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MARIA CLARA; point of view.
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A noite havia sido incrível. O show foi o melhor que já assisti e fiquei impressionada com o talento dos garotos. Chefin, Oruam e Jhowzin se destacaram muito, mesmo tendo cantado apenas uma prévia da música nova, intitulada "invejoso". Era tão boa que eu não conseguia parar de cantarolar.
Chefin conseguiu que eu tirasse uma foto com o Cabelinho e após isso, deixei que eles conversassem; provavelmente o assunto era profissional. O esperei na decida do palco, enquanto enviava mensagens à minhas amigas, querendo saber como elas estavam, se já haviam chegado e principalmente me desculpando sobre ter deixado elas para ficar ao lado de outra pessoa. Queria muito ter levado minhas garotas para o backstage também, porém, tinha plena consciência de que convidado não convida.
— Vam' bora? – a mão de Chefin tocou minha cintura, me fazendo ficar levemente arrepiada, já que era um ponto particularmente sensível
— Vamos. – concordei, prendendo meu cabelo em um coque. Eu estava uma bagunça, doida pra deitar e dormir.
Involuntariamente, enquanto caminhávamos para longe daquele fim de baile e início de festa na piscina da comunidade, localizada à algumas ruas acima, Chefin segurou minha mão, para não nos perdermos no meio da multidão. Eu não fiz menção de soltar quando viramos a esquina e o movimento já estava bem reduzido; ele também não.
— Eu moro naquela rua que tem um carro branco parado. – apontei com o dedo
— Pertin' pô. Eu moro mais pra lá, perto da Otaviano Batista. Onde tem aquela igreja batista, grandona. Tá ligada!? – ele explicou e eu balancei a cabeça, já situada
— Não é tão longe, mas é completamente pra lados opostos. Tu não prefere ir pra casa não?Eu só preciso descer três quarteirões e virar a esquina, tá tranquilo. – tentei argumentar, mas ele começou a negar com a cabeça, sem parar
— Claro que não, froco de neve. Tem caô nenhum, te levaria em casa até se tu morasse em Senador Camará. – Chefin passou a mão que segurava a minha por trás de meu ombro, sem nos separar
— Froco de neve? – gargalhei, surpresa com aquele apelido
— Hãm, tá me tirando?O pai é o rei do froco de neve no tiktok e tu me lembra aquelas paradas. – sua explicação me fez sorrir, balançando a cabeça em concordância
— Se tu tem um apelido pra mim, acho que eu deveria ter um pra você também. – ponderei, franzindo o cenho, pensativa
— Ah, pode me chamar de amor da tua vida. Terror nenhum. – sua espontaneidade e o modo como falou aquilo de forma simples, me fez rir. Rir de nervoso.
— Qual é teu nome verdadeiro? – indaguei
— Nathanael. Mas, deixa baixo. Explana não. – ele fez graça e eu concordei, rindo
Céus, ao lado dele eu só sabia rir. Que porra estava acontecendo?
— Então vou te chamar de Nathan, já que ninguém chama. – decretei e ele fez cara de quem não gostou, mas não aguentou por muito tempo e sorriu, concordando
Seus olhos ficaram menores quando ele sorriu e, se eu ainda pintasse e desenhasse, gostaria de retratar aquela imagem. Era um hobbie que havia deixado de lado após a morte de minha mãe e não tinha pretenção de voltar. Sua falta ainda era um buraco em meu peito, tudo ainda me lembrava ela, principalmente as tintas e as cores. Alice, minha amada mamãe, amava meus desenhos e pendurava todos os meus quadros pela casa, até os mais mal feitos.
— Suave, mas, só tu que vai poder me chamar assim. – Nathan atraiu minha atenção, me fazendo afastar os pensamentos melancólicos
Continuamos conversando e brincando, até chegar ao meu portão. Elogiei sua apresentação e começamos a conversar sobre nossos sonhos e objetivos. Ele me contou que está trabalhando com uma gravadora independente, distrito 23, e está buscando crescer no mundo da música. Eu contei sobre ter terminado a escola no ano passado, por culpa de meu pai, que me matriculou no segundo ano do fundamental I, sendo que era para ser no primeiro ano, deste modo, me fazendo pular um ano. E falei também sobre meu curso de design gráfico, enquanto não decido qual curso quero fazer na faculdade.
Assim como eu o apoiei e motivei à seguir com seus sonhos, ele fez o mesmo.
— E como a gente fica agora, froco de neve? – ele apoiou o braço no muro da minha casa, me encarando
— Gostei de passar essa noite contigo. Me passa seu número? – peguei o celular e estendi para ele
Nathan salvou o contato como "Nathan ❤️". Mandei mensagem para que ele salvasse também e precisei conectar minha rede wifi no celular dele, já que os créditos haviam acabado. O assisti salvar o contato como "Froco de neve ❤️".
— Então, acho que é isso. A gente marca alguma coisa, né?E vai se falando também. – sorri, sem jeito, já abrindo o portão de casa
— Vamo sim, claro. Já quero te ver de novo, assim que tu tiver livre. – ele sorriu, cruzando os braços
— Eu também. – admiti, sentindo meu rosto esquentar um pouco. Me aproximei dele e depositei um beijo em sua bochecha. — Boa noite, Nathan. Me avisa quando chegar.
— Boa noite, froco de neve. Aviso sim. – Chefin devolveu o beijo em minha bochecha
Nos abraçamos e confesso que não queria soltá-lo. Ele era cheiroso e seu abraço era muito bom. Nos afastamos e ele esperou eu entrar em casa para ir embora. Subi para minha casa, sem fazer barulho, para não acordar meu pai.
Quando entrei em meu quarto, liguei o ar e peguei um pijama. Tomei banho, retirei a maquiagem, passando alguns produtos de skin care e escovei o cabelo. Saí do banheiro e meu pai estava parado na porta de seu quarto, com uma expressão sonolenta.
— Bom dia, Clarita. Chegou bem, minha filha?Fiquei preocupado. – o homem negro, de quase dois metros de altura, se aproximou de mim, beijando minha cabeça
Após a morte de mamãe, meu pai se esforça todos os dias para ser o melhor que consegue. Sei que ele tenta suprir todo afeto que eu poderia receber de ambos caso Alice ainda fosse viva; e o amava por isso.
— Bom dia, papai. Cheguei bem sim, é que o show demorou pra começar e terminar. Já vou dormir. E você deveria fazer o mesmo, pode descansar. – beijei sua bochecha e o abracei.
— Vou mesmo, só acordei porquê te ouvi chegar e também não tava conseguindo dormir muito bem, tava preocupado. Mas, agora tá tudo bem. Boa noite, amanhã você me conta tudo o que aconteceu. – Márcio me deu as costas, entrando em seu quarto
Entrei no meu e fechei a porta. Peguei o celular e deitei na cama. Demorou um pouco, mas recebi a mensagem de Nathan, avisando que havia chegado bem em casa. Lhe desejei uma boa noite e peguei no sono imediatamente, cansada, porém, feliz.