Faye: Eu costumava pensar que você era verdadeiro quando Sorria. Mas agora eu sei que
não era nada disso.
(The Wonders - O sonho não acabou)
Segunda-feira é o pior dia da semana para mim. Eu fico meio "zumbi", apenas respirando, ligada no automático. E exatamente hoje, parece que todas as pessoas do mundo re solveram requerer minha atenção.
Vem chegando o final do ano e os professores começam a correr com a matéria, como se a gente fosse obrigado a aprender em duas semanas tudo o que eles não conseguiram ensinar no ano inteiro.
No meio da aula de História, um bilhetinho aterrissou na minha carteira. Eu achei que só poderia ser da Gabi, já que o Leo continuava sentado lá frente, do lado da bruxa, ops, da Vanessa.
Mas eu estava enganada. O bilhete era do Alan, um menino que senta lá no fundão, na turma dos bagunceiros.
No começo do ano, ele usava óculos com uma das lentes que brada. Quando perguntamos onde ele tinha quebrado, ele disse que era ÓBVIO que tinha sido na arquibancada do Mineirão, em um dia de jogo Atlético x Cruzeiro. A partir daí, a gente ficou com mania da palavra "óbvio", em homenagem a ele, ou aos óculos dele, sei lá...
O bilhete vinha escrito assim:
O cara tá O que tá rolando entre você e o Leo? Vocês brigaran? muito estranho. Não apareceu pro futebol no sábado. Liquel pra casa dele e ele estava dormindo, com o dia ensolarado que estava fazendo! Acho que sua companhia fazia bem melhor pra ele do que a dessa patricinha com quem ele está andando agora. Faça algo a respeito. Alan.
Eu li umas cinco vezes, mostrei pra Gabi, ela leu, levantou uma sobrancelha, devolveu pra mim repetindo a frase do fim do bilhetinho: "Faça algo a respeito!", e eu fiquei ali com aquele bilhete na mão sem saber o que responder ou o que fazer. Realmente eu não queria perder a amizade do Leo, mas também não estava a fim de ir lá e trazer ele à força de volta pro meu lado. Isso tinha que partir dele. Eu não fiz nada de errado.
O sinal bateu e fui com a Gabi pro Gulagulosa. A Na tália também chegou, sentou ao meu lado e veio com essa "Fani, adivinha quem a Júlia e eu encontramos no Barbican na sexta-feira?".
Eu, que nem sabia o que era esse tal de Barbican, fiz uma cara de completo desinteresse.
"Você sabe, o barzinho novo que abriu lá no Seis Pis tas...", ela continuou, mesmo sem eu ter respondido. "Foi inauguração sexta-feira e só entrava quem tivesse convite. Eu consegui dois porque fiquei amiga do porteiro, que é o mesmo da Pizzaria Finna, mas s fiquei sabendo que realmenteestava bem difícil de conseguir, eu nem esperava encontrar muita gente conhecida lá, além do Mateus, é claro, que eu sei que está em todos os eventos badalados da cidade..." Enquanto ela ia falando, eu ia comendo o meu pão de
queijo tentando armazenar na minha cabeça as palavras dela
e conciliar com vários outros pensamentos que estavam me
atormentando:
1. Um plano para "fazer algo a respeito" sobre o distanciamento do L.co.
2. As lembranças do telefonema pro Marquinho na noite passada.
3. As notas que eu precisava tirar nas provas finais daqui a duas semanas.
E aí, de repente, ela começou a contar um caso, que ti nha finalmente conseguido chegar na pista de dança onde o Mateus deveria estar e, diferente dele, a primeira pessoa que ela avistou foi o Leo.
Nessa hora eu saí dos meus devaneios, desliguei de todos os meus outros pensamentos e só falei: "O Leo?!", e ela: "Exatamente. Isso não seria nada estranho, já que o Leo também está em todas, só que desta vez ele não estava sozinho...”.
Ela parou de falar, como se estivesse esperando que eu perguntasse com quem ele estava. A Gabi me poupou e per guntou antes: "E com quem ele estava, você pode satisfazer a nossa curiosidade?".
A Natália só apontou com a cabeça para o outro lado da rua e todos nós vimos. O Leo e a Vanessa estavam sentados juntinhos, sozinhos, em um dos banquinhos da pracinha que fica na frente do colégio. Eles pareciam estar se divertindo muito, conversando sobre alguma coisa engraçada, mas que para mim não estava tendo graça nenhuma.
Veio vindo um sentimento de raiva misturada com tris teza (a Gabi mais tarde me falou que isso é o nome que se da para ciúmes, apesar de eu não concordar), c do meu pão de queijo a seco mesmo e só perguntei: "Eles estão ficando, namorando ou alguma coisa assim?". e eu engoli o resto
"Bom, eu esperava que você me respondesse a essa per gunta", a Natália falou, "é o que todo mundo quer saber, e eu achei que, se alguém soubesse essa resposta, esse alguém seria você, já que é a melhor amiga dele..."
Eu joguei meu copo vazio e o guardanapo no lixo, olhei pra ela e falei: "Era!".
Levantei e fui andando de volta pro colégio. Um segun do depois, a Gabi me alcançou e foi aí que ela falou que eu estava com ciúmes e que isso não era vergonha, que eu tinha que descobrir o que estava acontecendo entre os dois para poder entender melhor até os meus próprios sentimentos.
Eu falei ela pra que meu único sentimento era de que eu era uma boba, que se deixou ser enganada esse tempo todo achando que o Leo era uma pessoa quando na verdade ele era outra, porque aquele menino legal, gente boa, fofo que ele era, não era o mesmo desse ridículo que estava ba bando pela menina mais chata do colégio.
Entrei na sala e fiquei o resto da aula apenas me concen trando em prestar atenção na explicação dos professores, uma vez que minha vida já estava complicada o suficiente sem ter também 1 que tomar bomba em alguma matéria!
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fazendo meu filme
FanfictionFani, uma menina de 16 anos que mora em Belo Horizonte. Com uma escrita sem pressa, somos introduzidos na vida dessa adolescente e no seu dia a dia. Acompanhamos sua vida na escola, sua preocupação com as notas e a aprovação, seu relacionamento com...