Clementine: Você me conhece, eu sou impulsiva. Joel: É isso que eu amo em você
(Brilho eterno de uma mente sem lembranças)
Ainda bem que eu tenho essa prova de intercâmbio hoje. Ontem à noite, quando eu pedi para a minha mãe assinar a tal nota da diretora, fiquei morrendo de medo de levar um castigo terrível (tipo ser proibida de ir ao cinema), mas tudo o que ela disse foi: "Claro que você está com falta de atenção, afinal, amanhã vai ter que fazer uma prova mais importante para o seu futuro do que qualquer provinha que esse colégio possa te aplicar". E assinando, continuou: "Você já resolveu com que roupa vai? Nada de jeans, viu, minha filha? A nossa imagem é muito importante nessas ocasiões. Acho que 0 ideal seria um tailleur, que por sinal você não tem. O problema é que o único horário em que eu poderia ir com você comprar seria de manhã...".
Ficou um pouco pensativa, leu o bilhete da diretora de novo e disse: "Sabe de uma coisa? Acho melhor você não ir à escola amanhã. É bom que você dorme mais um pouco, ficacom a aparência descansada e lá pras 10 horas a gente val as shopping e resolve esse problema da roupa".
Ela me devolveu o papel e saiu cantarolando. De repen te, voltou-se para mim, apontou para a minha mão e falou "Ahl Mostre isso para o seu pai. Ele é que vai ter que ir encontrar com a sua diretora na sexta-feira, com a minha dermatologista nesse mesmo horário" eu tenho consult
Minha mãe me surpreende. Se fosse em algum outro du, tenho certeza de que ela gritaria, reclamaria das minhas com panhias, perguntaria se eu estou precisando de uma psicóloga, me colocaria de castigo e faria questão de ir pessoalmente falar com a diretora. Acho que ela está realmente se importando com essa coisa de intercâmbio. Pelo que eu estou entendendo, parece que uns filhos de umas amigas dela passaram na entre vista do ano passado e ela não quer ficar por baixo. Ou seja, eu que experimente não passar nesse negócio que o tal castig virá dobrado! Minha mãe odeia não ser a melhor em qualquer coisa que seja, e isso me inclui. Por isso, ela faz questão que eu, pelo menos, pareça uma filha perfeita.
Cheguei bem de mansinho perto do meu pai, que estava concentradíssimo assistindo ao Jornal Nacional. Fingi que eu estava também interessada nas notícias e então, na hora do comercial, quando finalmente ele pareceu notar a minha presença, eu dei um sorrisinho meio amarelo.
"Aconteceu alguma coisa, minha filha?", ele falou com uma cara meio preocupada. "Você não é de rir à toa assim...
Aí eu fiquei com vergonha. Não com medo de brigasse ou coisa parecida... eu fiquei com vergonha mesmo. que rele Vergonha de ter que mostrar um bilhete desses devido a um acontecimento do qual eu não tive a mínima culpa e tam bém de submetê-lo ao inconveniente de ter que ir ao meu colégio ouvir a diretora dizer o contrário. Eu abaixei os olhos e entreguei o papel. Antes que ele lesse, eu disse: "Pai, eu não estava desatenta. Eu fiquei foi nervosa e escrevi um palavrão no caderno, sem querer, na frente da professora".
Ele fez uma cara assustada quando eu falei do palavrão e leu a nota da diretora. Aí, ele tirou os óculos, abaixou a tele visão e, com a maior calma do mundo, pediu para eu contar aquele caso direito.
Eu falei tudo, desde o dia anterior quando eu não fiquei sabendo sobre a reunião da sala por estar no banheiro (claro que eu não ia contar que tinha saído mais cedo pra ver o meu professor!); e depois sobre os bilhetes que o pessoal me mandou durante a aula, falei da revolta com que eu fiquei por descobrir que a menina mais fresca da sala é também uma interesseira por querer se aproximar de mim apenas para conseguir o pré dio da minha melhor amiga emprestado; e também do susto que eu levei por perceber que pode ser que eu não conheça direito essa minha melhor amiga, pois até então eu achava que ela se orgulhasse de não fazer parte do bando e gostasse de ser original; ah, e eu também falei que o meu suposto melhor amigo (que inclusive eu cheguei a considerar que estivesse gostando de mim) parece ter uma quedinha pela tal menina fresca-interesseira que começou toda essa confusão.
O meu pai continuou com aquela mesma expressão cal ma de quando eu comecei a minha explicação, balançou a cabeça afirmativamente, deu um sorrisinho e disse: "Fani, eu admiro muito você. Eu, no seu lugar, teria não só dito o pala vião, mas também jogado a carteira pra cima, saído pisando duro e batido a porta da sala!".
Eu olhei pra ele admirada e ele riu.
"Bom, pelo menos eu teria tido muita vontade de fazer isso", ele disse me abraçando.
A gente ficou assim um tempo, ele falou que podia dei xar que ele iria à tal reunião e falaria uma coisa qualquer pra "livrar a minha barra" com a diretora. Aí assinou o bilhete, me devolveu com uma piscadinha e voltou a assistir ao jornal.
Eu levantei e já ia saindo da sala quando ele me chamou.
"Fani", ele falou com cara de quem estava se segurando para não rir, “a propósito... qual palavrão você escreveu?"
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fazendo meu filme
FanfictionFani, uma menina de 16 anos que mora em Belo Horizonte. Com uma escrita sem pressa, somos introduzidos na vida dessa adolescente e no seu dia a dia. Acompanhamos sua vida na escola, sua preocupação com as notas e a aprovação, seu relacionamento com...