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Anne: Eu acho que te conheço um pouquinho melhor que você pensa E eu não quero que você acorde uma manhã pensando que, se você tivesse

conhecimento de tudo, poderia ter feito alguma coisa diferente.

Diário de uma paixão)

O aeroporto internacional fica exatamente a uma hora de distância da minha casa. Não parei de chorar um minuto durante o percurso.

Meu pai perguntou mais de uma vez se eu queria desis tir, mas eu só conseguia balançar a cabeça negativamente. Eu não queria desistir, uma parte de mim queria muito fazer aquele intercâmbio, minha tristeza era apenas por saudade antecipada de todo mundo e por frustração pelos meus pla nos terem dado errado com o Leo.

Depois que ele saiu da minha casa, eu liguei pra Gabi no mesmo instante e abri o berreiro. Contei que ele não compare ceria ao aeroporto, que tinha ido à minha casa se despedir sem ter ouvido o CD e que, por um instante, eu cheguei até a pensar que rolaria um beijo, mas que eu achava que tinha sido apenas impressão minha, provavelmente era a minha vontade de que aquilo acontecesse que estava me fazendo ter alucinações...

Ela disse que não era pra eu me preocupar, pois tudo daria certo no final. Aí eu expliquei pra ela que o final já tinha acontecido, e ela disse que tudo só termina na hora em que as cortinas fecham. Não entendi o que ela quis di zer, eu estava com a cabeça explodindo de dor por causa da falta de sono e do excesso de choro, e então ela falou que tinha que almoçar depressa pra resolver umas coisas antes de ir pro aeroporto.

O aeroporto. Normalmente eu adoro aeroportos. Gosto de reparar nas pessoas que circulam por eles, sempre com sorrisos no rosto. A quantidade de abraços que acontecem nos aeropor tos deve ser maior do que em qualquer outro lugar. Abraços tristes de despedida e alegres abraços de chegada.

Mas, dessa vez, eu não gostei de avistar o aeroporto se aproximando. Em poucas horas, tudo estaria terminado, uma nova vida começaria para mim, bem longe. Apesar da curio sidade e ansiedade para conhecer o que estava me esperando, uma grande parte de mim pedia para que eu não inventasse moda e ficasse quietinha onde eu já estava acostumada. Eu ficava tentando dizer pra essa minha parte que era tarde de mais, que ela devia ter dito isso meses atrás...

O meu pai foi estacionar o carro, enquanto eu, a minha mãe e o Alberto descemos para já ir entrando na fila do check-in.

Foi só entrar no saguão do aeroporto que eu percebi que ia demorar um pouquinho pra conseguir chegar na tal fila. O aeroporto estava lotado! Avistei alguns dos outros intercambis tas que eu já conhecia dos encontros, todos com o mesmo uni forme que eu - blusa branca, blazer azul escuro, calça cinza, sapato preto, cada um deles com uma penca de gente em volta, provavelmente amigos e familiares se despedindo.

Andei mais um pouco e vi várias pessoas da minha famí lia me esperando. Assim que me viram, todas vieram ao meu encontro. Confesso que esqueci a tristeza por um momento, parecia até que era meu aniversário, todo mundo vindo me cumprimentar, alguns com presentes, outros com cartinhas...

Além da família, quase todas as minhas amigas que fo ram à festa surpresa estavam lá, mas a Gabi e a Natália ainda não tinham chegado.

Terminei o check-in e vi que eu ia ter uma hora de ra antes do momento de entrar na sala de embarque. espe

Passei então por cada grupinho de intercambistas para cumprimentar e ver como eles estavam lidando com a ex pectativa. Reparei que o rosto inchado não era privilégio só meu, muitas das meninas que estavam indo, também esta vam assim.

Resolvi ir ao banheiro passar um pouco mais de correti vo pra tentar disfarçar as olheiras devido à noite mal dormida. Chegando lá, dei de cara com a Priscila penteando o cabelo.

fazendo meu filme Onde histórias criam vida. Descubra agora