VI - 4° Dia de Aula/ Parte 3

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Oi leitores sou eu, a Anne de novo, agora estamos na aula de biologia. O professor já entrou na sala e está anotando o tema da aula na lousa com um canetão preto. Ele está tão lindo...
Quando ele terminou de escrever, se voltou para a classe com um meio sorriso no rosto, ele estava olhando ao redor e não pra mim, e isso era reconfortante levando em conta o fato de que todos os professores ficam me vigiando pra garantir que eu não vou me matar enquanto tento apontar meu lápis ou me levantar da cadeira. Tudo é possível.
- Bom dia pessoal, hoje vamos tratar de um assunto que a maioria conhece, mas não entendem literalmente - Disse o professor e todos pararam de conversar para prestar atenção na aula, eu e as demais meninas na sala de sala já estávamos prestando...muita atenção aliás... Não tinha como evitar, esse professor era lindo. - A temática da aula será Divisão Celular e a Manutenção da Vida. - Disse o professor apontando o canetão em direção ao título que a pouco ele havia escrito na lousa. - Na espécie humana vocês já sabem que quando o homem e a mulher tem relações sexuais, pode ocorrer que a mulher fique grávida. - Comentou o professor Harry, e eu corei instantâneamente porque quando ele tinha falado "relações sexuais" seus olhos verdes tinham olhado direto pra mim, o professor desviou o olhar e continuou - Bem, nesta situação, após a fecundação, também conhecida como a união dos gametas, forma-se uma única célula, que dá origem a várias outras. Por volta do quarto dia, está formado um embrião com 64 células. Agora, eu gostaria que alguém que gosta de participar da aula me explica-se: como isso foi possível? - Perguntou o professor e eu me encolhi, odeio participar da aula. Cerca de dez meninas e três meninos levantaram a mão para responder, o professor analisou em volta e então seu olhar predador pousou sobre mim.
- Que tal você me responder, Anne? - Indagou o professor abrindo um sorriso simpático e eu quase me engasguei. Essa não! To ferrada. Respirei fundo tomando coragem pra dizer alguma coisa e antes que eu dissesse qualquer coisa que fosse, uma menina loira de olhos azuis que estava sentada do meu lado abriu a boca pra falar.
- Esquece essa daí professor - Disse ela me olhando com desdém, eu só me encolhi - Ela além de lesada é uma burra. - Disse ela de forma maldosa, e o sorriso simpático que antes estava nos lábios do professor sumiu e ele ficou sério de repente.
- E por que você afirma isso com tanta convicção aluna? - Indagou o professor, ele parecia bravo. Mas com o que? Só por que uma menina me insultou? É normal fazerem bulling comigo, eu acho que até já me acostumei.
- Ah, olha pra ela, é bem fácil perceber professor - Disse a menina me olhando de cima abaixo como se fosse superior a mim. - Ela não passa de uma tonta, virgem, não vai saber nada dessa matéria.
- Pois bem, - O professor olhou friamente para a aluna, ele estava tão sério que eu pensei que ele fosse bater nela - Mas se você estivesse prestando atenção, estaria ciente de que eu não perguntei nada sobre quem é virgem ou não, e eu não perguntei nada sobre sexo, eu perguntei sobre a fecundação. - Disse o professor e todo mundo começou a assoviar e a zuar a loira, ela engoliu em seco e me fulminou com seus olhos azuis. Ela ficou vermelha de raiva, mas não com raiva do professor, com raiva de mim. Eu podia sentir os olhares de todos queimando em cima de mim, eu não queria chamar mais atenção do que eu já estou acostumada por causa de ser lesada. E agora eu estava morrendo de vergonha, mas eu ia suportar. Porém, quando o professor olhou pra mim, um nó se formou no meu estômago, eu me levantei da cadeira e sai correndo pra fora da sala, o pior é que eu cai no chão quando cheguei perto da porta, e todos os alunos deram risada de mim, inclusive a loira má.
- Anne! - Escutei o professor chamar o meu nome, me levantei e sai correndo mesmo assim, já sentindo várias lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto.
Corri até o banheiro feminino, me sentindo uma idiota, eu não queria ter sido humilhada daquela maneira, acho que eu não devia ter saído da minha cama hoje de manhã, agora que eu já estava dentro do banheiro, que aliás estava vazio, fui até a pia e olhei para o meu reflexo no espelho, meu rosto estava vermelho por causa do choro, e as lágrimas ainda caiam de meus olhos.
- Por que eu tive que nascer assim...? - Sussurrei pro meu reflexo, me sentindo mais envergonhada ainda. Eu sou uma idiota!
- Anne por favor saia desse banheiro, me deixe conversar com você. - Escutei a voz do professor Harry e engoli em seco, ele veio atrás de mim? Pra que? E por que? Não vale a pena, eu não tenho concerto! Sou pior que um brinquedo quebrado.
- Ssor me deixa sozinha! - Pedi fungando e tentando segurar o choro para que ele não percebesse que eu estava triste.
- Anne saia desse banheiro. - A voz do professor ficou mais grave, quase como se ele estivesse me dando uma ordem.
- Desculpa atrapalhar sua aula Ssor, não vou fazer de novo. - Me desculpei e olhei pra entrada do banheiro, dava pra ver a silhueta masculina dele diante da porta. Mas ele não vai entrar né? É o banheiro feminino, aqui ele não pode entrar, então eu estou protegida de passar mais vergonha se ele me ver assim.
- Anne sai desse banheiro agora! - Agora sim parecia uma ordem, será que ele estava bravo? Será que ele é agressivo e vai me dar detenção por atrapalhar a aula dele?
- Não Ssor! - Retruquei.
- Sai daí Anne eu estou mandando! - Falou ele e eu engoli em seco.
- Você não é meu pai pra mandar em mim! - Rebati e escutei ele respirar fundo. Eu não sei por que respondi isso, agora ele vai me dar três semanas de detenção. Engoli em seco de novo.
- Se você não sair eu vou entrar aí. - Ele ameaçou.
- Me deixa sozinha!
Não escutei resposta, apenas gelei quando vi o professor Harry entrando no banheiro feminino, aparentemente bufando.

Oi leitores, não se esqueçam de votar e contar pra mim o que estão achando e fazer críticas para eu saber no que posso melhorar. Brigada pela atenção!

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