Punição e cura

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Passos rápidos de um sapato  bordado caro ecoavam pelos corredores, junto dele era possível ouvir o cintilar irritante de correntes e uma respiração cansada e trêmula.
Sem paciência e de maneira bruta o homem puxava  a coleira, arrastando Will até seu escritório, este o seguia com tremenda dificuldade, ia cambaleando e se segurando pelos móveis da casa a cada puxada recebida.

-Stanford por favor, pare! - implorou segurando a corrente de seu pescoço com a mão tentando parar, seu olhar começou a arder e poucos segundos depois se colocava a chorar implorando-o de maneira dessesperada.

O velho apenas para na entrada da cozinha e lança olhares para os dois irmãos que estavam ali. Ao notarem o tio-avo os dois logo arrumam a postura, e lançam olhares preocupados um ao outro. Stanford olha para os dois com desgosto, em seguida puxa as correntes de William com força fazendo o mesmo cair de joelhos no chão da cozinha, deixando amostra as costas chicoteada e ensanguentada do demônio. Mabel ao ver a cena não consegue esconder um sorriso sádico e doente, porém Diper não esboçou reação, mas por dentro sentiu um tremendo incômodo.

- Eu realmente não estava entendendo o motivo do seu último show ter sido um completo fracasso,isso sem mencionar o enorme prejuízo que me causaram... - o velho deu uma pausa antes de prosseguir com o sermão- vocês pararam de ensaiar, e quando ensaiam só brigam, vocês estão se tornando uma completa perda do meu tempo! Que passa com vocês??? - Gritou afundando as unhas na palma da mão, mas tão rápido quanto sua raiva veio ela se esvaiu, voltou a ter sua postura elegante e sorriu de canto - ainda bem que nosso caro amigo William nunca falha comigo....- comentou enquanto apoiava o pé nas costas flageladas do rapaz, que não conseguiu esconder um gemido fraco de dor.

Em seguida o velho se vira para Mabel com um olhar petrificante de raiva- Mabel Gleeful... -disse seu nome entre os dentes enquanto se aproximou da menina.

Sua presença exalava autoridade, uma autoridade assustadora, sem um aviso prévio ele dá um tapa forte no rosto da menina, que grita de forma escandalosa, parece estar completamente surpresa com o ato, não só ela, mas como todos da sala. - um Gleeful somente mata quando extremamente necessário....

  Com a mão em seu próprio rosto e olhos azuis transbordando em lágrimas raivosas, ela apenas se vira para revidar o tapa com a mão envolvida em um Áurea azul. No momento em que a magia é invocada é possível ver Will contorcer-se em dor, seu corpo exala uma mana de cor branca azulada fraca, enquanto ele solta um grito quase inexistente implorando para  que paracem.
 
   A mão da garota é apanhada no ar, no momento em que a magia é dessepadada é possível ouvir um barulho de vidro trincando. Mabel arregala os olhos em puro horror, não só pelo barulho mas sim pelo fato de Stan estar segurando seu pulso de maneira forte, logo ele segura o antebraço esquerdo da menina e a conduz para fora da cozinha.
  
- Eu e você. na minha sala. Agora. -ordenou.

Enquanto Stan levava Mabel para seu escritório é possível ver o amuleto dela, agora trincado, cair no chão e se desmantelar em vários cacos. No momento que a pedra preciosa é quebrada percebe-se uma magia de cor branca ser liberada dela, magia que encontra seu caminho de volta a Will, que dessesperadamente recupera o fôlego e apaga.

...............

Sentiu seu corpo frágil ser cuidadosamente carregado e colocado em um tecido extremamente aveludado, a sensação era tão boa e tão fora do que estava acostumado que pensou ter morrido. Sentiu sua camisa ser carinhosamente desabotoada e retirada. Abriu lentamente o olho o deixando semicerrado, não reconheceu onde estava, aquele lugar era bem diferente do quarto onde era mantido, mas mesmo assim tinha algo de familiar nele.

Foi tentar se levantar mas duas coisas o impediram, a primeira foi a dor aguda que sentia nas costas e a outra era as correntes de seu pulso que agora estavam amarradas ao pé da cama. Virou a cabeça de um lado para o outro tentando achar alguém, mas seu campo de visão já era limitado, e estar amarrado e deitado de bruço não auxiliava na tarefa.

    Enquanto Will se contorcia de maneira fraca tentando se localizar, Diper estava na diagonal da cama de seu quarto, bem no ponto cego do demônio. O garoto trazia consigo água, sal e um pano úmido para colocar nos ferimentos de seu servo.

Claro que se ele quisesse poderia pegar o seu jornal e conjurar uma magia de cura, mas no momento que desabotoou a camisa do azul, sabia que não poderia perder a oportunidade de colocar suas mãos naquele belo corpo pálido, um corpo tão inocente e tão atraente, marcado e manchado por egoísmo e abusos, egoísmos e abusos que Mason desejava ser só dele, mas já que aquele ser não poderia ser exclusivamente seu, ele iria curar os abusos alheios para deixar os próprios no lugar.

Veneno azul - Reverse FallsOnde histórias criam vida. Descubra agora