Má-drasta ou boa-drasta?

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Amanda:

Deixar Maya passar um tempo com Lucas foi a coisa mais difícil que eu já tive que fazer.
Mesmo ela estando ansiosa para passar mais tempo com o pai, para mim era difícil desapegar tão fácil.
Quando ele vinha pegá-la para almoçar com ele e as vezes a tal namorada, ou para passar o dia livre que ele tinha fora do hospital, eu sentia que parte de mim ia com ela.
Não que eu não confiasse nele, eu sabia que ele jamais abandonaria ou machucaria Maya, mas eu não conhecia direito aquela tal de Silvia, como eu podia confiar nela perto da minha filha?
Afinal, ela era uma má ou boa-drasta?
Eu não sabia dizer, e se eu não sabia, eu não confiava.
E enquanto eu sentia falta da minha pequena quando ela estava com ele, as coisas na empresa iam cada vez melhor, os funcionários ainda me viam como a rainha de gelo, a fria e implacável chefe, mas tudo bem, eu até gostava disso, conseguimos solucionar os problemas com o prédio novo e tudo indicava que conseguiríamos entregar ele no prazo estipulado.
O meu casamento iria sair em duas semanas.
Saí da empresa e fui até a loja fazer a prova do vestido.
Levei Maya comigo, já que ela também precisava experimentar o dela.
Alex era um bom homem e amava Maya, respirei fundo, eu estava fazendo a escolha certa.
Mas, ele estava bem mais distante e menos insistente nos assuntos relacionados ao casamento nos últimos dias, continuava o mesmo doce de sempre, mas estava sim mais distante, devia ser trabalho acumulado na empresa dele.

Lucas:

—Duas semanas!—falei olhando para o calendário—Passou tão rápido.
Duas semanas era o tempo que faltava para que a mulher da minha vida jurasse amor e fidelidade a outro homem.
Ah se ela ainda me amasse, eu não pensaria duas vezes em jogar tudo pelos ares e ir atrás dela.
De início eu a detestei tanto por esconder Maya de mim, até descobrir que o culpado de tudo isso era um maldito mal entendido.
Se Claire não tivesse ido me visitar  aquele dia em Boston, talvez hoje estivéssemos Amanda, Maya e eu juntos como uma família de verdade, eu seria o homem mais feliz do mundo por estar ainda com o meu primeiro amor e ter uma família com ela, talvez Maya até tivesse irmãos.
Mas não era comigo que ela estava, ela ia se casar com aquele Alex.
Pelo menos eu ainda tinha Maya, sempre que tinha um tempinho livre no dia eu dava um jeito de vê-la, assim aos poucos eu me tornei amigo da minha filha, eu já a pegava na escolinha, e até íamos ao shopping, almoçar ou tomar sorvete juntos, no meu tempo livre ela ficava comigo.
E eu estava adorando ter a companhia dela.
Ela era tão doce e tão inteligente.
E quando ela compartilhava comigo que falava de mim para as amigas dela, eu ficava super feliz.
Mas infelizmente, ser o melhor neurologista do hospital, não me isentava das obrigações, assim, por dias vezes quando eu estava super me divertindo com Maya eu tive que deixá-la com Silvia, para que Amanda ou a babá a pegassem em minha casa, porque eu tinha que voltar as pressas para o hospital para atender algum paciente.
Nessas horas eu odiava ser médico.

Amanda:

Após a última vez que Maya ficou com Lucas ela chegou em casa quietinha.
Lógico que eu me preocupei, ela era sempre alegre e divertida, e do nada ela volta para casa quietinha.
Algo estava errado.
Perguntei a Joana, a babá, ela disse que Maya não havia dito nada a ela, mas eu não aceitaria o silêncio por resposta.
Tomei um banho rápido, vesti o pijama e fui ao quarto dela.
—Já está dormindo querida?—questionei.
—Não!—ela disse apenas.
—Quer que a mamãe leia uma história para você?—perguntei.
Ela balançou a cabeça em negativa, então me aproximei da cama e me sentei ao seu lado e deitei sua cabeça em meu colo.
—Como foi hoje com o papai?—perguntei—Ele é legal?
—É!—ela disse—Eu gosto dele!
—Que bom!—falei acariciando seus cabelos—O quê fizeram hoje?
—Fomos ao Shoppyng junto com a namorada dele!—ela contou sem ânimo—E depois papai foi preparar o jantar para a gente.
—Hum, que legal!—falei.
—Mamãe, posso perguntar uma coisa?—ela questionou.
—Claro meu amor!—falei.
—Tudo bem se eu não gostar da tia Silvia?—ela perguntou—Ou papai vai ficar chateado?
—Não querida!—respondi—Está tudo bem você gostar apenas de quem quiser.
—A tia Silvia é uma bruxa!—ela disse.
—Como assim meu amor?—perguntei preocupada.
—Ela me disse que não gostava de mim!—ela contou—Que eu lembrava você, e que ela não gostava disso, porque eu estava sempre entre papai e ela.
—Ela disse isso?—questionei e Maya balançou a cabeça—Tudo bem querida, ela não gosta de você porque você é linda e ela é feia, não se importe com ela, ok?
—Ok!—ela concordou sorrindo.
Dei um beijo em sua cabeça e a coloquei para dormir, então fui até a sala, peguei o celular e liguei para Lucas.
Ele atendeu no segundo toque.
~Ligação on ~
—Oi, Amanda!—ele disse—Em que posso te ajudar?
—Só vou te dizer uma vez Lucas!—falei irritada—Eu não me importo com quem você namore, more junto ou até se case, mas mantenha essa pessoa longe da minha filha!
—Como?—ele perguntou confuso.
—Essa sua namorada, essa tal Silvia!—falei—Disse a Maya que não gostava dela, se isso voltar a acontecer, eu não respondo por mim, está avisado.
Sem esperar ele responder eu desliguei a chamada.
~Ligação off ~
Depois disso tudo ficou tranquilo por um tempo, até que alguns dias depois cheguei em casa exausta do trabalho e a babá veio falar comigo.
—Sim, Joana?—questionei.
—Senhora, eu sei que não devo me meter em assuntos de família, que não são assuntos meus, mas...
—Vá ao ponto!—pedi.
—Hoje, quando peguei Maya na casa do pai dela ela estava quieta novamente!—ela contou—Eu achei estranho, porque ela é muito alegre.
—Sim.—Eu já estava me preocupando.
—Quando chegamos, eu fui dar banho nela—ela continuou—Haviam marcas avermelhadas e roxas nela.
—Como é que é?—me levantei num salto.
—A madrasta dela estava sozinha com ela, igual a outra vez!—ela disse—Eu não entendo, por que fazer isso com a Maya, ela é uma menina tão boa.
Sim, Maya era uma menina muito boa, e eu estava possessa.
—Joana, fique com Maya até eu voltar!—pedi pegando a chave do carro—Eu não demoro.
Saí de casa batendo a porta.
Peguei o carro na garagem e dirigi tão rápido que quando vi já estava parando no estacionamento do prédio de Lucas.
Eu não estava com raiva, estava espumando.
—Aquela vadia ousou tocar na minha filha!—bati a porta do carro indignada.




Se lembram quem é Claire, certo?

Paixão incontrolavél(incontrolable fond)Onde histórias criam vida. Descubra agora