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Kat: Eu odeio o fato de você sempre ter razão. Eu odeio quando você mente. Eu odeio quando você me faz rir. Mais ainda quando me faz chorar. Eu odeio quando você não está por perto. E por você não fer me ligado. Mas mais que tudo, odeio como eu não te odeio. Nem um pouco, nem por um segundo, nem por i nada

Dez coisas que eu odeio em você)

Os dias foram passando sem que eu recebesse - além daquele e-mail ridículo - nenhuma notícia do Leo. Fiquei a segunda e a terça inteirinhas plantada na frente do computa dor, checando de um em um minuto.

Além disso, a cada vez que o telefone tocava, meu cora ção batia em compasso de escola de samba, mas, apesar de proibir todas as pessoas da casa de atenderem, de deixar tocar três vezes (pra não dar na cara que eu estava ali do lado por conta) e de falar por incontáveis vezes o meu "alô" mais sexy,  tudo foi em vão. A únicas chamadas para mim foram da Cabi e da Natália, me chamando para fazer compras de Natal.

Desde que eu admiti pra mim mesma que eu sou apaixo nada por aquele incompetente (por que é que ele não pode perceber logo que eu gosto dele sem eu precisar falar?!), parece que tudo o que eu faço é chorar. Silenciosamente. Sozinha. De preferência na hora do banho, pra ninguém enxergar as minhas lágrimas.

Então, depois de deixar o choro lavar a minha dor, resol vi que eu não podia me entregar à tristeza e precisava ser um pouquinho racional. Cheguei à conclusão de que, com cer teza, o Leo já tinha recebido o CD e que apenas duas coisas podiam ter acontecido:

1. Ele ter ouvido, ter sacado a minha mensagem (porque francamente ele não é bobo, nem cego, nem surdo, e aquele CD está entregando o ouro totalmente) e ter fica do com MEDO de mim, por não sentir a mesma coisa do que eu. Por isso resolveu que o melhor seria fugir até que eu sumisse do país.

2. O Rio estar tão interessante (cheio de cariocas louras, ma gras e bronzeadas) que, quando a mãe dele entregou o CD, ele deve ter largado em um canto qualquer e esque cido lá, acumulando poeira e teia de aranha.

Completamente desiludida, mas disposta a, pelo menos, tentar entrar no clima de Natal, resolvi ir com as meninas para o BH Shopping, afinal eu precisava comprar algum presente, o Natal seria em três dias e eu ainda não tinha providenciado nada.

Depois de andar horas e horas naquele shopping lotado de final de dezembro, implorei para a gente fazer um intervalo e tomar um lanche em algum lugar. A Natália sugeriu o café da livraria megastore, pois, enquanto isso, ela poderia procurar o livro que queria comprar para o pai dela.

A gente estava lá havia um tempo comendo um sanduí che (eu), folheando uns livros (Natália) e paquerando o ven dedor (Gabi), quando vimos dois rostos conhecidos entrando na livraria. O Rodrigo e a Priscila.

A gente não tinha se visto desde o dia da festa, então ado

ramos encontrar os dois. Enquanto o Rodrigo foi procurar um livro, a Priscila sentou do meu lado e pediu uma Coca. "E aí, Fani, ansiosa pelo resultado da recuperação?", ela me perguntou enquanto devolvia o cardápio para o garçom. "Sai hoje, né?"

Eu fiquei gelada. Com essa minha fixação "leonardísti ca", sem conseguir pensar em mais nada, esqueci completa mente que eu tinha que olhar se tinha passado ou não! "Que dia é hoje?", eu perguntei, tentando encontrar mi

nha agenda dentro da bolsa. "Quarta-feira?"

A Priscila começou a rir. "Nossa, estou vendo o tamanho da sua ansiedade! Até esqueceu o dia do resultado! O Leo, ao contrário de você, já ligou pro Rodrigo três vezes pra saber se ele já tinha passado no colégio pra olhar pra ele."

"Leo?", eu quase gritei. "O Leo ligou pro Rodrigo?" A Priscila, que não estava por dentro do desenrolar dos acontecimentos e muito menos da mudança dos meus senti mentos, me olhou como se eu estivesse com algum problema.

fazendo meu filme Onde histórias criam vida. Descubra agora