Correntes

1.2K 120 88
                                    

A pergunta da menina fez sua cabeça latejar, os progressos com o William seriam muito mais eficiente se Fiddleford conseguisse desvendar o porque dos últimos amuletos estarem com a magia desequilíbrada, um amuleto estava com muita mais mana concentrada. E ele estava se corroendo por dentro pra saber o porquê, pois certamente o agrado passado não funcionou, se não era a comida, o que poderia ser? Será que era proposital? Uma artimanha talvez? Não, não poderia ser. Enquanto perguntas sem respostas rodavam sua cabeça ele teve uma ideia, nada melhor do que ter os gêmeos ali para o ajudar nessa tarefa, assim ele iria saber qual dos amuletos recebia mais, e o porquê.

- Como andam os progressos você pergunta? - O velho alto abre um sorriso - porque não vê por você mesma?

Os olhos de Mabel se encontraram com os de Mason, os dois sorriram com o olhar e rapidamente  levantaram do sofá, deixando os dois anfitriões os guiarem até uma sala subterrânea, localizada atrás de uma máquina velha de salgados.
  A sala era enorme, vários tubos de ensaio e mesas com as mais diversas coisas se encontravam espalhados ao seu decorrer, porém de todas as coisas, a coisa, digo, a criatura que mais se destacava na cena era o demônio, que estava acorrentado pelos pulsos, pescoço e pés, feito um animal selvagem, as correntes azuis saíam das paredes e teto, deixando ele quase impossibilitado de se mover. Sua cabeça se ergueu para encarar as visitas, seu olhar franziu, e tão rápido quanto subiu ele desceu voltando a encarar o vazio do chão, segurando um triste choro, miou:
- O que desejam de mim, senhores?

A cena fez Mabel sorrir com malícia, e curiosamente, Diper também, porém ambos riam por diferentes motivos, enquanto a menina ria da condição deplorável de submissão do demonio Mason sorria de alívio, pra ele não tinha como aquele ser patético tê-lo dominado do jeito que aconteceu, confirmado novamente que o evento não passava de sonho.

- Não se deixem enganar pelo olhar triste ou pelo sangue - Stanford comentou se aproximando de Will - ele sabe enganar, e engana muito bem... - diz levantando o queixo do acorrentado.- não é mesmo Mertilo ?
Will permanece quieto, apenas desviou o olhar por um tempo, estava triste, mas pareceu ficar mais ainda com as chegada dos gêmeos, a sala pareceu por um momento ficar fria.

Mabel ignorou a fala do tio e se direcionou aos novos Amuletos localizados em cima da mesa, seus olhos dilataram-se ao ver as pedras azuis turquesa, só não pegou uma delas pois Fiddleford segurou seu pulso.
- eles não estão prontos ainda - advertiu sério, a menina logo se afasta da mesa com uma cara emburrada.
  Diper olhava a cena com gosto, já havia aprendido sua lição, não se deixaria levar por impulsos e sentimentos, não mais. E então começou a reparar no demônio, viu o cansaço refletido no seu semblante, notou o sangue seco respingado em sua camiseta maçada, notou os maltratos causados e sentiu seu peito apertar, ao notar a sensação de pena cruzou os braços e fechou a cara, poisé, ele tinha que trabalhar nesse seu lado. Mas os mesmo tempo, não podia deixar de pensar que talvez Stan estivesse certo, talvez, William esteja mesmo o enganando.
  - Muito bem, já viram o que queriam, agora se não se importam, deixem meu laboratório. - Fiddleford conclui, encerrando a excursão.
- Se importa que eu fique mais um pouco? Não irei demorar... - Mason pergunta.
- pode, mas se demorar eu irei vir te buscar... - Mcgucket responde enquanto Stan guiava Mabel para fora da sala.
Quando finalmente se viu a sós na sala, se voltou para o demônio e se agachou, ficando a altura dele, apesar disso a criatura não se moveu.
- Will. -chamou enquanto colocava a mão gentilmente no queixo do mesmo.
   Sentir a mão morna do moreno o trouxe sensações boas, mas se recusou a olha-lo.
- William. -ordenou uma segunda vez, dessa vez ergueu seu queixo, fazendo com que ele o encare, e assim que o fez o deu forte tapa em seu rosto, o demônio surpreso com o ato, solta um grunhido. O garoto se levanta arruma a camisa- não ouse entrar nos meus sonhos de novo, estamos entendidos? - perguntou frio.
- O- oque? - Will gagueja confuso.
- você sabe! - gritou queimando de raiva, se recusava em explicar mais sobre o assunto, e por mais que aparentemente, Will não tenha feito nada, ele ainda não tinha certeza, então preferiu previnir.
- Do que você tá falando? -com uma cara de dor e confusa pergunta.
- Do meu sonho! - Respondeu cuspindo as palavras no demônio.
- O quê?? -Ele aparentava estar completamente confuso.- Ma - mas eu fiquei aqui o tempo todo - protestou mexendo- se de leve fazendo as correntes que carregava tintilar.- E mesmo que quisesse... - voltou o triste olhar para o chão- estou fraco de mais para fazer qualquer coisa...

Vendo o estado deplorável dele, Mason deu uns passos para trás, com um leve olhar de pena se virou e deixou a sala, estava se sentindo meio mal por ter acusado William daquela forma, era óbvio que ele não conseguiria fazer aquilo, estava preso dos pés ao pescoço, não tinha como ele ter feito algo. Deixou a sala com um ar pesado, pensativo.

   Ao se ver sozinho, a criatura sorriu deixando a mostra dentes afiados, riu baixinho e deu uma boa olhada na porta:

- Eu sei que você gostou - disse com um leve riso malicioso- não adianta negar Mason.....




NOTAS:
Olá! Desculpa a demora para atualizar, como venho falado é difícil achar motivação pra continuar escrevendo, mas vocês mudaram isso, e continuam a mudar. Obrigada

Veneno azul - Reverse FallsOnde histórias criam vida. Descubra agora