O rapaz permaneceu no quarto, ficou olhando para a mobília que enfeitava o lugar, era estranho estar ali e não estar limpando ou organizando algo. Respirou fundo, e finalmente deixou seu corpo afundar sobre aqueles lençóis tão macios, fechou o olho e permitiu-se descansar, dormir seria uma boa, mas não tardou muito para a porta ser aberta novamente.
Will mesmo relaxado, sabia que, quando portas são abertas raramente é coisa boa, sem pensar muito encolheu-se sobre a cama, era possível ouvir-lhe choramingar, certamente estava esperando um tapa ou alguma repreensão. A cena fez Diper parar na porta, ele esperou o demônio desenrolar-se de si mesmo antes de tentar acalma-lo:
— Calma Will.. eu só fui pegar comida, também fiz um chá de camomila, desculpa se te acordei.
Disse com uma voz limpa e suave levando a bandeja de pernas até a cama, o demônio ergueu o corpo com certa dificuldade, sentando-se acomodou suas costas na cabeceira da cama e fitou o garoto servir-lhe a mesinha com dois sanduíches naturais e um chá adoçado com mel.
— Prontinho! Ah e um é meu...
O rapaz disse finalmente pegando um dos sanduíches e um guardanapo, o demônio contentou-se em acenar rapidamente com a cabeça e em silêncio começou a comer. Durante todo o tempo em que eles jantaram Will não trocou uma palavra com o rapaz, que em retorno volte e meia o observava devorar o pratinho, pensando em como eles realmente não o alimentavam com frequência, talvez essa seja a razão do porque dele estar comendo tão rápido, então Diper se lembrou de um dia em específico em que Stanford instruiu Will a apenas comer depois que todos da casa já tivessem comido, concluindo-se o motivo do garoto não se recordar de ver o demônio comendo.— Amanhã você ficara por aqui, precisa se recuperar até a festa.
Mason comentou assim que William terminou com o prato, o rapaz com o olho inchado concordou devagar e voltou a cobrir-se com as colchas, ele realmente estava exausto, queria apenas descansar e o garoto atendeu ao pedido, apagou as luzes, trocou de roupa e deitou-se bem ao lado de Will.
Durante a noite a respiração chiada do demônio, mesmo que profunda e calma o deixou acordado por um tempo, estava prestando atenção nele, via e sentia volta e meia Will tremer involuntariamente,e junto com ele o tintilar irrtante das correntes que agora ele voltara a carregar. Perguntava-se se essa inquietação era oriunda dos traumas que ele sofrera ou se era por algum sonho, e se fosse, adoraria saber qual, mesmo que fosse ruim. Era fascinante pensar em qual tipo de sonhos um demônio dos sonhos tinha, será que ele tinha a habilidade de controlar-los? Ou de repente era algo do seu subconsciente? Bem ele não tinha uma resposta clara, mas podia imaginar uma.
Com cuidado o garoto rastejou-se para mais perto, com delicadeza e cuidado ele passou um dos braços em volta do peito de Will, tentando acalmar o nervosismo dele, levantou levemente o torso e o encaixou com esmero nas costas do ser, e sentindo aquela frieza que só o demônio tinha sussurrou:
— Shhh tá tudo bem, eu tô aqui com você... nada mais vai te machucar. Já passou....E continuou a chiar essas palavras até sentir a tensão na pele dele ir embora. Ver-lhe daquela forma o fez sentir um aperto no peito, por mais que todos na casa insistissem que ele não tinha sentimentos, Mason sabia que isso não o tirava o direito de sentir, e no momento estava claro que ele estava sentindo dor. E logo adormeceu no abraço.
Will apenas acordou pela manhã, com o som da porta fechando, abriu o olho num estalo, quase assustado por perder a hora, mas logo tratou-se de deitar novamente uma vez que o seu corpo chorou em meio a sua reação brusca, limitou-se em levantar a cabeça e viu seu novo cárcere: Mason. Com uma toalha de banho e uma pilha de roupas na mão:
— Bom dia Will, espero que tenha dormido bem.
O demônio esfregou o rosto e lutou para se ajeitar na cama, por fim respondeu levantando-se:
— Bom dia, deixa que eu te ajudo com essas coisas.
E capenga tentou tomar-lhe dos braços as roupas, mas o garoto nega e diz:
— Isso, na verdade é pra você, como Stanford me proibiu de te curar, e, como não podemos usar magia em você eu pensei que um banho de banheira ajudaria teu corpo a relaxar, venha eu te ajudo.
E sem esperar uma resposta ele levou as roupas ao banheiro e ligou a torneira da banheira, Will o seguiu devagar, não era preciso olhar-lo para saber que ele estava quente de vergonha.
— De verdade senhor, não precisa...
Protestou sem saber como reagir.
— Calma juro-te que não vou fazer nada, deixa eu te ajudar, por favor Will, ou você prefere ficar machucado assim pra sempre?
Will sentiu como se seu rosto fosse desmontar, novamente, estava em uma situação que ele não tinha escolha sobre, e apesar do garoto já o ter visto despido, aquilo era diferente, bem diferente, sem olhá-lo respondeu:
— Não, eu não gostaria ‐ suspirou - mas posso me banhar sozinho.
Mason apenas o encarou de cima a baixo, sorriu-lhe de canto convencido da mentira:
— Muito bem, tire a roupa então.
— Perdão?
— Vamos, se consegue se banhar consegue se despir.E ele observou com gosto as orelhas pontudas do demônio avermelharem com o comando, ele claramente hesitou por um tempo, mas logo começou a desabotoar a camisa, e o fez sem grandes dificuldades para a surpresa de Mason, talvez, ele estivesse acostumado a dor, mas esse pensamento logo sumiu assim que o viu penando para tirar a camisa dos braços, queria se aproximar, mas perguntou antes:
— Posso te ajudar?
—.....Pode.
Mason sorriu e tirou do bolso da calça a chave das algemas e da gargantilha, e enquanto o desamarrava comentou:
—Acho que se eu retirar elas as coisas vão ficar mais fáceis para nós dois, não?
O rapaz assentiu com a cabeça, por mas que aliviado pela retirada delas, ainda não gostava da ideia, e enquanto o garoto retirava suas algemas ele apenas pensava em sair correndo dali e pedir ajuda à Pacifica, isto é, se ela ainda estivesse pela casa, mas seus pensamentos voltaram ao presente quando sentiu as mãos do garoto puxarem sua camisa, passando pela sua mão e seguida pela outra, o tecido mesmo que leve e retirado com cuidado ainda roçava contra seus hematomas, ele contorceu a cara em dor, e sua reação rapidamente transformou-se em desespero ao sentir as mãos do rapaz chegarem na borda da calça:— Mason espera!
Protestou segurando as mãos do rapaz, que congela o ato:
— Pode deixar que eu mesmo tiro, de verdade....
E sem esperar uma reação do cárcere forçou-se a arriar a calça e tudo junto, seu corpo claramente não gostou da ação brusca e pôs-se à reclamar fazendo ele trancar a respiração em resposta. Diper apesar de preocupado deleitou-se da vista, aquele corpo "galateio" mesmo que manchado de ofensas e marcado pelo tempo era lindo, uma verdadeira obra. Ele juntou as correntes e as colocou de lado, apoiando uma de suas mãos no ombro menos machucado do demônio ele disse num tom brincalhão:
— Hoje, hoje os papéis se invertem Will, hoje eu estou aqui para te servir, e vou começar isso te dando um banho.
///Notas:
Capítulo curto? Sim, mas pelo menos a fic tá atualizada.
O nome desse capítulo é Carnaval pois além de termos acabado de sair dele, em sua origem essa festividade representa a inversão de papéis na sociedade, então eu achei que combinava com o ponto que a história está, até a Próxima!
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Veneno azul - Reverse Falls
FanfictionSeu coração acelerou de modo que era possível sentir a pulsação no fundo da garganta, ofegava, suava, tremia e gemia suplicando por mais. Ao ouvir isso, o garoto sorriu de forma maliciosa. Espalhando beijos, chupões e mordidas ele roçou seus corpos...