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Oliver Barrett IV: Veja bem, eu acho que você está com medo. Você erque essa grande redoma de vidro em volta de você para não se machucar mas isso também te protege de ser tocada. É um risco, não é?

(Love story - Uma história de amor)

No fim da tarde, depois de pensar muito, resolvi ligar para o Leo. Desde que a Gabi desligou o telefone, eu fiquei pensando sobre os últimos acontecimentos da minha vida:

1. Minha mãe inventou que eu tinha que fazer intercâmbio.

2. As bodas de prata dos pais da Gabi, que foi quando ela co meçou com essa ideia fixa de que o Leo gosta de mim.

3. O Leo começou a se interessar pela Vanessa, provando que a teoria da Gabi não tinha o menor fundamento. 4. Passei na prova do intercâmbio e o Leo, apesar da Vanessa, foi comemorar comigo. 5. O Marquinho quase me fez acreditar que poderia estar me dando bola.

6. Quando eu comecei a acreditar, o destino me provou o contrário, esfregando a mulher dele na minha cara.

7. 0 Leo, apesar de estar com a Vanessa do lado, ficou pre ocupado com a minha tristeza.

8. O jogo da aula de Ed. Religiosa em que eu (supostamen te) recebi três declarações de amor e a Gabi fica dizendo que todas elas vieram da mesma pessoa. O Leo.

Não pela insistência da Gabi, mas por reconhecer que em quase tudo o Leo estava envolvido, resolvi ligar pra ele, só para provar pra mim mesma que era apenas coincidência. Claro que eu não ia perguntar se era ele que havia escrito aquelas frases, mas, conversando a respeito do jogo, talvez ele desse alguma pista do que realmente tinha escrito pra mim.

A mãe dele atendeu. Não sou convencida e odeio me gabar, ma isso não dá pra passar despercebido: a mãe do Leo me adora! Foi ouvir a minha voz que ela começou o falató rio, sem nem me dar espaço pra responder: "Fani, fofinha! Você sumiu! Está tudo bem por aí? Sua mãe está boa? Meni na, outro dia fiz aquela torta de morangos com chantilly que você e o Leo adoram, eu crente que ele ia te trazer pra lan char aqui e qual foi minha surpresa quando ele chegou com uma outra menina, muito mal-educada por sinal! Não quis nem provar da torta porque eu disse que não sabia quantas calorias tinham nela!".

Aí não, né? O Leo namorar a Vanessa, tudo bem. Mas levar ela pra comer a minha torta preferida na casa dele? E ela ainda fazer desfeita pra Dona Maria Carmem? Senti de novo aquele sentimento de quando fiquei sabendo que eles estavam juntos. Como se estivessem mexendo nas minhas ga vetas e revirando tudo... como se estivessem usando os meus pertences sem a minha autorização.

Eu fiquei calada, sem achar o que dizer, e ela, então, perguntou: "Você queria falar com o Leo, né? Ele não está agora, querida. Parece que foi comprar um presente pra essa menina de quem eu te falei. Acho que é aniversário dela no fim de semana, ou alguma coisa assim...".

De novo meu estômago revirou. Fiquei lembrando do meu aniversário, quando o Leo me deu um presente supe roriginal. Um CD que ele mesmo tinha gravado e mixado, com músicas de que ele gostava e que queria que eu gos tasse também.

O Leo tem mania de gravar CDs. Ele diz que não tem a mínima graça dar de presente CDs comprados em lojas, que isso qualquer um faz. Que muito mais importante é o tempo gasto escolhendo o repertório, imaginando o que a outra pessoa vai gostar de ouvir, fazer uma boa ordem das músicas, mixar para dar um toque pessoal, embrulhar, en tregar e - o mais importante segundo ele saber o que a pessoa achou depois de escutar.

Fiquei imaginando se o Leo ia fazer isso pra Vanessa também, e desta vez - confesso - senti uma pontinha de ciú mes. Não dele, mas de não ser mais a única da sala a ganhar um CD gravado com tanto carinho. Mas aí lembrei que a mãe dele havia dito que ele tinha saído pra comprar um pre sente, mas mesmo assim a sensação ruim não foi embora.

fazendo meu filme Onde histórias criam vida. Descubra agora