Jane: Tem poucas coisas mais tristes nessa vida do que ver alguém indo embora depois de te deixar e assistir a distância entre seus corpos se expandir até não existir nada.... além de espaço vazio e silêncio.
(Alguém como você)
O fato é que eu não consegui pensar mais em nada de pois da aula. Fui pra casa, almocei, não fiz os meus deveres nem fui pra academia. Ao invés disso, fiquei juntando o meu nome todo com o do Marquinho, para ver como ficariam os nomes dos nossos filhos, li o meu horóscopo e o dele, assisti a dois filmes de amorzinho no DVD, liguei para a Gabi umas vinte vezes para ela me narrar detalhadamente a cena do fi nal da aula (apesar de eu saber cada minuto de cor, sempre mais gostoso a gente escutar pela boca de outra pessoa) e eu poder ficar revivendo aqueles sentimentos...
O día acabou e eu não fiz nada além disso. No fim, a Cabi até pediu encarecidamente para eu deixar que ela es tudasse, já que pelo visto eu não precisava. Aí eu falei pra ela que precisava sim, mas que as provas eram só na outra semana, que eu teria muito tempo para isso e que ela estava se preocupando antes da hora. Ela falou a mesma coisa que minha mãe sempre fala, que estudar na véspera não adianta nada, mas eu não concordo, acho que, quanto mais fresco.o estudo está, mais fácil é de lembrar na hora da prova.
No sábado, eu acordei ainda nas nuvens, mas nem det tempo de sonhar muito, pois fiquei o dia inteiro em um chur rasco da minha família (aniversário de uma tia-avó) em um sitio meio afastado da cidade, pros lados de Itabirito. Chega mos tarde e eu fui dormir logo porque no dia seguinte, em pleno domingo, eu e a Gabi teríamos que ir ao participar de um trabalho de Geografia e ganhar uns pontos extras. O trabalho não era obrigatório, o professor-muito gen te boa - é que resolveu ajudar, já que muitos alunos estavam "dependurados", precisando de nota. Não era o caso da gente, mas sempre é bom ganhar uns pontinhos a mais, aí fica uma matéria a menos pra se preocupar nas provas finais. colégio para
O trabalho era bem fácil, só ficar na porta do colégio, em duplas, entrevistando pessoas que passavam, uma espécie de censo demográfico. Apesar disso, pouca gente compareceu, talvez pelo dia lindo de sol que estava fazendo.
Eu e a Gabi estávamos planejando acabar aquilo logo e ir para o clube, quando, de repente, nós vimos o Marquinho des cendo de um táxi, todo esportivo (bermuda e camiseta bran cas, tênis cinza, boné azul-marinho).
Ele foi entrando no colégio sem nem notar a nossa pre sença. Eu percebi que ele estava falando ao celular e a Gabi me cutucou. Ela fez sinal para a gente chegar mais perto, e então, com a desculpa de ir ao bebedouro, entramos também no colégio e ficamos conversando ali pertinho dele, sem di zer nada com nada, apenas tentando ouvir o que ele estava falando ao telefone.
Ele não reparou a gente, a princípio, de tão entretido que estava na conversa. Ele estava dizendo algo assim: "Sim, já estou com tudo, vou te esperar aqui na frente da escola, estou saindo, você está chegando? Ótimo, Beijão, tehaul",
Quando ele nos viu, ficou meio sem graça, guardou o celular no bolso, perguntou o que a gente estava fazendo no colégio em um domingo bonito daqueles. Eu, pra variar, fi quei apenas sorrindo, mas a Gabi explicou e ainda perguntou o que ele estava fazendo ali em pleno domingo.
Ele falou que tinha ido só buscar a agenda que havia esquecido lá na sexta, pois precisava de um endereço que estava anotado nela. Deu tchauzinho com a mão, saiu nova mente do colégio, mas foi interceptado por duas colegas nos sas, que perguntaram se podiam fazer a entrevista do trabalho de Geografia com ele.
Nessas alturas, eu e a Gabi já estávamos lá fora também e fi
camos atrás dele, bem pertinho, pra não perder nenhuma palavra. "Nome: Marco Antônio. Idade: 26 anos. Profissão: Biólo go e Professor. Estado Civil: Casado."
A Gabi até engasgou. Eu fiquei gelada, meu coração quase parou, fiquei sem ar e, mesmo assim, notei que ele virou, nos viu e olhou para o chão meio sem graça. Aí ele vi rou novamente para as meninas que o estavam entrevistando e falou: "Olha só, estou realmente com muita pressa, vamos ter que deixar isso pra depois".
Nesse momento - como se não bastasse o que eu tinha acabado de ouvir - parou um carro cinza na frente do colé gio com uma loura bem bonita na direção. Ela acenou para o Marquinho e ele, sem se despedir de ninguém, entrou no carro. Ela então, sem cerimônia nenhuma, deu um beijão nele na frente de todo mundo. Na boca....
Em seguida ela arrancou, e o que sobrou de mim ficou ali, olhando para o meio da rua, até o carro deles sumir de vista.
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fazendo meu filme
FanfictionFani, uma menina de 16 anos que mora em Belo Horizonte. Com uma escrita sem pressa, somos introduzidos na vida dessa adolescente e no seu dia a dia. Acompanhamos sua vida na escola, sua preocupação com as notas e a aprovação, seu relacionamento com...