Ela tem uma filha.

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Lucas:

Mais um dia de trabalho se iniciava para mim.
Estava tudo até bem tranquilo na ala da Neurologia, minha especialização, até que as 10:45 da manhã uma criança do jardim de infância deu entrada no hospital.
Caso: queda na escada, bateu a cabeça, ela estava consciente mas mesmo assim a levamos para fazer exames.
-Qual o seu nome?-perguntei a ela.
-Maya!-ela disse.
Era uma criança loira de olhos azuis, muito bonita, ela tinha uma certa doçura no olhar que eu já havia visto em algum lugar, senti um carinho por aquela menina, mesmo sem conhecê-la direito, ela tinha um encanto próprio.
-Sou o doutor Lucas Carter, sente alguma dor Maya?-questionei.
-Não!-ela disse-Quando a mamãe vai chegar?
-Já chamamos ela Maya!-a professora disse nervosa.
-Está com medo?-perguntei.
-Não, só quero ver ela mesmo, ela é uma fada!-ela disse sorrindo-Doutor quando minha mãe chegar você vai como ela é bonita.
-Ok!-sorri para ela.
-Ela não pode ter nada doutor!-a professora disse apreensiva-Sempre temos cuidado com nossas crianças, mas com Maya é diferente.
-Ela tem alguma deficiência?-questionei.
-Não!-ela negou-Mas a mãe dela é conhecida como bruxa má, ela é de dar medo, se algo acontecer a filha ela pode até fechar a escola.
-Não se preocupe!-bati a mão em seu ombro-Tenho certeza que os exames não vão apontar nada.
Enquanto aguardávamos os resultados ela foi transferida para o quarto.
Peguei os resultados dos exames e como esperado não apontavam nada, a criança estava perfeitamente bem.
Tranquilo, eu retornei ao quarto onde a pequena estava.
De longe avistei uma ruiva inquieta na porta do quarto, sorri.
-Betty, o que faz aqui?-questionei.
-Lucas?-ela parecia surpresa-O quê você faz aqui?
-Eu trabalho aqui, se esqueceu?-sorri.
-Ah, é mesmo!-ela estava estranha.
-Então, o que faz aqui?-questionei.
-É que...É!-ela começou a gaguejar.
-Onde está o médico?-ouvi uma voz dentro do quarto.
-Tenho que ir!-falei.
Entrei no quarto e vi uma loira andando nervosa de um lado para o outro.
Ela era...
-Ah, ele chegou!-a professora disse ao me ver entrar.
Era ela?
Não podia ser.
Era ela sim.
Mas o que ela estava fazendo aqui?
Qual o nome da criança mesmo?
Olhei o nome no prontuário , Maya Parker.
Parker?
O que isso queria dizer?
-Amanda?-chamei.
Ela pareceu congelar por alguns segundos, e então se virou para mim.
-Lucas?-ela disse confusa.
-O quê está fazendo aqui?-perguntei.
-É que...eu-ela gaguejou
-Doutor, eu não te disse que a minha mãe era uma fada?-a criança disse.
-Mãe?-questionei confuso.-Como assim?
-Sim!-ela disse-Maya é minha filha.
-Você teve uma filha?-que loucura era aquela?
Eu estava totalmente confuso.
-Qual o resultado dos exames?-ela perguntou.
-Ah, felizmente não houveram ferimentos nem lesões, portanto ela está ótima.-falei.
-Que bom!-ela suspirou aliviada.-Quando posso levá-la para casa?
-Hoje mesmo!-falei.
-Ouviu Maya?-ela disse-Nós vamos hoje para casa meu amor!-ela disse beijando a testa da menina.
-Podemos conversar em particular?-perguntei e ela olhou para mim.

Ela estava bem séria.
-Sobre o quê você quer falar?-ela questionou.
-A garota é realmente sua filha?-perguntei.
-Maya!-ela disse rispida-O nome dela é Maya, e ela é sim minha filha!
-Qual a idade dela Amanda?-questionei.
-Não leu no prontuário?-ela cruzou os braços-O quê? está preocupado que ela possa ser sua filha?
-Ela é?-perguntei apreensivo.
-Terminamos há 8 anos, e Maya tem quase 5 anos!-ela disse-Não se preocupe, não há possibilidades dela ser sua filha, seu namoro não será prejudicado!
-Dane-se meu namoro!-falei alto-O quê me importa de verdade é saber se eu vive ou não 5 anos sem saber que tenho uma filha, então por favor, seja sincera, ela é minha filha?
-Não!-ela negou-Maya não é sua filha.
-Então, quem é o pai dela?-questionei decepcionado.-É o Alex?
-Não!-ela negou novamente-Você não conhece ele!
-Me diz, por favor!-pedi-Eu quero saber!
-Eu não sei quem ele é!-ela disse
-Como assim?-perguntei confuso.
-Em um fim de semestre alguns alunos da universidade e eu fomos comemorar nossas notas em uma festa de veteranos!-ela disse-Estávamos todos bêbados e aconteceu, eu não sei quem dos alunos presentes é o pai da Maya, eu não me lembro dele.
-Você não procurou saber quando descobriu a gravidez?-perguntei incrédulo.
-De início sim!-ela disse-Mas depois eu deixei para lá, meus pais e minha irmã me apoiaram, então ela já teria uma família, Maya é minha filha, e isso basta.
-Mas, ela não te pergunta sobre o pai?-perguntei.
-As vezes sim!-ela sorriu-Mas ela é muito pequena ainda para entender!
-E o Alex?-questionei-Vai se casar com ele para dar um pai para ela, ou você gosta mesmo dele?
-Não posso dizer que sou apaixonada por ele!-ela disse simples-Mas de fato eu gosto dele, ele me apoiou durante toda a minha gravidez e adora a Maya, eles se dão muito bem, e ficamos bem juntos.
-E ele aceita numa boa ser pai de uma menina que não é filha dele?-perguntei enciumado-E que nem você sabe quem é o pai?
-Você não aceitaria?-ela sorriu friamente-Maya é uma garotinha incrível, doce e carinhosa, só um idiota não a amaria, e eu não pedi a ele para ser pai dela, ele foi quem sempre insistiu em ser, ela nem sequer o chama de pai.
-Amanda...
Eu estava envergonhado do meu comentário maldoso.
-Você não sabe como é isso!-ela disse com um olhar frio-Porque você nunca foi pai!
Sem dizer mais nada ela retornou ao quarto da filha.
Mais uma vez eu fui infeliz no meu comentário.
Fui até o quarto e abri a porta para entrar.
-Olha só, o tio Alex tá aqui!-ouvi Amanda dizer-Ao que devemos a honra?
-Eu soube que a nossa fadinha se machucou!-ele disse alisando os cabelos da menina-Queria saber se ela estava bem!
-Mamãe, eu posso tomar sorvete hoje?-ela perguntou.
-Não pode Maya!-Amanda disse séria.
-Mas eu me machuquei!-ela fez um biquinho.
-Olha só, mas que chantagista!-Alex disse sorrindo.
Sim, eles realmente ficavam bem juntos.
Uma família perfeita.
Apena um idiota não saberia reconhecer isso.

Paixão incontrolavél(incontrolable fond)Onde histórias criam vida. Descubra agora