XLVI - Ah Coitadinha!

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Depois de ser arrastado até um quarto contra minha vontade, porém inerte demais para reagir. A enfermeira corpulenta, intitulada Maggie, explicou que eu estava apenas tendo um ataque de pânico.
Mais calmo, e com uma dose um pouco carinhosa de morfina nas veias eu já estava me sentindo frustrado de tanto esperar, até que Tae e Jeon Jung Kook invadiram meu quarto e assim que Tae olhou pra mim sério eu larguei a gelatina de uva que tinha nas mãos em cima da cama e levantei depressa.
- Tae eu sinto muito... - Comecei a dizer e o mesmo veio ao meu encontro, quando estava pronto e imóvel para receber um belo soco na cara, Tae superou minhas expectativas e me deu um forte abraço.
- Eu sei que não foi você, tenho espionado a Anne desde que ela voltou pra escola, estava tentando mantê-la a salvo e instalei dezenas de câmeras mas janelas e no corredor onde ficava o dormitório dela, mas eu me distrai por um momento e não conferi as câmeras... Por Deus! Sorte que você estava lá quando aquele monte de merda invadiu o quarto! - Tae exasperou estupefato e eu me afastei dele perplexo, passou muita coisa pela minha cabeça, uma delas é que talvez o Tae fosse me entregar e eu iria pra cadeia por ele achar que eu era o mal feitor de tudo. Jamais teria imaginado aquilo que realmente aconteceu, estava com a cabeça perturbada demais pra isso.
Ela voltou nos meus pensamentos bem a tempo de fazer meu coração contrair de ansiedade de novo.
- A Anne... - Antes de terminar Tae já havia me interrompido de novo.
- Ela está bem graças a você! Trouxe ela bem a tempo, a cirurgia foi um sucesso e ela está descansando bem no quarto ao lado, gostaria de vê-la?
- Mas é claro que gostaria! - Jung Kook quem se pronunciou por mim mostrando presença no quarto pela primeira vez desde que chegou, e eu enchi os olhos de água, abraçando Tae mais uma vez e então saímos do quarto depressa indo para o vizinho.
Quando cheguei lá, me deparei com a Anne que eu tinha trazido, mas toda limpa, com roupas de hospital e descansando plenamente. Parecia menos perturbada do que quando eu a trouxe. Parecia apenas dormir e descansar.
Me sentei do lado dela na cadeira que tinha perto da cama e eu e Tae conversamos sobre nós revezar em ficar com ela, mas eu sabia que não ia nem mesmo conseguir dormir. Provavelmente não sairia mais do lado dela, nunca mais.

A madrugada terminou quando um belo raio de sol invadiu algumas frestas da cortina branca no canto do quarto e começou a atingir o piso no chão com pequenos feixes de luz dourada.
Pedi para Tae ficar de olho na Anne e fui atrás de algo para comer, necessitava de um café bem forte, tanto que até os ossos já estava pedindo.
Quando cheguei na lojinha que ficava em frente ao hospital comprei um café, dois bolinhos e escondi um no bolso para levar pra dentro, a Anne ia adorar um bolinho de chocolate com brigadeiro quando acordasse. Eu nem sabia se ela podia comer isso também... Mesmo assim guardei um pra ela. Quando peguei o buquê de flores, lindas rosas vermelhas americanas todas com um perfume irresistível, ouvi duas médicas conversando perto da entrada do hospital.
- Não dá pra acreditar que um homem daqueles, com aqueles olhos verdes tão lindos... Deus como tem gente ruim nesse mundo! - Uma exasperou e a outra pois a mão no braço dela para confortar o que parecia ser a amiga. Uma estranha frieza tomou posse das minhas ações depois daquilo, eu estava sentindo que tinha algo errado, de alguma forma o desgraçado estava vivo. Merda! Merda! Merda!
- Mesmo com a bala na cabeça... E ainda está respondendo bem aos medicamentos, se continuar assim é pra voltar a ter uma vida normal em apenas algumas semanas... Já a vítima, aquela lá coitada, nunca mais vai ser a mesma. Vai ficar traumatizada pra sempre coitadinha...
Me agarrei fortemente a resistir o impulso de ir até elas e gritar e berrar até descobrir por bem ou por mal onde está o quarto do imbecil. Quando de repente uma delas acabou me dando a localização dele sem eu precisar fazer nada pra conseguir.
- Qual é mesmo o quarto dele? Quero dar uma olhada pra ver se os olhos são verdes mesmo! - Uma delas brincou e então a outra deu uma olhadela numa caderneta que trazia no bolso do jaleco e fez um número 4 na mão direita.
- Quarto E5 ala 4.
Entrei triunfante, sentindo que ia resolver aquilo ainda hoje então me encaminhei depressa ao quarto da Anne.

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