Carnaval parte2

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Will tomou a frente, caminhou em passos leves até  sair do banheiro e com gosto virou-se para ver o rapaz arrastar as correntes em sua direção, e de fato, ele estava quase se rastejando no chão, o demônio esperou ele passar da porta antes de decidir intervir.

—Sério, pode tirar elas.

O garoto parou de caminhar e o encarou com dúvida, o demônio riu, reencostou-se no balcão cruzando os braços e rapidamente descruzou-as assim que os machucados de suas costas reclamaram, mas ele deixou a dor de lado e continuou fazendo o máximo para esconder um sorriso:

— Quem está no comando?

Perguntou encarando o garoto, que demorou, mas, eventualmente respondeu:
— Você.
— E se eu mandar você desengatar os grilhões?

— Eu... eu tiraria eles então..
— Isso aí!

Ele até podia mentir, mas estava deleitando-se com a cena, seu olhar pálido observou com gosto o rapaz tentar desengata-los sozinho,  era óbvio que ele não iria conseguir,  esse tipo de coisa é feito pra limitar seu usuário, Will sabia disso melhor do que qualquer um, já tinha perdido a conta de tantas vezes que tentou livrar-se delas, mas elas apenas o enfraqueceram em troca.  A frustração de Mason era evidente, resmungava baixinho enquanto suas mãos tentavam soltar as correntes.

— Deixa que eu tiro elas pra você, vamos usá-las em outro momento.

Enquanto ajudou a retirar as correntes não pode negar um largo sorriso no rosto. Diper ficou pensativo vendo o demônio deixa-lo livre, a última frase lançada cativou-lhe a atenção. porquê ele decidiria coloca-las de volta? Para tentar achar uma resposta começou a pensar nas vezes em que Will era propositadamente preso, e em todas as vezes era um meio de impedi-lo de fugir, isso apenas gerou mais perguntas, Mason precisaria fugir do que exatamente? Isso até o seu sonho o invadir a cabeça mais uma vez, sentiu suas bochechas formigarem, não, Will  não faria nada disso, o demônio mal consegue ficar em pé sozinho, quem diria avançar em cima dele daquele jeito, e a ansiedade por volta desse pensamento foi embora, mas, estranhava seu estômago reclamar com a ideia quase como quem reclama de fome, ou bem, nesse caso,  não ser comido.

— Pronto, agora você pode me ajudar começando a arrumar nossa cama.

Will disse tomando os grilhões e os colocando sobre uma mesa de escritório encostada na parede, em seguida deu a volta e continuou a pegar as colchas e lençóis, mas foi interrompido.
— Não senhor, deixe que eu faço.

Mason protestou tirando as mãos de Will das cobertas, surpreso, o rapaz o deixou prosseguir com a tarefa a sós. O demônio não comentaria, mas bastou ele tentar levantar as mantas para perceber que seus machucados não o permitiriam terminar a tarefa, então silencioso agradeceu e deixou o garoto fazer a própria cama.

Will ordenou o rapaz a fazer mais algumas coisas triviais, olhou-lhe  entrar e sair do quarto frenéticamente conforme seus comandos foi o suficiente para deixar Mason exausto.

— Eu.... Honestamente.... Não tenho ideia de como você aguenta..

Comentou limpando o suor da testa encarando o demônio, que estivera sentado de pernas cruzadas na beira da cama, apoiando as mãos nos próprios joelhos Will respondeu:
— Depois de um tempo você acaba se acostumando... sem falar que as consequências de não fazer geralmente são piores do que só realizar as tarefas em si...

Ele deu uma pausa e logo depois comentou:

— Bem já está perto das 13:00... Você não vai descer para almoçar?

— Eu estava esperando você falar isso, eu posso?

— Claro que pode!

— Okay! Vou pegar um prato pra você também!

E fez ali um breve aceno de cabeça e começou a virar-se para ir até a porta, mas parou ao sentir seu pulso ser pego pela mão de Will, que o segurando no lugar comentou:

— Espere, não pode descer com as argolas nos pulsos, alguem pode notar deixa que eu as tiro.

E com isso Will puxou Mason perigosamente perto, o rapaz deixou um suspiro surpreso escapar-lhe da boca, eles estavam muito perto um do outro, Mason queria derreter-se bem ali, observou com olhos iluminados o demônio desengatar as argolas de um de seus pulsos, sentia seu coração pular uma batida ou outra, seu pensamento corria, e corria ao encontro daqueles lábios pálidos rezando para que eles fossem à sua direção também. Foi só ali que percebeu o quão forte Will estava segurando seu pulso, era uma pegada firme, intencionada, ele só não compreendia o porque dele estar palpitando com o ato, quase que ansiando para isso acontecer mais vezes.

— Me beija...

Ele, por si só, estava perdido demais em seus pensamentos para realizar o que acabara de pedir, um ato falho, um deslize que deixou seu subconsciente maldoso tomar conta de toda a sua racionalidade ,e bem, tomar conta daquele momento em específico. O silêncio do quarto pareceu roubar-lhes décadas depois da frase, talvez, só talvez, Will não tenha escutado a clemência, e até seria melhor assim, Mason não aguentaria a vergonha de admitir que ele tenha se colocado nessa posição só para conseguir um beijo, mesmo sendo capaz de muito mais por menos, O silêncio da sala foi desfeito pelo som do azulado desistindo de tirar-lhe das correntes, seu olhar claro virou o foco dos olhos de Diper, o demônio apertou sutilmente a pegada e mantendo contato visual indagou e um sorriso poderoso suficiente para desmanchar ossos ele disse:

— Como? O que disse?

Veneno azul - Reverse FallsOnde histórias criam vida. Descubra agora