❧ nunca foi real | [27]

7.9K 583 139
                                        

MARIA CLARA;point of view

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

MARIA CLARA;
point of view.

Três dias haviam se passado desde o

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Três dias haviam se passado desde o...desde que tudo aconteceu. Nos dois primeiros dias enchi Micaella de mensagens, cheguei até a ligar, pronta para descontar tudo o que estava sentindo, porém, ela não atendeu. Chegou até a me bloquear, simplesmente não disse nada.

Na noite passada, sua mãe me mandou mensagem. Alegando que ela estava péssima, tinha se arrependido e precisávamos conversar. Fiz a proposta e ela aceitou em nome da filha: nos encontraríamos na confeitaria Colombo, já que todos os alunos do curso que fazemos precisava levar documentos extras para a preparação do diploma de conclusão.

Preferi que nosso encontro fosse em um local público, assim me controlaria melhor.

Cheguei antes dela na cafeteria. Escolhi um lugar no segundo andar, que dava uma visão panorâmica da entrada. Algumas pessoas me encaravam; talvez fosse o fato de eu ainda estar usando óculos de sol.

Simplesmente não conseguia tirá-los. Meus olhos estavam inchados, vermelhos e mal conseguia abri-los. Minha vó e meu pai ressaltaram o quão péssima eu estava quando sai do quarto após um dia inteiro trancada e anunciei que tinha terminado o namoro com Nathan. Márcio quis ir até a casa dele, cobrar satisfação e lhe ensinar a ser homem. Minha vó ficou triste e disse que não colocaria mais o link das músicas dele no grupo da igreja.

E por falar nele, eu decidi bloqueá-lo em todas as redes sociais. Li todas as suas vinte e sete mensagens se desculpando por Yuri, demonstrando o quão arrependido estava e tentando novamente alegar não ter envolvimento algum com a minha amiga. Não estava me fazendo bem. O bloqueei para tentar seguir em frente.

Era o melhor para nós dois.

Quando me dei conta, Micaella estava se sentando na cadeira em frente à minha. Diferente de mim, ela não estava nenhum pouco abalada. Estava maquiada, com a pose e a cara costumeira de patricinha. Seu olhar era cortante como mil facas; quis chorar diante de tanta frieza. Pelo visto, eu era a única afetada.

— Espero que seja breve. Eu já sei a verdade, você também. Não precisamos perder tempo com desculpas ridículas. – Micaella revirou os olhos, abanando as mãos para afastar o garçom que se aproximava

Ri, amarga. Não consegui segurar.

— Achei que nossa amizade valesse um pouco mais do que isso. Quando se tornou tão fria e falsa, Micaella? – indaguei, tentando não chorar. Não queria ser fraca.

Nunca foi real, Maria Clara. Se manca, a gente só era colega. Estudávamos juntas, nos aproximamos por comodidade. Pronto e acabou. Eu nunca confiei em você como amiga, mas, não foi por falta de tentativa. Até tentei te colocar com o Breno, tentar te dar alguma classe para estar no meu nível de amizade. Você é alguém legal, só não somos amigas e agora você está surtando porque seu namorado queria coisa melhor. – ela disparou tudo de uma vez, ao menos tive tempo de rebater

Aquilo sim tinha me ferido. Minha consideração por ela havia sido jogada no lixo.

— Você não é nada do que eu pensei que fosse...não sei como não percebi antes. – declarei, passando as mãos por meu cabelo, querendo entender como chegamos àquele ponto

— Da próxima vez aprenda a não esperar nada de ninguém. – a morena revirou os olhos. — Era só isso que você queria?Me chamou aqui pra te fazer enxergar coisas que sua burrice não te fez perceber?

Queria rebater suas humilhações, mas não conseguia. Ao menos estava conseguindo raciocinar, minha mente parecia prestes a pegar fogo.

— Sua mãe quem marcou isso aqui. Aceitei porquê queria entender o que aconteceu...tive...tive esperanças de que você não fosse nada do que aquelas mensagens mostraram. – assumi, sem forças para continuar aquela conversa

Em poucos minutos a presença dela me causou exaustão mental.

— Minha mãe só fez aquilo porque me achou errada e quis se meter, ou cortaria meu cartão de crédito. – Micaella respirou fundo, parecendo irritada. — Acho que não temos o que falar. Estamos perdendo tempo. Você sabe a verdade, leu tudo.

Bebi um gole da água que havia pedido. Tentei respirar fundo, porém tudo doía, principalmente minhas costas. O ar faltou algumas vezes, porém tentei me acalmar. Misturei alguns pacotes de açúcar na água, bebendo com calma. Reconhecia aquela sensação. Estava preste a ter uma crise de ansiedade.

— Não vai passar mal aqui não. Não em um lugar como esse e muito menos de uma forma que as pessoas pensem que estamos associadas. – a garota ordenou, histérica

Não conseguia entrar na minha cabeça: como fomos de amigas, sim, amigas, porque era isso que nós éramos, que curtíamos dias na praia, em completa paz e harmonia à completas estranhas, que poucos minutos em sua presença me causava crise de ansiedade e um terrível mal estar.

— Você não vai falar nada? – Micaella indagou, impaciente. — Quer saber?Eu não ligo. Tô indo embora.

Ela se levantou, ajeitou a roupa e antes de ir, me lançou um sorriso presunçoso, passando a mão por dentro do colo da blusa e exibindo o cordão pesado com o nome da gravadora distrito 23. Devo ter ficado pálida ou demonstrado algum incômodo, já que minha ex amiga gargalhou, atraindo a atenção de algumas pessoas.

Micaella se foi e me deixou ali, com o coração completamente destruído; como se estivesse adorando me ver daquela forma. E após sua postura, tinha certeza que ela estava no mínimo satisfeita.

𝗠𝗔𝗞𝗧𝗨𝗕 ━ 𝙲𝚑𝚎𝚏𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora