquanto dirigia e colocava uma música do Alex Benjamin no rádio.
  Quando começou a cair a noite, já que estava começando a escurecer quando saímos, chegamos no lugar que ele chamava de divertido pra espairecer.
  Era um bar, não qualquer tipo de bar, mas um barzinho de jovens, cheio de pessoas extrovertidas e rindo enquanto uma boa música de violão tocava bem no fundo do recinto.
  Fomos entrando e Tom me guiou para uma salinha com várias mesas onde parecia um pouco mais reservado, e então nós sentamos. Era tudo tão colorido, tinham diversos letreiros de "se beber não dirija" e "beber é bom, mas com moderação".
  Achei um barato as mensagens que tinha pros bêbados. "Se não está conseguindo levantar, vá pra casa!" Ou então a pior "Por favor não bata em ninguém ou vamos te bater na portinha dos fundos"
  Todas com emojis e plaquinhas emoldurando cada uma das frases. Chegava a ser engraçado.
  Quando finalmente fomos atendidos Tom olhou para mim curioso, como se estivesse tentando adivinhar que tipo de coisa eu fosse gostar de comer, e então fez o pedido.
  - Por favor mestre, - Ele abriu aquele sorriso charmoso e educado que abria para todo mundo e então colocou a mão no meu antebraço como se fosse um amigo carinhoso - Vê um marguerita pra mim, e uma coca bem gelada pra minha irmã, pra comer vamos querer batata fritas com cheddar e trás o especial da casa também. - Ele pediu e eu franzi o cenho com a palavra irmã. Desde quando eu era tão velha assim pra ser irmã dele?

Meus Queridos ProfessoresOnde histórias criam vida. Descubra agora